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cap. 6 ao 8

6. Histórias Assustadoras.

Eu sentei no meu quarto, tentando me concentrar no terceiro capítulo de Macbeth, eu estava tentando ouvir quando meu carro chagasse. Eu pensei que mesmo com a chuva torrencial, eu poderia ouvir o ronco do motor. Mas quando eu dei uma olhadinha pela cortina- de novo- ele estava lá.
Eu não estava muito ansiosa pelo Sexta-feira, e as minhas expectativas foram mais que atendidas. É claro que houveram alguns comentários. Especialmente Jéssica que parecia já estar totalmente atualizada com a história. Por sorte, Mike ficou calado e ninguém soube do envolvimento de Edward na história. Jéssica, no entanto, tinha algumas perguntas pra fazer na hora do almoço.
"Então o que Edward Cullen queria ontem na hora do almoço?", Jéssica perguntou na aula de Trigonometria.
"Eu não sei", eu disse sinceramente. "Ele não chegou ao ponto".
"Você parecia um pouco aborrecida", ela pescou.
"Eu?",minha expressão não dizia nada.
"Sabe, eu nunca tinha visto ele sentar com ninguém além da sua família antes. Aquilo foi estranho".
"Estranho", eu concordei. Ela pareceu nervosa, ela balançava seus cachos pretos impacientemente- eu imaginei que ela estava esperando por uma boa fofoca pra passar por aí.
A pior parte da sexta-feira foi que, apesar de saber que ele não estaria lá, eu ainda esperava que ele estivesse. Quando eu entrei na cafeteria com Jéssica e Mike, eu não conseguí deixar de olhar para a mesa dele, onde Rosalie, Alice e, Jasper estavam conversando, com as cabeças próximas umas das outras. Eu não conseguí evitar a escuridão que me envolveu quando eu me dei conta de que não sabia quando voltaria a vê-lo.
Na minha mesa de sempre, todos estavam cheios de planos para o dia seguinte. Mike estava animado de novo, depositando muita confiança no homem do tempo que havia prometido sol amanhã. Eu acho que já ouví isso antes. Hoje estava mais morno- quase 15 graus. Talvez a excursão não fosse um desastre total.

Eu interceptei algumas olhadas pouco amigáveis de Lauren no almoço, e eu não entendí até que todos nós fomos andando juntos para a sala.

Eu estava bem atrás dela, a um passo do seu cabelo liso, louro cinzento, e ela estava claramente inconsciente disso.

"...Não sei porque Bella"- ela zombou com o meu nome- "não se senta com os Cullen de agora em diante".

Eu ouví ela cochichando com Mike. Eu nunca havia percebido que voz chata, nasal, ela tinha, e eu estava surpresa com a malícia que havia nela. Eu nem seguer conhecia ela direito, certamente não bem o suficiente pra ela não gostar de mim- pelo menos eu achava. "Ela é minha amiga; ela se senta conosco", Mike disse lealmente, mas também demarcando um pouco de território.

Eu parei pra deixar Jess e Angela me passarem. Eu não queria ouvir mais nada.

Naquela noite no jantar, Charlie pareceu entusiasmado com a minha viagem á La Push na manhã seguinte. Eu acho que ele se sentia culpado por me deixar sozinha nos fins de semana, mas ele passou anos demais construindo os seus hábitos pra quebrá-los agora. É claro que ele já sabia o nome de todas as pessoas que iam, e os dos pais deles, e os dos avós deles também, provavelmente. Ele parecia aprovar. Eu me perguntei se ele aprovaria o meu plano de ir á Seattle com Edward Cullen. Não que eu fosse dizer isso pra ele.

"Pai, você conhece algum lugar chamado Pedra da Cabra ou alguma coisa assim? Eu acho que é a sul da montanha Rainier", eu perguntei casualmente.

"Sim- porque?"

Eu levantei os ombros. "Alguns garotos estão falando de ir acampar lá".

"Não é um lugar muito bom pra acampar". Ele pareceu surpreso. "Ursos demais. Algumas pessoas vão lá na temporada de caça."

"Oh", eu murmurei. "Talvez eu tenha ouvido o nome errado".

Eu tentei dormir, mas uma estranha claridade amarela me acordou. Eu abrí os meus olhos pra ver uma clara luz amarela entrando pela minha janela. Eu não podia acreditar. Eu corrí para a janela pra me certificar, e lá estava ele, o sol.

Ele estava mal posicionado no céu, baixo demais, e não demonstrava estar tão próximo quanto deveria, mas definitivamente era o sol. As nuvens inundavam o horizonte, mas uma grande mancha azul estava visível bem no meio. Eu fiquei grudada na janela o máximo de tempo que pude, com medo de que se eu fosse embora o azul desaparecesse.

A Loja de Equipamentos Atléticos dos Newton era á Norte da cidade. Eu já havia vistoa loja, mas nunca havia parado lá antes - eu nunca precisei dos suplementos requeridos pra ficar muito tempo fora de casa. No estacionamento, eu reconhecí o Suburban de Mike e o Sentra de Tyler. Enquanto eu estacionava próximo ao carro deles, eu ví o grupo em pé na frente do Suburban. Eric estava lá, junto de outros garotos que tinham aula comigo; eu tinha quase certeza que eles se chamavam Ben e Conner. Jess estava lá, acompanhada de Angela e Lauren. Três outras garotas estavam com elas, incluindo uma garota que eu derrubei na aula de Educação física. Essa garota me deu uma olhada feia e cochichou alguma coisa para Lauren. Lauren balançou seu cabelo louro e me deu uma olhada de nojo.

Ia ser um dia daqueles.

Pelo menos Mike estava feliz em me ver.

"Você veio!", ele disse, encantado. "E eu disse que ia fazer sol, não disse?"

"Eu disse que viria", eu lembrei a ele.

"Só estamos esperando Lee e Samantha...a não ser que você tenha convidado mais alguém",ele disse.

"Não", eu disse levemente, rezando pra não ser pega na mentira. Mas ao mesmo tempo, esperando que um milagre acontecesse, e Edward aparecesse.

Mike pareceu satisfeito.

"Você vai no meu carro? É isso ou a minivan da mãe do Lee".

"Claro".

Ele sorriu cheio de alegria. Deixar Mike feliz é tão fácil.

"Você pode ir na janela",ele prometeu. Eu escondí a minha tristeza.

Não era tão fácil deixar Mike e Jéssica felizes ao mesmo tempo. Eu podia ver Jéssica nos observando agora.

Apesar disso, os números estavam ao meu favor. Lee trouxe mais duas pessoa, e de repente, todos os lugares foram ocupados.

Eu consegui enfiar Jéssica entre Mike e eu no banco da frente do Suburban. Mike podia ter sido mais educado me relação a isso, mas pelo menos Jéssica pareceu satisfeita.

Eram só vinte e cinco quilômetros de Forks á La Push, com suas lindas, florestas verdes e densas na beira da maioria das estradas no caminho ao grande Rio Quillayute. Eu estava feliz por ter ficado com o ascento da janela. Tinhamos baixado as janelas - o Suburban ficou um pouco claustrofóbico com nove pessoas dentro dele- e eu tentei absorver todos os raios de sol que pude.

Eu já tinha ido nas praias de La Push durante os meus verões em Forks com Charlie, então os primeiros quilômetros de praia eram familiares pra mim. Ainda era de tirar o fôlego. A água era de um cinza-escuro, mesmo no sol, e haviam encostas de pedra, de um cinza pesado. As ilhas apareciam nas águas do porto rodeadas por recifes de corais, alcançando ápices desiguais, e coroadas com coqueiros que flutuavam com a brisa. A praia própriamente dita, só tinha uma fina faixa de areia perto da água, atrás das águas apareciam milhares de pedras grandes e com aparencia suave que pareciam uniformemente cinza de longe, mas olhando de perto elas eram de todas as cores que uma pedra poderia ser: terracota, verde-mar, lavanda, azul cinzento, dourado-areia. A pequena encosta estava lotada com grandes árvores, descoloridas numa cor branca de osso, por causa das ondas do mar, algumas muito próximas umas das outras contra os limites da floresta, outras sozinhas, fora do alcance das ondas.

Havia um vento fresco vindo das ondas, fresco e revigorante. Pelicanos flutuavam sobre as ondas enquanto gaivotas e uma águia solitária voavam acima deles. As nuvens ainda circulavam o céu, ameaçando invadir a qualquer momento, mas por enquanto, o sol brilhava bravamente no céu azul.

Nós descemos para a praia, Mike nos guiando para um círculo feito com troncos de árvores que obviamente já havia sido usado para festas como a nossa antes. Já havia uma fogueira preparada, cheia de cinzas pretas.

Eric e o garoto que eu achava que se chamava Ben começaram a recolher galhos dos salgueiros mais secos perto da floresta, e logo eles haviam construído uma cabaninha com galhos no topo da velha fogueira.

"Você já viu uma fogueira construída com galhos de salgueiro?" Mike me perguntou. Eu estava sentada num dos troncos descoloridos; as outras garotas reunidas, fofocando excitadamente, nos meus dois lados. Mike ficou de joelhos perto da fogueira, acendendo um dos galhos com um isqueiro.

"Não", eu respondí enquanto ele colocava o galho de volta na fogueira.

"Então você vai gostar disso aqui- observe as cores". Ele acendeu oputro galho e colocou junto com o primeiro. As chamas começaram a avançar rapidamente nos galhos secos.

"É azul", eu disse surpresa.

"É por causa do sal. É bonito, não é?" Ele acendeu mais um pedaço e colocou onde as chamas ainda não haviam alcançado, e veio sentar ao meu lado. Felizmente, Jess estava no outro lado dele. Ela virou e começou a reclamar sua atenção. Eu observei as estranhas chamas azuis e verdes crescerem em direção ao céu.

Depois de meia hora de bate-papo, alguns garotos quiseram ir caminhar perto das piscinas naturais. Era um dilema. Por um lado, eu amava as piscinas naturais. Elas haviam me fascinado quando eu era criança; elas eram uma das poucas coisas que me faziam querer voltar á Forks. Por outro lado, eu tinha caído muito nelas. Nada demais quando se tem sete anos e se está com o seu pai. Isso me lembrou do pedido de Edward - não caia no mar.

Foi Lauren que decidiu por mim. Ela não quis ir, e ela definitivamente estava usando os sapatos errados pra esse tipo de coisa. A maioria das garotas além de Jéssica e Angela também quiseram ficar. Eu esperei até Tyler dizer que ficaria com elas antes de me juntar silenciosamente ao grupo pró-caminhada. Mike me deu um sorriso gigantesco quando viu que eu estava vindo.

A caminhada não foi muito longa, apesar de eu ter odiado não poder ver o céu de dentro do bosque.

O verde claro da floresta ficava estranho com as risadas dos adolescentes, muito altas e alegres para se harmonizarem com os painéis verdes ao meu redor. Eu tinha que observar cuidadosamente cada passo que eu dava, evitando as pedras abaixo e os troncos acima, e logo eu acabei ficando pra trás. Eventualmente eu saí dos confins verdes da floresta e encontrei a encontra de pedras de novo.

A maré estava baixa, e um pequeno riozinho passava por nós indo a caminho do mar. Perto dos pedregulhos, haviam pequenas piscinas que nunca estavam completamente secas por causa da água despejada do oceano.

Eu fui muito cuidadosa pra não me inclinar demais nos tanques de água do mar. Os outros não tinham medo, se inclinando nas rochas, brincando nas beiradas. Eu encontrei uma pedra que parecia muito estável perto de uma das piscinas maiores e me sentei lá cuidadosamente, encantada com o aquário natural abaixo de mim. Os buquês de anêmonas brilhantes balançavam sem parar na corrente invisível, conchas tortas apareciam nas beiras, escondendo os caranguejos dentro delas, estrelas do mar ficavam imóveis sobre as pedras e umas sobre as outras, enquanto uma pequena enguia preta com listras brancas nadava contra as ervas daninhas para voltar para o mar.

Eu estava completamente absorvida,exceto por uma pequena parte do meu cérebro que imaginava onde Edward estaria agora, e o que ele estaria me dizendo se estivesse aqui comigo.

Finalmente os rapazes ficaram com fome, e eu fiquei de pé para acompanhá-los de volta. Eu tentei acompanhá-los melhor dessa vez por dentro da floresta, então naturalmente eu caí algumas vezes. Eu arranjei uns arranhões artificiais nas minhas mãos, e os joelhos dos meus jeans estavam manchados de verde, mas podia ser pior.

Quando nós voltamos para a praia, o grupo que deixamos havia se multiplicado. Enquanto nos aproximávamos, podíamos ver os cabelos brilhantes, muito pretos e a pele cor de cobre dos nossos visitantes, adolescentes das reservas próximas que vieram se socializar.

A comida já estava sendo passada, e os garotos correram para pegar as suas partes enquanto Eric nos apresentava a cada um no círculo de troncos. Angela e eu fomos as últimas a chegar, e, enquanto Eric falava nossos nomes, eu reparei num garoto mais jovem sentado numa das pedras perto da fogueira olhando pra mim cheio de interesse. Eu sentei perto de Angela, e Mike nos trouxe sanduíches e uma rodada de refrigerante para aqueles que pediram, enquanto o garoto que parecia ser o mais velho do grupo foi dizendo os nomes dos outros sete que estavam com ele. Eu só lembrei o de uma das garotas que também se chamava Jéssica, e o garoto que reparou em mim que se chamava Jacob.

Era relaxante estar com Angela; ela era o tipo de pessoa que fazia você se sentir bem- ela não precisava preencher o silêncio com conversinhas. Ela me deixou livre pra pensar enquanto nós comiamos. E eu estava pensando em como o tempo passava desconjuntadamente em Forks, passando num sopro as vezes, com algumas imagens claramente se destacando de outras. E então, outras vezes, cada segundo era significante, gravando na minha memória. Eu sabia exatamente o que causava a diferença, e isso me perturbava.

Durante o almoço as nuvens começaram a avançar, se esquivando no céu azul, ficando momentaneamente na frente do sol, formando longas sombras na praia, e escurecendo as ondas.

Enquanto terminavam de comer, as pessoas começaram a formar grupos de duas e de três pessoas. Algumas caminharam até as ondas, tentando subir nas pedras de superfície cortante. Outros estavam formando uma segunda excursão ás piscinas. Mike - com Jéssica na cola dele- foi até uma loja na vila. Alguns dos garotos da localidade foram com eles; outros se juntaram á caminhada. Quando todos eles sumiram, eu estava sentada sozinha no meu tronco, Luren e Tyler estavam se ocupando com um som que alguém havia pensado em trazer, e três garotos das reservas se juntaram ao círculo, incluindo aquele garoto chamado Jacob e o garoto mais velho que havia servido de apresentador.

Alguns minutos depois que Angela foi embora com os excursionistas, Jacob se aproximou para tomar o lugar dela á meu lado. Ele parecia ter catorze, talvez quinze, e tinha um cabelo longo, brilhante amarrado atrás da cabeça com um elástico de borracha perto da nuca. A pele dele era linda, sedosa e com uma cor saudável; seus olhos eram escuros, bem posicionados no alto das maçãs bem feitas do seu rosto. Ele tinha só um pouco de infantilidade que havia permanecido no seu queixo. No geral, um rosto bonito. No entanto, minha boa impressão em relação a aparência dele foi apagada pelas primeiras palavras que sairam da boca dele.

"Você é Isabella Swan, não é?"

Era que nem o primeiro dia de aula.

"Bella", eu suspirei.

"Eu sou Jacob Black", ele me deu a mão num gesto amigável. "Você comprou a caminhonete do meu pai"

"Oh", eu disse, aliviada, balançando sua mão macia e brilhante. "Você é o filho de Billy; eu devia me lembrar de você."

"Não, eu sou o mais novo da família- você deve lembrar das minhas irmãs mais velhas"

"Rachel e Rebecca", eu lembrei de repente. Charlie e Billy haviam nos jogado juntas durante muitas das minhas visitas, pra nos mantermos ocupadas enquanto eles pescavam. Eramos todas muito tímidas pra fazer algum progresso como amigas. É claro que eu já tinha tido excessos de raiva suficientes pra acabar com as pescarias quando eu tinha onze anos.

"Elas estão aqui?", eu examinei as garotas na beira do mar, imaginando se conseguia reconhecer alguma delas agora.

"Não", Jacob balançou a cabeça. "Rachel recebeu uma bolsa de estudos no estado de Washington, e Rebecca casou com um surfista de Samoa- agora ela vive no Havaí".

"Casada. Uau". Eu estava aturdida. As gêmeas eram mais velhas que eu pouco mais de um ano.

"Então você gosta da caminhonete?",ele perguntou.

"Eu adoro. Trabalha muito bem."

"É, mas é muito lenta", ele sorriu. "Eu fiquei muito aliviado quando Charlie comprou ela. Meu pai não me deixaria trabalhar em construir outro carro quando tínhamos outro carro perfeitamente bom lá."

"Não é tão lenta", eu argumentei.

"Você já tentou passar de 80?"

"Não", eu admití.

"Bom. Não tente." ele riu.

Eu não pude deixar de rir também. "Ela se sai muito bem em colisões", eu saí em defesa do meu carro.

"Eu acho que um tanque não poderia destruir aquele monstro velho", ele concordou com outra risada.

"Então você constrói carros?", eu perguntei impressionada.

"Quando eu tenho tempo livre, e partes. Você não saberia como eu posso pôr as mãos num cilíndro mestre para um Volkswagen Rabbit 1986, saberia?", ele disse brincando. Ele tinha uma vóz rouca, prazerosa.

"Desculpa", eu sorrí. "Eu não tenho visto nenhum ultimamente, mas eu vou manter meus olhos abertos pra você", como se eu soubesse o que é isso. Era muito fácil conversar com ele.

Ele me mostrou um sorriso brilhante, olhando pra mim de um jeito apreciativo que eu estava começando a reconhecer. Eu não fui a única a reparar.

"Você já conhece Bella, Jacob?", Lauren perguntou- num tom que me pareceu insolente - do outro lado da fogueira.

"Nós meio que nos conhecemos desde que eu nascí", ele sorriu olhando pra mim de novo.

"Que legal", ela não pareceu achar nem um pouco legal, e seus olhos pálidos, puxados, reviraram.

"Bella", ela me chamou novamente, observando meu rosto cuidadosamente. "Eu acabei de falar com Tyler que era uma pena que nenhum dos Cullen possa ter vindo hoje. Ninguém pensou em convidá-los?" A expressão de preocupação dela não era convincente.

"Você quer dizer a família do doutor Carlisle Cullen?" o garoto alto,mais velho respondeu antes que eu tivesse a chance, para irritação de Lauren. Ele estava mais pra homem que pra garoto e sua voz era muito grossa.

"Sim, você conhece eles?", ela perguntou sem querer, se virando um pouco na direção dele.

"Os Cullen não vem aqui", ele perguntou num tom que fechou o assunto, ignorando a pergunta dela.

Tyler, tentando ganhar a atenção dela de volta, perguntou a Lauren a sua opinião sobre um CD que ele segurava. Ela estava distraída.

Eu olhei para o garoto com a voz grossa, com um pé atrás, mas ele já estava olhando para a floresta atrás de nós. Ele tinha dito que os Cullen não viriam aqui; mas o tom dele implicava algo mais- que eles não eram permitidos de vir; que eles eram proibidos.

Seus modos deixaram uma má impressão em mim, e eu tentei ignorar isso sem sucesso.

Jacob atrapalhou minha meditação. "Então, Forks já está te levando á loucura?"

"Oh, eu diria que isso é uma confidência", eu sorrí. Ele sorriu compreendendo.

Eu ainda estava pensando no breve comentário sobre os Cullen, e eu tive uma inspiração repentina. Era um plano estúpido, mas eu não tive nenhuma idéia melhor. Eu rezei pra que o jovem Jacob não tivesse muita experiência com as garotas, assim ele não veria além da minha falsa máscara de interesse.

"Você quer caminhar pela praia comigo?" eu perguntei, tentando imitar aquela olhada que Edward dava por debaixo dos cílios. Eu não poderia ter o mesmo efeito nem de perto, eu tinha certeza, mas Jacob me pareceu interessado o suficiente.

Enquanto andávamos para o norte pelas pedras multicoloridas na direção dos salgueiros, as nuvens finalmente fecharam o céu, fazendo o mar ficar escuro e a temperatura baixar. Eu enfiei as minhas mãos bem no findo dos bolsos da minha jaqueta.

"Então, você tem quantos? Dezesseis?", eu perguntei, tentando não parecer uma idiota enquanto flutuava os meus cílios do jeito que eu via as garotas fazendo na TV.

"Eu acabei de fazer quinze", ele admitiu, lisonjeado.

"Mesmo?", meu rosto estava cheio de falsa surpresa. "Eu pensei que você fosse mais velho"

"Eu sou alto pra minha idade", ele explicou.

"Você vem muito á Forks?", eu perguntei arfando, como se eu esperasse que a resposta fosse sim. Eu soei idiota até pra mim mesma. Eu temia que ele se virasse contra mim com nojo, me acusando de fraude, mas ele ainda parecia estar lisonjeado.

"Não muito", ele admitiu com uma careta.

"Mas quando meu carro estiver pronto eu posso vir quantas vezes eu quiser- quando eu tiver minha carteira de motorista", ele emendou.

"Quem era o outro garoto falando com Lauren? Ele pareceu um pouco velho pra estar andando com a gente", eu propositadamente me coloquei no grupo dos jovens pra demostrar que eu preferia Jacob.

"Aquele é Sam- ele tem dezenove", ele me informou.

"O que era que ele estava falando sobre a família do doutor?", eu perguntei inocentemente.

"Os Cullen? Oh, eles não podem entrar na reserva." Ele olhou pra longe, na direção da Ilha James, enquanto ele confirmava o que eu pensava ter ouvido na voz de Sam.

"Por que não?"

Ele olhou de volta pra mim, mordendo o lábio. "Oops. Eu não devia estar falando nada sobre isso."

"Oh, eu não vou contar pra ninguém, eu só estou curiosa". Eu tentei deixar meu sorriso atraente, imaginando se eu estava indo longe demais.

Ele sorriu de volta, entretanto, parecendo atraido. Então ele levantou uma das sombrancelhas e sua voz ficou ainda mais rouca que antes.

"Você gosta de histórias assustadoras?", ele perguntou obscuramente.

"Eu adoro". Eu fiz um esforço pra parecer interessada.

Jacob caminhou para essa árvore próxima que tinha uns galhos que pareciam com patas de aranhas enormes. Ele se inclinou num dos galhos tortos enquanto eu sentava embaixo dele, no tronco da árvore. Ele olhou para as rochas, um sorriso começando a aparecer nos cantos dos seus lábios grossos. Eu podia ver que ele tentava deixar a história interessante. Eu tentei não deixar o interesse vital que eu sentia aparecer nos meus olhos.

"Você conhece alguma das nossas antigas histórias, sobre de onde viemos- os Quileutes, eu digo?", ele começou.

"Na verdade não", eu admití

"Bom, existem muitas lendas, algumas delas datam da época do Dilúvio- supostamente, alguns dos nossos ancestrais Quileutes amarraram suas canoas nos topos das árvores mais altas da montanha pra se salvarem, como Noé fez com a Arca", ele sorriu pra mostrar o pouco crédito que ele dava a essas histórias.

"Outra lenda diz que nós somos descendentes dos lobos- e que os lobos ainda são nossos irmãos. É contra a lei tribal matar eles

"Então tem as lendas sobre Os Frios". A voz dele ficou um pouco mais baixa

"Os Frios?", agora eu não estava fingindo minha intriga.

"Sim. Existem lendas sobre os frios como existem sobre os lobos, e algumas delas são muito mais recentes. De acordo com a lenda, o meu próprio tataravô conhecia alguns deles. Foi ele quem criou o tratado que os mantêm fora das nossas terras." Ele revirou os olhos.

"Seu tataravô?", eu encoragei.

"Ele era um líder tribal, como meu pai. Sabe, os frios são os inimígos naturais dos lobos- bem, não do lobo, mas os lobos que se transformam em homens, como os nossos ancestrais. Você os chamaria de lobisomens".

"Lobisomens têm inimigos?"

"Só um".

Eu olhei pra ele ansiosamente, tentando fazer a minha impaciência se transformar em admiração.

"Entenda", Jacob continuou. " Os frios são tradicionalmente nossos inimigos. Mas esse grupo que veio para o nosso território na época do meu tataravô era diferente. Eles não caçavam do jeito que os outros caçavam- eles não representavam perigo para a nossa tribo. Então meu tataravô fez um trato com eles. Se eles prometessem ficar longe das nossas terras, nós não iriamos expor eles para os cara-pálida". Ele piscou pra mim.

"Se eles não eram perigosos, então porque...?", eu tentei entender, lutando pra não deixá-lo perceber o quanto eu estava levando essa história a sério.

"É sempre um risco para os humanos ficar perto dosfrios, mesmo se eles forem civilizados como esse clã era. Nunca se sabe quando eles podem estar com fome demais pra resistir". Ele deliberadamente colocou um tom de ameaça na voz dele.

"O que você quer dizer com 'civilizados'?"

"Eles diziam que não caçavam humanos. Ao invés disso, eles supostamente eram capazes de se alimentar de animais".

Eu tentei manter minha voz casual.

"Então o que eles tinham a ver com os Cullen? Eles são parecidos com os frios que seu avô conheceu?".

"Não", ele parou dramaticamente. "Eles são os mesmos".

Ele deve ter pensado que a expressão no meu rosto era medo inspirado pela história. Ele sorriu, satisfeito, e continuou.

"Tem mais deles agora, uma nova fêmea e um novo macho, mas os outros são os mesmos. Na época do meu tataravõ eles já conheciam o líder, Carlisle. Ele esteve aqui e foi embora antes que o seu povo chegasse", ele estava lutando pra não sorrir.

"E o que eles são?", eu finalmente perguntei. " O que são os frios?"

Ele sorriu obscuramente.

"Bebedores de sangue", ele respondeu com uma voz arrepiante. "Vocês chamam eles de Vampiros."

Eu olhei para as ondas depois que ele disse isso, sem ter certeza do que o meu rosto estava demonstrando.

"Você ficou arrepiada", ele disse deliciado.

"Você é um bom contador de histórias", eu cumprimentei ele, ainda olhando para as ondas.

"Uma história bem louca, não é? Não é de se admirar que o meu pai não quer que a gente fale disso pra ninguém"

Eu ainda não conseguia controlar a minha expressão o suficiente pra olhar pra ele. "Não se preocupe, eu não vou espalhar".

"Eu acho que acabei de violar o acordo", ele sorriu.

"Eu vou levar isso pro meu túmulo", eu prometí, e então estremecí.

"Sério, mesmo, não diga nada pro Charlie. Ele já ficou bem bravo com o meu pai depois que descobriu que ninguém estava indo ao hospital desde que o Dr. Cullen começou a trabalhar lá".

"Eu não vou contar, claro que não."

"Então você acha que somos um bando de nativos supersticiosos ou o que?", ele perguntou em tom de brincadeira,mas com uma ponta de preocupação. Eu ainda não tinha tirado os olhos do oceano. Eu me virei pra ele e sorrí tão naturalmente quanto pude.

"Não. Apesar disso, eu acho que você é um bom contador de histórias. Eu ainda estou arrepiada, viu?", eu levantei meu braço.

"Legal", ele sorriu.

Então o barulho das pedras batendo umas contra as outras nos alertou de que alguém estava vindo. Nossas cabeças levantaram ao mesmo tempo pra ver Mike e Jéssica á cinquenta metros de nós e vindo na nossa direção.

"Aí estava você, Bella", Mike disse aliviado, balançando seu braço sobre a cabeça.

"Esse é o seu namorado?" Jacob perguntou, alertado pelo tom de ciúmes na voz de Mike. Eu estava surpresa que fosse tão óbvio.

"Não, definitivamente não." Eu cochichei. Eu estava tremendamente agradecida a Jacob, e ansiosa pra deixó-lo tão feliz quanto fosse possível. Eu pisquei pra ele, me virando de costas pra Mike quando fiz isso. Ele sorriu, estimulado pelo meu flerte.

"Então quando eu conseguir a minha carteira de motorista...", ele começou.

"Vocêdevia vir me visitar em Forks. Nós podemos sair uma hora dessas". Eu me sentí culpada quando disse isso, sabendo que eu estava usando ele. Mas eu realmente gostei de Jacob. Ele era alguém que podia facilmente ser meu amigo.

Mike nos alcançou agora, com Jéssica alguns passos atrás. Eu podia ver seus olhos avaliando Jacob, e parecendo satisfeito pela sua óbvia juventude.

"Onde você esteve?", ele perguntou, apesar da resposta estar bem na frente dele.

"Jacob estava apenas me contando umas histórias locais", eu respondí. "Foi muito interessante".

Eu sorri calidamente pra Jacob e ele sorriu abertamente de volta.

"Bem", Mike parou, cuidadosamente avaliando a situação enquanto observava a nossa camaradagem. "Já estamos indo embora- parece que vai chover logo".

Todos nós olhamos para o céu. Certamente parecia que ia chover".

"Ok" ,e eu levantei num pulo. "Eu estou indo."

"Foi bom te ver de novo", Jacob disse, e eu podia ver que Mike pareceu um pouco insultado.

"Foi mesmo. Da próxima vez que Charlie for visitar Billy, eu vou junto", eu prometí.

O sorriso cresceu no seu rosto. "Isso seria legal".

"E obrigada", eu disse sinceramente.

Eu levantei o meu capuz enquanto andávamos pelas rochas em direção ao estacionamento.

Algumas gotas já começavam a cair, fazendo pequenas manchas nas rochas onde elas caiam. Quando chegamos ao Suburban os outros já estavam lotando todos os espaços atrás. Eu me enfiei no banco de trás com Angela e Tyler, anunciando que eu tinha tido a minha chance de ir na janela. Angela só olhou pela janela para a tempestade que se formava, e Lauren se entortou no banco pra ganhar toda a atenção de Tyler, então eu pude simplesmente encostar minha cabeça na banco e fechar os meus olhos e fazer o máximo pra não pensar.

 

7. Pesadelo

Eu disse a Charlie que tinha um monte de dever de casa pra fazer, e que não queria nada pra comer. Haviam um jogo de Basquete sobre o qual ele tava todo exitado, apesar de que eu não conseguia imaginar o que havia de tão especial sobre isso, então ele não estava prestando atenção em nada diferente no meu rosto ou no meu tom.
Quando eu cheguei no meu quarto, eu tranquei a porta. Eu cavei na minha mesa até encontrar meus velhos fones, e pluguei eles no meu CD player. Eu peguei um CD que Phil havia me dado de Natal. Era de uma das minhas bandas favoritas, mas eles usaram baixo e agudo demais pro meu gosto. Eu o coloquei no lugar e deitei na cama. Eu coloquei os fones, apertei Play, e aumentei o volume até que machucou os meus ouvidos. Eu fechei meus olhos,mas aluz ainda incomodava, então eu coloquei um travesseiro em cima do meu rosto.
Eu me concentrei bem calmamente na música, tentando entender a letra, para desvendar os complicados padrões da bateria. Na terceira vez que eu ouví o CD, eu conhecia pelo menos as letras dos refrões. Eu estava surpresa de ver que no fim eu realmente gostei da banda, assim que eu conseguí ultrapassar o barulho. Eu teria que agradecer ao Phil mais um vez.
E funcionou. O barulho perturbador tornou impossível pensar- que era o propósito da tentativa. Eu ouví o Cd de novo e de novo, até que eu estava acompanhando todas as músicas, até que, finalmente, eu peguei no sono.
Ei abrí meus olhos num lugar familiar. Consciente em algum lugar da minha mente de que eu estava sonhando, eu reconhecí a luz verde da floresta. Eu podia ouvir as ondas batendo nas rochas em algum lugar próximo. E eu sabia que se eu encontrasse o oceano, eu encontraria o sol, mas então, Jacob Black estava lá, apertando a minha mão, me levando de volta para a parte escura da floresta.
"Jacob? Qual é o problema?", eu perguntei. Seu rosto estava assustado enquanto ele lutava com todas as suas forças contra a minha resistência; eu não queria voltar para o escuro.

"Corra, Bella, você precisa correr", ele cochichou, aterrorizado.

"Por aqui, Bella" eu ouvia a voz de Mike me chamando por dentro das árvores escuras,mas eu não conseguia vê-lo.

"Porque?", eu perguntei, ainda lutando contra Jacob, agora desesperada para achar o sol.

Mas Jacob largou a minha mão e ganiu, tremendo de repente, caindo no chão escuro da floresta. Ele se contorcia enquanto eu observava cheia de horror.

"Jacob!", eu gritei. Mas ele tinha sumido. Em seu lugar havia um grande lobo com um pêlo marrom-avermelhado com olhos pretos. O lobo foi pra longe de mim, em direção á costa, os pêlos nos seus ombros estavam eriçados, leves urros saindo entre os seus caninos expostos.

"Bella, corra", Mike chamou de novo atrás de mim. Mas eu não me virei. Eu estava vendo uma luz se aproximar de mim vindo da praia.

Então Edward saiu de dentro das árvores, sua pele brilhando fracamente, seus olhos negros e perigosos. Ele levantou uma mão e me convidou a ir com ele.

O lobo ganiu á meus pés.

Eu dei um passo, indo na direção de Edward.

"Confie em mim", ele pediu.

Eu dei outro passo.

O lobo se lançou no espaço entre eu e o vampiro, os caninos virados na direção da jugular.

"Não!", eu acordei pulando na minha cama.

Meu movimento súbito fez com que os fones puxassem o CD player da mesa e ele fez um ruído enorme no chão de madeira.

Minha luz ainda estava acesa, e eu estava completamente vestida na cama, de sapatos. Eu olhei, desorientada, para o relógio na minha penteadeira. Eram cinco e meia da manhã.

Eu gemí, caí pra trás, e rolei sobre o meu rosto, chutando as minhas botas. Mesmo assim, eu estava desconfortável demais pra chegar em qualquer lugar próximo do sono. Eu rolei de volta e desabotoei o meu jeans, tirando eles de uma forma estranha enquanto eu tentava ficar na horizontal. Eu podia sentir a trança no meu cabelo, um volume desconfortável contra o meu crânio. Eu me virei de lado e tirei o elástico, rapidamente desfazendo a trança com os meus dedos. Eu coloquei o travesseiro sobre os meus olhos.

Foi inútil, é claro. Meu subconsciente havia drenado todas as imagens que eu estava tentando evitar tão desesperadamente. Eu ía ter que enfrentá-las agora.

Eu sentei, minha cabeça rodou um pouco enquanto o sangue descia. Primeiras coisas primeiro, eu pensei comigo mesma, feliz por adiar aquelas coisas pelo máximo de tempo possível. Eu levei minha bolsa para o banheiro.

O banho, porém, não demorou tanto quanto eu esperava. Mesmo demorando para secar meu cabelo, eu logo estava sem coisas pra fazer no banheiro. Eu me enrolei numa toalha e fui para o meu quarto. Eu não sabia se Charlie ainda estava dormindo ou se já havia saído. Eu fui olhar pela janela, a viatura não estava mais lá.

Pescaria de novo.

Eu me vestí lentamente com o meu sweater mais confortável e então arrumei minha cama- algo que eu nunca fiz. Eu não podia mais adiar. Eu fui para a minha mesa e liguei meu velho computador.

Eu odiava usar a Internet aqui. Meu modem era tristemente ultrapassado, meu serviço grátis era inferior; só a conexão demorou tanto que eu decidí ir buscar um tigela de cereal para mim enquanto eu esperava.

Eu comí vagarosamente, mastigando cada pedaço cuidadosamente. Quando eu terminei eu lavei a tigela e a colher, sequei os dois e guardei. Meus pés se arrastavam enquanto eu subia pela escada. Eu fui até o meu CD player primeiro, pegando ele do chão e colocando-o precisamente no centro da mesa. Eu tirei os fones, e então os guardei na gaveta da mesa. Então eu liguei o Cd, colocando nas músicas mais barulhentas.

Com outro suspiro, eu me virei para o computador. Naturalmente a tela estava lotada de pop-ups. Eu sentei na minha cadeira e comecei a fechar todas as janelinhas. Eventualmente eu conseguí entar no meu site de buscas favorito. Eu fechei mais algund pop-ups e digitei uma só palavra.

Vampiro.

Levou um tempo enlouquecedor, é claro. Quando os resultados apareceram, havia muito o que peneirar -tudo de filmes e programas de Tv á jogos de Vídeo-game, bandas de metal, e companias de cosméticos góticas.

Então eu achei um site que parecia promissor - Vampiros de A á Z.

Eu esperei pacientemente até que ele baixasse, clicando rapidamente em todas as janelinhas que apareciam na tela. Finalmente a tela estava completa - um fundo branco simples com letras pretas, com escrita acadêmica. Duas frases me saudaram na página inicial:

Pelo vasto mundo obscuro dos fantasmas e demônios não existe figura tão terrível, nenhuma figura tão horripilante e detestável, mesmo assim causadora de tal fascinação, como o vampiro, que é nem fantasma nem demônio,mas ainda assim, divide a natureza obscura e possue as terríveis e misteriosas qualidades de ambos.-

Reverendo Montague Sommers.

Se existe no mundo uma coisa tão bem-atestada, essa coisa são os vampiros.

Provas não faltam - entrevistas oficiais, testemunhos de pessoas conhecidas, de cirurgiões, de padres, de magistrados; as provas judiciais são mais completas. E com tudo isso, quem é que não acredita em vampiros?-

Rousseau

O resto do site era uma lista em ordem alfabética dos diferentes mitos envolvendo vampiros ao redor do mundo. O primeiro no qual eu cliquei, o Danag, era um vampiro das Filipinas supostamente responsável por trazer o tarô para as ilhas há muito tempo atrás. O mito ainda contava que Danag trabalhou com os humanos durante muitos anos,mas a parceria acabou quando uma mulher cortou o seu dedo e o Danag sugou toda a sua vitalidade, gostando tanto do sabor do seu sangue que acabou drenando totalmente o sangue do seu corpo.

Eu lí cuidadosamente todas as descrições, procurando por alguma coisa que me parecesse familiar, pra não dizer plausível. Parecia que a maioria das histórias de vampiros possuiam lindas mulheres como demônios e crianças como vítimas; eles pareciam querer criar histórias para explicar os altos índices de mortalidade entre as crianças,e criar para os homens uma boa desculpa para serem infiéis.

Muitas das histórias envolviam espíritos desencarnados e avisos sobre enterros impróprios.

Nada se parecia muito com o que eu via nos filmes, só alguns poucos, como o Hebreu Estrie e o polonês Upier, que ocasionalmente estavam ocupados bebendo sangue.

Só três links me chamaram a atenção: O romênio Varacolaci, um morto-vivo poderoso, que podia aparecer como um humano lindo, com a pele pálida; o Eslovaco Nelapsi, uam criatura tão forte e veloz que pode um vilarejo inteiro em apenas uma hora depois da meia-noite; e um outro,o Stregoni benefici.

Sobre esse havia penas uma breve frase.

Stregoni benefici: Um vampiro italiano, destinado a ser do lado do bem, e inimigo mortal dos vampiros maus.

Era um alivio, aquele link, o único mito que aclamava a existência de vampiros do bem.

No geral,porém, havia pouco que coincidisse com as histórias de Jacob ou com as minhas próprias observações. Eu fiz um pequeno catálogo na minha mente enquanto eu lía e cuidadosamente comparava cada mito. Velocidade, força, beleza, pele pálida, olhos que mudam de cor. E então o critério de Jacob: bebedores de sangue, inimigos dos lobisomens, peles frias e imortais.

Haviam muito poucos mitos que se encaixavam em cada fator.

E então, outro problema, que eu lembrei de um pequeno número de filmes que eu havia assitido e que foi trazidoá tona pela leitura de hoje - vampiros não devaim poder sair de dia, o sol poderia transaformá-los em cinzas. Eles dormem em caixões o dia inteiro e só saem á noite.

Importunada, eu desliguei o computador no botão pricipal, sem esperar pra que ele desligasse apropriadamente. Apesar da minha irritação, eu estava extremamente envergonhada. Era tudo tão estúpido. Eu estava sentada no meu quarto, pesquisando sobre vampiros. O que é que havia de errado comigo? Eu decidí que grande parte da culpa estava na entrada de Forks - uma península inteira, pra falar a verdade.

Eu queria sair de casa, mas não havia nenhum lugar que eu quisesse ir que ficasse a menos de três dias de viagem de carro.

Eu calcei as minhas botas mesmo assim, sem ter certeza de pra onde eu iria, e descí as escadas. Eu vestí o meu casaco de chuva sem olhar o clima e saí porta á fora.

Estava nublado, mas ainda não estava chuvendo. Eu ignorei minha caminhonete e comecei a avançar á norte a pé, virando no quintal de Charlie e andando em direção á floresta. Não demorou muito até que eu já estivesse longe o suficiente da casa pra não ver mais a estrada, pra que o único som audível fosse o som dos meus passos na terra e as gotas de orvalho que caiam das copas.

Haviam um leve rastro da trilhas que guiava o caminho pra dentro da floresta, de outra forma eu jamais me arriscaria a ir lá sozinha daquele jeito. Meu senso de direção era desastroso; eu podia me perder em lugares muito mais seguros. A trilha continuava mais e mais funda dentro da floresta, mais longe do que eu podia dizer. Ela passava pelas árvores ordenadas e pelas cicutas, pelas madeiras de teixos e pelos arbustos. Eu só conhecia vagamente as árvores ao meu redor, e o que eu sabia era só de ver Charlie apontando elas pra mim da viatura há anos atrás. Muitas delas eu não conhecia, outras delas eu não tinha como ver porque elas estava completamente cobertas de parasitas verdes.

Eu seguí na trilha tão longe quanto a minha raiva me levou. Quando ela começou a abrandar, eu diminuí o ritmo. Algumas gotas cairam em mim da árvore sobre minha cabeça, mas eu não sabia dizer se era de uma chuva que estava começando ou do orvalho de ontem, que estava nas folhas, que agora estavam lentamente voltando para a terra. Uma árvore recentemente derrubada - eu sabia que era recente porque ela ainda não estava completamente coberta de musgos - descansava sobre o tronco de outra das suas irmãs, criando um banquinho a apenas uns poucos passos da trilha. Eu passei pelos galhos e cuidadosamente, me certificando de que a minha jaqueta estava entre o ascento sujo e as minhas roupas onde quer que elas tocassem, e inclinei minha cabeça protegida com o capuz contra a árvore ainda em pé.

Esse foi o lugar errado pra vir. Eu devia ter advinhado, mas onde mais eu poderia ter ido? A floresta era de um verde escuro e se parecia demais com a cena do sonho de ontem pra permitir á minha mente um pouco de paz. Agora que já não haviam mais os sons de passos, o silêncio era penetrante.

Os pássaros estavam quietos, também, e as gotas caiam com uma certa frequência, então devia ser a chuva. As samambaias ficavam mais altas que eu, agora que eu estava sentada, e eu sabia que alguém podia andar entre os troncos a três passos de distância e não me enxergar.

Aqui entre as árvores era muito mais fácil acreditar nos absurdos que haviam me deixado envergonhada em casa.

Nada mudou nesse floresta por milhares de anos, e todos os mitos e lendas de centenas de locais diferentes me pareciam muito mais possíveis aqui do que no meu quarto.

Eu me forcei a focar nas duas perguntas mais vitais que eu tinha que responder, mas eu fiz isso sem vontade.

Primeiro, eu tinha que decidir se a história que Jacob me contou sobre os Cullen podia ser verdade.

Imediatamente minha mente respondeu com um ressonante não. Era ridículo e mórbido pensar em tais coisas. Mas o que, então? Eu perguntei a mim mesma.

Não havia nenhuma explicação razoável que explicasse como eu estava viva nesse momento. Eu escutei mais uma vez na minha cabeça as coisas que eu observei sozinha: a incrível velocidade, a força, os olhos mudando de preto pra dourado e preto de novo, a beleza inumana, a pele pálida, gelada. E mais - pequenas coisas que se registraram lentamente - como eles nunca comiam, a graça perturbadora com a qual se movimentevam. E o jeito como eles falavam b, com um sotaque pouco familiar e frases que se encaixariam melhor num romance da virada do século do que numa sala de aula do século vinte e um.

Ele faltou a aula no dia em que fariamos o teste sanguínio. Ele não disse que não iria para a praia até que eu disse pra onde íamos. Ele parecia saber o que todos ao redor dele estavam pensando... exceto eu.

Ele haviam me dito que o vilão, perigoso...

Poderiam os Cullen ser Vampiros?

Bem, eles eram alguma coisa. Alguma coisa fora das possibilidades de justificações rationais estava acontecendo diante dos meus olhos incrédulos. Fossem os frios de Jacob ou as minhas teorias sobre super-heróis, Edward Cullen não era...humano.

Ele era algo mais.

Então- talvez. Essa seria a minha única resposta sobre o assunto no momento.

E então a pergunta mais importante de todas. O que é que eu ia fazer se fosse verdade?

Se Edward fosse vampiro - eu mal podia me forçar a pensar nas palavras - então o que eu deveria fazer? Envolver outra pessoa estava absolutamente fora de questão. Nem eu mesma conseguia acreditar; ninguém a quem eu contasse ia me dar bola.

Só duas opções pareciam práticas. A primeira era seguir o conselho dele: ser inteligente, evitá-lo tanto quanto fosse possível. Cancelar os nossos planos, e voltar a ignorá-lo o máximo que eu pudesse. Fingir que havia uma parede de vidro impenetrável nos separando na aula quando éramos forçados a ficar juntos. DIzer pra ele me deixar em paz- e falar sério dessa vez.

Eu estava presa num repentino sentimento de agonia quando pensei nessa alternativa. Minha mente rejeitou a dor, rapidamente me levando á próxima opção.

Eu não podia fazer nada de diferente. Afinal, se ele era algo...sinistro, até agora ele não fez nada pra me machucar. Na verdade, Tyler teria muito do que se arrepender se ele não tivesse agido tão rápido. Tão rápido, eu discutí comigo mesma, que pode ter sido simplesmente uma questão de reflexos. Mas se eram reflexos que salvavam vidas, não podia ser tão ruim. Eu considerei. Minha cabeça girava sobre eixos invisíveis.

De uma coisa eu tinha certeza, se é que eu tinha certeza de alguma coisa. O Edward obscuro nomeu sonho da noite passada foi só um reflexo meu medo das palavras de Jacob, e não de Edward.

Mesmo assim, quando eu gritei aterrorizada por causa do ataque do lobisomem, não foi o medo do lobo que fez o "não" brotar dos meus lábios. Foi o medo que ele pudesse se machucar- mesmo quando ele me chamou com os caninos expostos, eu temí por ele.

E eu sabia que aí estava a minha resposta. Eu não sabia nem se havia outra escolha, na verdade. Eu já estava envolvida demais. Agora que eu sabia- se eu sabia - eu não podia fazer nada sobre os meus segredos assustadores. Porque quando eu pensava nele, na voz dele, nos seus olhos hipnóticos, a força magnética de sua personalidade, eu não queria nada além de estar com ele agora mesmo.

Mesmo se... Mas eu não conseguia pensar nisso agora. Não aqui, na floresta escura, não quando a chuva fazia tudo escurecer como o crepúsculo sobre as copas das árvores e pareciam com passos no chão de terra. Eu tremí e me levantei rapidamente do meu local de ocultação, preocupada que de alguam forma a trilha tivesse desaparcido com a chuva.

Mas estava lá, a salvo e clara, seguindo o seu caminho pelo labirinto respingante.

Eu a seguí apressadamente, meu capuz próximo do meu rosto, me surpreendendo, quando quase me batia nas árvores, com o quanto havia ido longe. Eu comecei a imaginar se eu realmente estava saíndo de la,ou me embrenhando ainda mais nos confins da floresta. Antes que eu tivesse um ataque de pânico, porém, eu comecei a reparar em alguns espaços entre as teias de galhos. E então eu ouví um carro passando na rua, e eu estava livre, a grama de Charlie se estendia na minha frente, a casa de recebendo, prometendo calor e meias secas. Era só meio dia quando eu entrei. Eu subí e me vestí para o resto do dia, jeans e uma camiseta, já que eu ia ficar me casa. Eu não tive que me esforçar muito pra me concentrar na tarefa do dia- um trabalho sobre Macbeth que era pra ser entregue na quarta-feira. Eu me concentrei no perfil do duro projeto contentemente, mais serena do que eu me sentia desde...bem, desde a última quinta-feira, pra ser honesta

Esse sempre foi meu jeito, de qualquer forma. Tomar decisões era a parte difícil pra mim, isso eu tinha que reconhecer. Mas uma vez que a decisão estivesse tomada, eu simplesmente fazia o que tinha que ser feito- geralmente aliviada por ter tomado uma decisão. Ás vezes o alivio era corrompido pelo desespero, como a minha decisão de vir pra Forks. Mas isso era melhor do que degladiar com as alternativas.

Essa era uma decisão ridiculamente fácil de aceitar. Perigosamente fácil.

Então o dia estava quieto, produtivo - eu terminei o meu trabalho antes das oito.

Charlie chegou com uma bela captura, e eu fiz um lembrete mental para comprar um livro de receitas pra peixes quando eu fosse pra Seattle na semana que vem. Os calafrios que percorriam a minha espinha toda vez que eu pensava nesa viagem não eram diferentes dos que eu tinha antes da história de Jacob Black. Eles deveriam ser diferentes, eu pensei. Eu devia ter medo - eu sabia que devia, mas eu não conseguia sentir o tipo certo de medo.

Eu não sonhei naquela noite, exausta por ter começado o meu dia tão cedo, e ter dormido tão mal durante a noite. Eu acordei, pela segunda vez desde que eu cheguei em Forks, com o brilho amarelo de um dia de sol. Eu fui olhar pela janela, aturdida por ver que mal havia uma nuvem no céu, e aquelas que haviam eram só pedacinhos macios de algodão que não poderiam estar carregando chuva alguma. Eu abrí a janela, surpresa por ela ter aberto tão facilmente, sem emperrar, mesmo sem ter sido aberta em todos esses anos - e suguei o ar relativamente seco.

Estava quase quente e quase não ventava. Meu sangue pulsava elétrico nas veias.

Charlie estava terminando o café da manhã quando eu descí, e ele percebeu o meu humor imediatamente.

"Belo dia lá fora". Ele comentou.

"Sim", eu concordei com um sorriso.

Ele sorriu de volta, seus olhos castanhos se enverrugando nos cantos. Quando Charlie sorría era mais fácil perceber porque minha mãe havia aceitado se casar tão rápido.

Grande parte daquele jovem romântico havia desaparecido antes que eu tivesse nascido, como o cabelo castanho e cacheado- mesma cor, se não textura dos meus- tinham sumido, lentamente revelando mais e mais a pele brilhante da testa dele. Mas quando ele sorria, eu podia ver um pouco do homem que fugiu com Renée quando ela não era nem dois anos mais velha do que eu sou agora.

Eu tomei meu café da manhã alegremente, observando as partículas de poeira que apareciam por causa da luz do sol que entrava pela janela de trás. Charlie deu adeus, e eu ouví a viatura se afastar de casa. Eu hesitei na porta de casa, a mão na minha jaqueta. Deixá-la em casa era tentador. Com um suspiro, eu a embrulhei no braço e saí para a luz brilhante que eu já não via há meses.

Á custo de cotovêlos melados de graxa, eu conseguí abrir as duas janelas da minha caminhonete quase completamente. Eu fui uma das primeiras a chegar na escola; eu nem tinha olhado para o relógio na minha pressa de sair. Eu estacionei e me dirigí para os bancos de piquenique raramente utilizados, no lado sul da cafeteria. Os bancos ainda estavam um pouco sujos, então eu sentei na minha jaqueta, feliz por dar um uso a ela. Meu dever de casa já estava terminado- resultado de uma vida social desgraçada - mas haviam alguns problemas de Trigonometria que eu não sabia se estavam certos. Eu peguei meu livro cheia de vontade de trabalhar, mas na metade do primeiro problema eu já estava sonhando acordada, olhando a luz do sol brincar com as árvores e suas casacas vermelhas.

Eu olhava desatentamente para as margens do meu dever de casa. Depois de alguns minutos, eu me dei conta de que havia desenhado cinco pares de olhos pretos me olhando pela página. Eu os apaguei com uma borracha.

"Bella!", eu ouví alguém chamar, e parecia ser Mike.

Eu olhei em volta para me dar conta de que a escola já estava cheia enquanto eu estava sentada aqui, ausente. Todo mundo estava usando camisetas, alguns até de shorts, apesar de a temperatura não estar acima dos 18 graus.

Mike estava vindo na minha direção vestindo besmudas Khaki e uma camisa de Rúgby listrada, acenando.

"Ei,Mike", eu cumprimentei, acenando de volta, incapaz de ser pouco receptiva numa manhã como essa.

Ele veio se sentar ao meu lado, os seus cabelos arrepiados tinham uma brilhante cor dourada no sol, um sorriso rasgando o seu rosto. Ele estava tão contente em me ver que eu n~]ao pude deixar de me sentir gratificada.

"Eu não tinha reparado antes- o seu cabelo é um pouco rúivo", ele comentou, pegando entre os dedos uma mecha que estava flutuando com a brisa suave.

"Só no sol".

Eu fiquei um pouco desconfortável quando ele colocou a mecha atrás da minha orelha.

"Belo dia, não é?"

"Meu tipo de dia", eu concordei.

"O que você fez ontem?", o tom dele era provavelmente muito autoritário.

"Eu trabalhei no meu projeto." Eu não mencionei que já havia acabado- não havia necessidade de parecer presumida.

Ele bateu na testa com a mão. "Oh, é -é pra quinta-feira, não é?"

"Umm, quarta, eu acho"

"Quarta?" ele fez uma careta. "Isso não é bom... O que você está escrevendo no seu?"

"Se o tratamento de Shakespeare para com as mulheres era misógino".

Ele me encarou como se eu tivesse falado em Latin.

"Eu acho que terei que trabalhar nisso hoje á noite", ele disse, vazio. "Eu ia te perguntar se você queria sair".

"Oh", eu fui pega fora de guarda. Porque eu não podia mais conversar com Mike sem a situação ficar estranha?

"Bom, nós podíamos sair pra jantar ou alguma coisa assim...e eu podia trabalhar nisso depois", ele sorriu pra mim esperançosamente.

"Mike", eu odiava ser colocada contra a parede. "Eu acho que não é a melhor idéia".

O rosto dele desmoronou. "Porque não?",ele perguntou, seus olhos cuidadosos. Meus pensamentos foram parar em Edward, imaginando se era nisso que ele estava pensando também.

"Eu acho... e se você repetir isso em outro lugar eu vou te espancar até a morte", eu ameacei. "Mas eu acho que machucaria os sentimentos de Jéssica."

Ele estava desnorteado, obviamente ele não havia pensado nisso. "Jéssica?"

"Sério, Mike, você é cego?"

"Oh", ele exalou - claramente confuso. Eu me aproveitei disso pra fazer a minha fuga.

"É hora da aula, eu não posso me atrasar de novo", eu agarrei os meus livros e os enfiei na minha mochila.

Nós caminhamos em silêncio até a sala de aula, e a expressão dele estava distraída. Eu esperava que fossem quais fossem esses sentimentos nos quais ele estava inundado, que eles o levassem para a direção correta.

Quando eu ví Jéssica em trigonometria, ela estava estourando de entusiasmo. Ela, Angela, e Lauren estavam indo á Port Angeles esta noite pra comprar vestidos para o baile, e ela queria que eu fosse também, apesar de eu não precisar de um vestido. Não havia o que decidir. Podia até ser legal sair da cidade com algumas amigas, mas Lauren estaria lá. E quem abe o que eu poderia estar fazendo nessa noite... mas definitivamente não erame envolver nesse tipo de situação. É claro que eu estava feliz com o sol. Mas esse não era o único responsável pelo meu humor eufórico, nem de perto.

Então eu dei a ela um talvez, dizendo a ela que eu teria que falar com Charlie antes.

Ela não falou de nada alkém do baile no caminh para a aula de Espanhol, continuando depois da aula como se nem tivesse sido interrompida, cinco minutos depois estávamos indo almoçar. Eu estava preocupada demais com os meus próprios pensamentos pra pensar no que ela estava dizendo. Eu estava dolorosamente ansiosa pra ver não só ele, mas todos os Cullen- pra compará-los ás novas suspeitas que estavam na minha mente. Enquanto eu cruzava a entrada da cafeteria, eu sentí o primeiro formigamento de medo descer a minha espinha e se alojar no meu estômago. Será que eles tinham como adivinhar o que eu estava pensando? E então eu tive um outro formigamento- será que Edward estaria esperando pra sentar comigo?

Como de costume, eu olhei para a mesa dos Cullen. Um arrepio de pânico fez meu estômago tremer quando eu percebí que ela estava vazia.

Com um resto de esperança eu vasculhei o resto da cafeteria, esperando encontrá-lo sozinho, esperando por mim.

O lugar estava praticamente lotado- nós nos atrasamos em Espanhol- mas não havia sinal de Edward ou de ninguém da sua família. A desolação me atingiu com uma força devastadora.

Eu cambaleei ao lado de Jéssica, sem me importar mais em fingir que estava prestando atenção.

Nós estavamos atrasadas o suficiente pra encontrar todo mundo na nossa mesa. Eu evitei uma cadeira vazia ao lado de Mike e preferí me sentar ao lado de Angela. Eu vagamente reparei que Mike segurou a cadeira educadamente pra Jéssica se sentar, e o rosto dela se iluminou em resposta.

Angela perguntou algumas sobre o trabalho sobre Macbeth, que eu respondí tão naturalmente quanto pude enquanto mergulhava em sofrimento. Ela, também, me convidou para sair essa noite com elas, e agora eu concordei, me agarrando em qualquer coisa que me distraísse.

Eu me dei conta de que estava agarrando a última ponta de esperança quando entrei na aula de Biologia, ví o lugar vazio, e me deixei levar por outra onda de desapontamento.

O resto do dia passou devagar, sem graça. Na Educação Física, nós tivemos uma palestra sobre os princípios do Badminton, a próxima tortura á qual eles iam me expor. A melhor parte foi que o treinador não chegou a terminar, então amanhã eu teria outro dia livre. Não importa que depois desse dia eles iam me armar com uma raquete antes de me soltar no resto dos estudantes.

Eu estava feliz em deixar a escola, então eu podia fazer beicinho e me lastimar livremente antes de sair com Jéssica e companhia.

Mas logo que eu entrei na casa de Charlie, Jéssica ligou pra cancelar os nossos planos. Eu tentei parecer feliz por Mike ter convidado ela para jantar - eu realmente estava feliz que ele finalmente parecia estar entendendo - mas o meu entusiasmo pareceu falso até para os meus próprios ouvidos. Ela remarcou as compras para amanhã.

O que me deixou com poucas escolhas no que se trata de distrações.

Eu tinha peixe marinando para o jantar, com salada e pão que sobrou da noite passada, então não havia nada pra fazer nesse aspecto. Eu passei meia hora concentrada no dever de casa, mas depois eu já estava de saco cheio disso também. Eu chequei meu E-mail, lendo milhares de cartas antigas da minha mãe, ficando mais animada enquanto elas progrediam para o presente. Eu suspirei e digitei uma resposta rápida.

MÃE,

DESCULPE. EU ESTIVE FORA. EU FUI Á PRAIA COM ALGUNS AMIGOS. E TIVE QUE FAZER UM TRABALHO.

Minhas desculpas era honestamente patéticas, então eu desistí.

HOJE ESTÁ FAZENDO SOL LÁ FORA - EU SEI, EU TAMBÉM ESTOU CHOCADA - ENTÃO EU VOU LÁ FORA PARA SUGAR TODA A VITAMINA D QUE EU PUDER. EU AMO VOCÊ.

BELLA.

Eu decidí matar um hora com leitura não-relacionada com a escola. Eu tinha uma pequena coleção de livros que eu trouxe comigo pra Forks,o maior volume se tratava de um apanhado das obras de Jane Austen. Eu selecionei um e me dirigí para o quintal, levando uma colcha antiga que havia no armário.

No quintal pequeno, quadrado de Charlie, eu dobrei a colcha no meio e deitei na sombra das árvores na grama aparada que sempre seria um pouco úmida, não importava quanto o sol brilhasse.

Eu deitei sobre o estômago, cruzando os tornozelos no ar, passando os livros tentando decidir qual deles eu escolheria. Os meus favoritos eram Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade. Eu tinha lido o primeiro mais recentemente, então eu comecei com Razão e Sensibilidade, só par me lembrar que o herói da história se chamava Edward, com raiva, eu abri Mansfield Park, mas o herói desse livro se chamava Edmund, que era perto o suficiente.

Não haviam outros nomes disponíveis no século dezoito? Eu fechei o livro, aborrecida, e me virei de costas. Eu não pensaria em mais nada além do calor na minha pele, eu disse a mim mesma severamente. A briza ainda estava leve, mas fez as mechas do meu cabelo soprarem no meu rosto, e isso fez um pouco de cócegas.

Eu joguei o meu cabelo pra cima da minha cabeça, deixando ele descansar na colcha embaixo de mim, e me concentrei de novo no calor que tocava os meus cílios, as maçãs do meu rosto, meu nariz, meus lábios, meus braços, meu pescoço, que passava pelo pano da minha camiseta leve...

A próxima coisa da qual eu tive consciência foi do som da viatura de Charlie, virando nos tijolos da entrada. Eu sentei supresa, me dando contade que a luz havia ido embora, por trás da árvores, e que eu tinha pego no sono. Eu olhei ao redor, confusa, com o sentimento de que eu não estava mais sozinha.

"Charlie?", eu perguntei, mas eu podia ouvir a porta da frente batendo.

Eu levantei rápido, tolamente atordoada, juntando a colcha suja e os meus livros.

Eu corrí pra dentro pra colocar óleo pra ferver na frigideira, percebendo que o jantar ia atrasar.

Charlie estava pendurando o seu cinturão e tirando as botas quando eu entrei.

"Desculpa, pai, o jantar ainda não está pronto- eu peguei no sono lá fora", eu repremí um bocejo.

"Não se preocupe", ele disse. "Eu queria saber o placar do jogo, mesmo."

Eu assistí TV com Charlie depois do jantar pra ter alguma coisa pra fazer. Não havia nada interessante pra assistir, mas ele sabia que eu não gostava de beiseball, então ele colocou num canal bobo que nem um de nós gostava. Apesar disso, ele pareceu feliz, por estarmos fazendo alguma coisa juntos. E foi bom, a despeito da minha depressão, deixá-lo feliz.

"Pai", eu disse durante os comerciais, "Jéssica e Angela vão procurar vestidos para o baile amanhã em Port Angeles, e elas querem que eu as ajude a escolher...você se importa se eu for com elas?"

"Jéssica Stanley?",ele perguntou.

"E Angela Weber". Eu suspirei quando tive que lhe passar os detalhes.

Ele estava confuso. "Mas você não vai para o baile, não é?"

"Não, pai, eu vou ajudar elas a encontar os vestidos- você sabe, vou dar críticas construtivas". Eu não teria que explicar isso para um mulher.

"Bem, Ok". Ele pareceu perceber que era uma coisa do departamento feminino.

"Mas é dia de semana".

"Nós vamos sair logo depois da aula, assim poderemos voltar cedo. Você dá um jeito no jantar, não é?"

"Bella, eu conseguíme alimentar por dezessete anos antes de você vir pra cá", ele me lembrou.

"Eu não sei como você conseguiu sobreviver", eu murmurei, e então adicionei mais claramente, "Eu vou deixar algumas coisas pra você preparar um sanduíche na geladeira, tá bom? Bem em cima".

Estava ensolarado de novo no outro dia. Eu acordei com renovada esperança que eu inutilmente tentei reprimir. Eu tentei me vestir para o clima mais ameno com uma blusa com um decote em formato de V - algo que eu usava no inverno em Phoenix.

Eu planejei tanto a minha entrada na escola que mal tive tempo de chegar á sala de aula.

Com o coração vazando, eu circulei o estacionamento procurando por uma vaga, enquanto procurava pelo Volvo prateado que claramente não estava lá. Eu estacionei no último corredor, correndo para a aula de Inglês, chegando sem fôlego, mas vitoriosa, antes do sinal tocar.

Estava igual a ontem- eu não conseguia evitar os brotos de esperanças que se semeavam na minha mente, só pra que depois eles fossem dolorosamente esmagados enquanto eu procurava por ele no almoço ou quando sentava na minha mesa vazia na aula de Biologia.

O esquema de Port Angeles estava de pé de novo, e deixou tudo mais atraente pelo fato de que Lauren tinha outros planos. Eu estava muito ansiosa pra sair da cidade, então eu não conseguia parar de olhar por cima do ombro, esperando que ele aparecesse do nada como ele costumava fazer. Eu prometí pra mim mesma que estaria de bom humor essa noite pra não estragar a diversão de Angela ou de Jéssica na sua caça ao vestido. Talvez eu pudesse até fazer umas compras também. Eu me recusava a pensar que teria que fazer compras sozinha em Seattle esse fim de semana, sem o mínimo de interesse no trato antigo. É claro que ele não podia cancelar sem pelo menos me ligar.

Depois da escola, Jéssica me acompanhou até em casa com o seu Mercury branco pra que eu pudesse deixar os meus livros e a minha camionhonete. Eu penteei o meu cabelo rapidamente enquanto estava lá dentro, sentindo um pouco de excitação por estar deixando Forks. Eu deixei um bilhete para Charlie em cima da mesa, explicando de novo onde encontrar o jantar, troquei a minha carteira da minha mochila para uma bolsa que eu raramente usava, e corrí pra me juntar á Jéssica. Depois nós passamos na casa da Angela, e ela estava esperando por nós.

Minha excitação cresceu espontâneamente enquanto nós nos dirigíamos aos limites da cidade.

Jess dirigiu mais rápido que Charlie, para que chegássemos me Port Angeles antes das quatro. Já fazia algum tempo desde a minha última noite das garotas e os meus estrogênios corriam soltos. Nós ouvímos músicas melosas de Rock enquanto Jéssica tagarelava sobre os garotos com os quais nós nos relacionávamos. O jantar de Mike e Jéssica foi muito bem, e lea esperava que no Sábado eles já tivesse progredido para a fase do primeiro beijo. Eu sorrí comigo mesma, satisfeita. Angela estava passivamente feliz por estar indo ao baile, mas não necessariamente interessada em Eric. Jess tentou fazê-la confessar qual era o seu tipo de garoto, mas depois de um tempo eu interrompí com uma pergunta sobre vestidos, para poupá-la. Angela olhou pra mim agradecida.

Port Angeles era uma linda armadilha para turistas, muito mais educada e pitoresca do que Forks. Mas Angela e Jéssica a conheciam bem, então nós não perdemos tempo olhando o piotoresco mapa da cidade na baía. Jess dirigiu direto para uma grande loja de departamentos na cidade, que era a apenas algumas ruas da amigável baía para visitantes.

O baile era semiformal, e nós não tinhamos certeza do que isso significava. Tanto Angela quanto Jéssica pareceram surpresas e um pouco descrentes quando eu falei pra elas que nunca tinha ido a um baile em Phoenix.

"Você nunca foi com um namorado ou alguma coisa assim?" Jess perguntou duvidosamente enquanto andávamos pelas portas da loja.

"De verdade", eu tentei convencer ela sem ter que revelar os meus problemas com dança.

"Eu nunca tive um namorado nem nada parecido. Eu não saía muito"

"Porque não?", Jéssica perguntou.

"Ninguém nunca me convidou", eu disse honestamente.

Ela pareceu cética. "As pessoas te convidam aqui", ela me lembrou "E é você quem diz não". Nós estávamos na seção de adolescentes agora, procurando nos cabides por roupas mais chiques.

"Bem, exceto Tyler", Angela respondeu quietamente.

"Como é?", eu engasguei. "O que foi que você disse?"

"Tyler está dizendo pra todo mundo que vai te levar para o baile de fim de ano", Jéssica disse com olhos suspeitos.

"Ele disse o quê?" parecia que eu estava sufocando.

"Eu te disse que não era verdade", Angela murmurou pra Jéssica.

Eu estava em silêncio, ainda num estado de choque que estava rapidamente se transformando em irritação. Mas nós tínhamos que encontrar as drogas dos vestidos, e tínhamos muito trabalho á fazer.

"É por isso que Lauren não gosta de você", Jéssica deu uma risadinha enquanto procurávamos as roupas.

Eu apertei meus dentes. "Você acha que se eu atropelasse ele com o meu carro ele pararia de se sentir culpado por causa do acidente? Será que ele vai parar de tentar me recompensar e achar que estamos quites?"

"Talvez", Jéssica de uma fungadinha. "Se é por isso que ele está te chamando."

A seção de vestidos não era muito grande, mas elas duas encontraram alguns vestidos para experimentar. Eu sentei em uma cadeira baixa dentro de um dos provadores, perto de um espelho de três faces, tentando controlar a minha fúria.

Jéss estava dividida entre dois- um longo, tomara-que caia, preto básico e outro na altura do joelho de um azul elétrico com alcinhas finas. Eu encoragei ela a ficar com o azul. Porque não realçar os olhos? Angela escolheu um vestido rosa claro que destacava bem o seu corpo alto e que destacava a cor de mel dos seus cabelos castanho-claros. Eu cumprimentei as duas generosamente e ajudei a colocar os vestidos rejeitados de volta nos cabides. O processo foi muito mais curto e fácil do que as compras que eu fazia com Renée quando estava em casa. Eu acho que existe algo a ser dito sobre escolhas limitadas.

Nós fomos para a seção de sapatos e acessórios. Enquanto elas tentavam as coisas, eu simplesmente olhava e criticava, sem a menor vontade de comprar alguma coisa, apesar de estar precisando de sapatos novos. A irritação com Tyler estava acabando com a minha noite das garotas, me deixando com vontade de voltar pra casa.

"Angela?", eu comecei, hesitante enquanto ela experimentava um sapato de tiras e de salto alto cor de rosa- ela estava mais que contente por um par alto o suficiente que a permitisse usar salto.

Jéssica estava no balcão das jóias e nós estávamos sozinhas.

"Sim?", ela levantou a perna balançando o tornozelo pra ter uma visão melhor do sapato.

Eu me intrometí. "Eu gostei desse"

"Eu acho que vou ficar com esse- apesar de não ter nada que combine com eles além desse vestido". Ela meditou.

"Oh, vá em frente- eles estão em liquidação".Eu encoragei. Ela sorriu, colcando a tampa em outra caixa com sapato branco.

Eu tentei de novo. "Umm, Angela..." ela olhou pra cima curiosa.

"É normal para... os Cullen" - eu mantive meus olhos nos sapatos -

"Ficar muito tempo fora de escola?" Eu falhei miseravelmente na minha tentativa de parecer desinteressada.

"Sim, quando o clima está bom eles vão acampar sempre- até o doutor. Eles gostam muito de atividades ao ar livre.", ela me disse quietamente, examinando os sapatos também. Ela não fez nem sequer uma pergunta, quanto mais as milhares de perguntas que Jéssica teria feito. Eu realmente estava começando a gostar de Angela.

"Oh", eu mudei de assunto quando Jéssica voltou da joalheria com uma coisa que ela encontrou pra combinar com os seus sapatos prateados.

Nós planejávamos jantar num pequeno restaurande Italiano na rua principal, mas as compras não demoraram tanto quanto esperavamos. Jess e Angela foram colocar as suas compras de volta no carro e depois iam descer á baia. Eu disse que me encontraria com elas no restaurante dentro de uma hora- eu queria encontrar uma livraria. Elas duas estavam querendo vir comigo, mas eu encoragei as duas a irem se divertir- elas não sabiam o quanto eu podia ficar ocupada quanto estava cercada de livros; era algo que eu preferia fazer sozinha. Elas voltaram para o carro conversando alegremente, e eu fui na direção que Jess me apontou.

Eu não tive problemas para achar a livraria, mas não era bem aquilo que eu estava procurando.

As janelas estavam cheias de cristais, apanhadores-de-sonhos, e livros sobre cura espiritual. Eu nem entrei. Pela janela eu podia ver uma mulher de cinquenta anos com um longo cabelo cinza que ela usava solto, usando um vestido que parecia ser dos anos sessenta, sorrindo saudosamente por detrás do balcão. Eu decidí que essa era um conversa que eu podia adiar. Tinha que ter uma livraria normal na cidade.

Eu vaguei pelas ruas, que estavam lotadas com o trânsito do fim de um dia de trabalho, e rezei pra estar indo para o centro da cidade.

Eu não estava prestando tanta atenção em pra onde eu estava indo quanto devia; eu estava lutando contra o desespero. Eu estava tentando tanto não pensar nele, e no que Angela disse... e mais do que tudo, tentando acabar com as minhas esperanças em ralação á Sábado, temendo que a decepção fosse mais dolorosa que o resto, quando eu olhei pra cima eu ví o Volvo de alguém estacionado na rua e aquilo me arranhou por dentro. Vampiro estúpido, que não merece confiança, eu pensei comigo mesma.

Eu me dirigí ao sul, em direção a algumas lojas com vitrines de vidro que pareciam promissoras. Mas quando eu cheguei lá, elas eram só lojas de reparo e espaços vazios. Eu ainda tinha muito tempo antes de precisar ir encontra Angela e Jéssica, e eu definitivamente estava precisando controlar o meu humor antes de me encontrar com elas. Eu passei a mão pelos meus cabelos e e respirei fundo algumas vezes antes de virar a esquina.

Eu comecei a perceber, enquanto cruzava outra rua, que eu estava indo na direção errada. O pouco trânsito que eu estava vendo, estava se dirigindo a norte, e parecia que aqui, a maioria dos prédios eram depósitos. Eu decidí virar á leste e depois de algumas ruas eu virei e tentei a sorte de encontrar algum mapa da cidade.

Um grupo de quatro homens virou na esquina que eu ia entrar, vestidos casualmente demais pra estarem vindo do trabalho,mas eles também não tinham cara de ser turistas.

Enquanto eles de aproximavam de mim, eu percebí que eles não eram muito mais velhos do que eu. Eles estavam fazendo piadas uns com os outros em voz alta, rindo estridentemente e esmurrando os braços uns dos outros. Eu me mantive tão longe quanto a calçada me permitiu para das espaço a eles, caminhando devagar, olhando sempre na direção da esquina

"Ei, você!", um deles chamou quando eles passaram, e eles tinham que estar falando comigo já que não havia mais ninguém por perto. Eu olhei pra cima automaticamente. Dois deles haviam parado, os outros dois tinham desacelerado. O mais próximo, um homem pesado, com cabelos escuros, na casa dos vinte, parecia ter sido o homem que falou. Ele estava usando uma camisa de flanela em cima de uma camiseta suja, jeans curtos, e sandálias. Ele deu meio passo na minha direção.

"Olá", eu murmurei, meus joelhos começaram a tremer em resposta. Então eu olhei na outra direção e comecei a andar para a esquina o mais rápido que eu conseguia. Eu podia ouví-los rindo muito alto atrás de mim

"Ei,espere!", um deles me chamou, mas eu baixei minha cabeça e dei a volta na esquina com um suspiro de alívio. Eu ainda podia ouvir eles me seguindo.

Eu me vi numa calçada que levava para os fundos de vários armazéns, cada um deles com portas enormes para os caminhões que viessem descarregar, todos fechados porque estava anoitecendo. O lado sul da rua não tinha calçada, só alguns elos com ferros protegendo a passagem de algum depósito de partes de motor. Eu estava na parte de Port Angeles que eu, como visitante, não queria ver.

Eu me dei conta de que estava ficando escuro, as nuvens finalmente voltando, enchendo o horizonte, criando uma espécie de por do sol adiantado. O horizonte ainda esta claro, mas ficando cinzento, e com listras laranjas e cor de rosa. Eu deixei minha jaqueta no carro, e um arrepio repentino me fez cruzar os braços com força na frente do meu peito. Uma única van passou por mim, e então a rua estava deserta.

O céu estava repentinamente escuro, e, quando eu olhei pra trás pra ver as nuvens que se formavam, eu percebí com um choque, que eu estava sendo seguida por dois homens, á menos de vinte passos de distância de mim.

Eles eram do mesmo grupo que tinha passado por mim na esquina, mas nenhum deles era o de cabelo escuro que tinha falado comigo. Eu virei minha cabeça rapidamente, apressando meus passos. Um arrepio que não tinha nada a ver com o frio passou pelo meu corpo. Minha bolsa estava sobre um ombro, entrelaçada no meu corpo, do jeito que se deve usar quando de quer evitar um assalto. Eu sabia exatamente onde o meu spray de pimenta estava- numa mala que eu nunca desfiz, embaixo da minha cama. Eu não tinha muito dinheiro comigo, uns vinte dólares, ou um pouco mais, eu pensei em derrubá-la "acidentalmente" e continuar andando. Mas uma vozinha assustada na minha cabeça estava me avisando que aqueles homens pareciam ser algo pior que só assaltantes.

Eu escutei atentamente os seus passos, que eram muito mais quietos comparados ao tumulto que eles estavam fazendo essa tarde, e não parecia que eles estavam andando mais rápido, ou se aproximando de mim.

Respire, eu lembrei para mim mesma. Você não sabe se eles estão te seguindo. Eu continuei a andar o mais rápido que podia sem correr, me concentrando na entrada á direita que estava a apenas alguns metros de distância de mim. Eu podia ouví-los, tão longe quanto antes. Um carro virou na esquina passando rapidamente por mim. Eu pensei em me jogar na frente dele, mas eu hesitei, inibida, sem saber se eles estavam realmente me seguindo, então era tarde demais.

Eu alcancei a esquina, mas me bastou uma olhada rápida para que eu percebesse que era apenas mais uma entrada de carros nos fundos de um dos armazéns.

Eu dei uma meia volta antecipadamente; eu tive que me apressar e correr pela rua, de volta para a calçada. A rua acabava na próxima esquina, onde havia uma placa de "pare". Eu me concentrei nos passos fracos atrás de mim, decidindo se eu devia correr ou não. Eles, porém, não pareciam estar muito atrás, e eles poderiam me alcançar muito facilmente de qualquer jeito. Eu tinha certeza que ia cair e me espatifar se eu tentasse andar mais rápido. Os passos definitivamente pareciam estar mais pra trás. Eu me arriscar a dar uma rápida olhadinha por cima do ombro, e eles estavam seguramente a uns quarenta passos atrás de mim agora, eu percebí aliviada. Mas eles dois estavam me encarando.

Pareceu que se passaram horas antes que eu alcançasse a esquina. Eu mantive o passo firme, os homens atrás de mim ficando mais pra trás a cada passo. Talvez eles tenham se dado conta de que estavam me assustando e se arrependeram. Eu vi dois carros indo na direção norte na rua pra onde eu estava indo, eu respirei aliviada. Haveriam mais pessoas por perto assim que eu saisse daquela rua deserta. Eu virei na esquina com um suspiro agradecido.

E quase escorreguei quando tive que parar.

A rua estava alinhada dos dois lados com paredes vazias, sem potas ou janelas. Eu podia ver distantemente, duas ruas ábaixo, ruas iluminadas, carros e mais pedestres, mas eles estavam muito longe. Porque saindo de um prédio no lado oeste, no meio da rua, estavam os outros dois homens do grupo, os dois me observando com sorrisos excitados enaquanto eu ficava paralisada na calçada.

Eu percebí que não estava sendo seguida.

Eu estava sendo guiada.

Eu pausei por um segundo, mas pareceu um longo tempo. Eu me virei e tentei voltar pelo outro lado da rua. Eu tinha o leve pressentimento de que era uma tentativa inútil. Os passos atrás de mim estavam mais altos agora.

"Aí está você!", a voz estrondosa do homem grande, de cabelo escuro

quebrou o silêncio intenso, me fazendo pular. Na escuridão, parecia que ele estava olhando por cima de mim.

"É", uma voz respondeu alto atrás de mim, me fazendo pular de novo enquanto eu tentava correr pela rua. "Nós pegamos um pequeno desvio".

Meus passos tiveram que desacelerar. Eu estava fazendo a distância entre mim e eles diminuir ainda mais rapidamente. Eu tinha um bom grito, alto, e eu suguei o ar,me preparando para usá-lo,mas minha garganta estava tão seca que eu não tinha muita certeza em relação ao volume que ele sairia. Com um movimento rápido, eu tirei a bolsa pela cabeça, sugurando-a com uma mão, me preparando para entregá-la ou usá-la como arma se fosse necessário.

O homem mais magro se desencostou da parede e começou a avançar vagarosamente pela rua.

"Fique longe de mim", eu avisei numa voz que deveria ter sido forte e destemida. Mas eu estava certa em relação a minha garganta- nada de volume.

"Não seja assim, docinho",ele falou e as risadas recomeçaram atrás de mim.

Eu me recompus, a apenas alguns passos de distância, tentando me lembrar apesar do pânico das poucas técnicas de defesa pessoal que eu sabia. Peito da mão no nariz, que deve com alguma sorte quebrar o nariz dele ou enfiá-lo pra dentro do cérebro. Dedo na cavidade do olho-tente enfiar o dedo por dentro do olho e arrancá-lo da órbita.

E o joelho de praxe na virilha, é claro. Aquela vozinha pessimista na minha cabeça de novo, me dizia que eu não chance nem sequer contra um deles, eles eram quatro.

Cala a boca!

Eu ordenei á voz antes que o terror me deixasse incapacitada. Eu não ia me machuacar sem machucar alguém também. Eu tentei engolir pra dar um grito decente.

Faróis apareceram de repente na esquina, o carro quase antingindo o homem forte, forçando-o a pular na direção da calçada. Eu corrí para o meio da rua -esse carro ia parar, ou teria que me atingir.

Mas o carro prateado inexperadamente deu um cavalo de pau, parando em cima da calçada com a porta do passageiro aberta a apenas alguns passos de distância de mim.

"Entre", uma voz furiosa ordenou.

Foi impressionante como instantaneamente o medo havia desaparecido, incrível como de repente a sensação de segurança me inundou - mesmo antes de eu estar fora da rua - assim que eu ouví a voz dele. Eu pulei pra dentro do carro fechando a porta atrás de mim.

Estava escuro dentro do carro, nunhuma luz se acendeu quando a porta abriu, e eu mal podia ver o seu rosto pelo brilho fraco do painél. Os pneus cantaram quando ele virou para o norte, acelerando muito rápido, desviando dos homens abismados na rua. Eu tive uma breve visão deles se atirando na calçada enquanto acelerávamos na direção no porto.

"Ponha o seu cinto de segurança", ele comandou, e eu percebí que estava me agarrando no banco com as duas mãos. Eu obedecí rapidamente; o clique do cinto se conectando era alto na escuridão.

Ele fez uma curva estreita na esquerda, correndo em frente, avançando muitos sinais vermelhos sem parar.

Mas eu me sentia extremamente segura e, no momento, completamente despreocupada com o lugar pra onde estavamos indo. Eu olhei para o rosto dele profundamente aliviada,um alívio que ia além das palavras. Eu estudei o seu rosto perfeito na luz limitada, esperando minha respiração voltar ao normal, até que eu percebí que a sua expressão estava assustadoramente zangada.

"Você está bem?", eu estava surpresa de ver como a minha voz estava áspera.

"Não", ele disse curtamente, seu tom estava lívido.

Eu sentei em silêncio, observando o seu rosto enquanto os seus olhos reluziam sempre olhando para a frente, até que o carro parou bruscamente. Eo olhei ao redor, mas estava escuro demais para vez alguma coisa além da linha de árvores escuras que se estendiam pelo acostamento.

Nós não estávamos mais na cidade.

"Bella?", ele me chamou, a voz apertada, controlada.

"Sim?", minha voz ainda estava áspera. Eu tentei limpar a minha garganta silenciosamente.

"Você está bem?" Ele ainda não estava me olhando, mas a fúria estava claramente visível no rosto dele.

"Sim", eu respondí suavemente.

"Por favor, me distraia", ele ordenou.

"Perdão, o que você disse?"

Ele respirou agudamente.

"Fale sobre alguma coisa sem importância até que eu me acalme" ele esclareceu, fechando os olhos e apertando o nariz com os dedos polegar e indicador.

"Umm", eu vistoriei meu cérebro á procura de algo trivial. "Eu vou atropelar Tyler Crowley amanhã depois da aula".

Ele ainda estava apertando os olhos, mas os seus lábios se curvaram.

"Porque?"

"Ele está dizendo a todo mundo que vai me levar no baile de fim de ano- ou ele é louco, ou ainda está tentando se desculpar por quase ter me...bom, você lembra, ele acha que obaile vai melhorar as coisas. Então eu achei que se colocasse a vida dele em risco, ele acharia que estamos quites e não teria que ficar tentando se redimir. Eu não preciso de inimigos, e Lauren vai parar de me perseguir se ele me deixar em paz. Eu posso acabar destruindo o carro dele. Se ele estiver sem carro não vai poder levar ninguém ao baile..." eu tagarelei.

Eu ouví alguma coisa sobre isso", ele falou um pouco mais recomposto.

"Você ouviu?" eu perguntei sem acreditar, já sentindo uma ponta de irritação. "Se ele estiver paralizado do pescoço pra baixo, ele também não vai poder ir para o baile.", eu cochichei redefinindo o meu plano.

Edward suspirou e finalmente abriu os olhos.

"Melhor?"

"Na verdade não".

Eu esperei, mas ele não falou mais nada. Ele se inclinou no banco, olhando para o teto do carro. Seu rosto estava rígido.

"Qual é o problema?" minha voz saiu num suspiro.

"As vezes eu tenho problemas com o meu temperamento, Bella." Ele também estava falando baixinho, e, quando ele olhou pela janela, seus olhos se transformaram em duas linhas. "Mas não seria de grande ajuda se eu voltasse até lá e caçasse aqueles..." Ele não terminou a frase, olhando pra longe,lutando por um momento pra controlar sau raiva. "Pelo menos", ele continuou. "É disso que eu estou tentando me convencer"

"Oh", a palavra pareceu inadequada, mas eu não conseguí pensar em uma resposta melhor.

Nós sentamos em silêncio de novo. Eu olhei para o relógio no painél. Já eram mais de seis e meia.

"Jéssica e Angela vão ficar preocupadas", eu murmurei. "Eu tinha que me encontrar com elas".

Ele ligou o motor sem dizer outra palavra, dando a volta suavemente e correndo em direção á cidade. Nós estavamos de volta ás luzes da cidade sem demora nenhuma, ainda indo rápido demais, desviando sem dificuldade dos outros carros passando na rua. Ele parou ao lado de uma vaga que eu achei pequena demais para o Volvo, mas ele conseguiu estacionar sem dificuldade na primeira tentativa. Eu olhei pra fora pra ver as luzes do La Bella Itália, e Jess e Angela que estavam acabando de sair, caminhando ansiosamente na direção contrária á nós.

"Como você sabia onde...", eu comecei, mas então balancei a cabeça. Eu ouví a porta se abrindo e me virei pra ver ele saindo.

"Pra onde você tá indo?" eu perguntei

"Te levando pra jantar", ele sorriu levemente, mas seus olhos estavam duros. Ele saiu do carro e bateu a porta. Eu apalpei o banco e depois me apressei pra sair do carro também. Ele estava esperando por mim na calçada.

Ele falou antes que eu tivesse a chance. "Vá parar Jéssica e Angela antes que eu tenha que caçar elas duas também. Eu não acho que vou conseguir me controlar se esbarrar em um dos seus amigos de novo".

Eu tremí com o tom de ameaça na voz dele.

"Jess!Angela!", eu chamei por elas, acenando quando elas se viraram. Elas voltaram correndo, o alívio aparecendo nos rostos e nas vozes das duas se transformou em supresa quando elas viram quem estava ao meu lado. Elas pararam a poucos metros de distância de nós.

"Onde você esteve?", a voz de Jéssica estava cheia de suspeita.

"Eu me perdí", eu admití envergonhada. "E aí eu esbarrei em Edward", eu fiz um gesto em direção a ele.

"Estaria tudo bem se eu me juntasse a vocês?", ele perguntou numa voz sedosa, irresistível. Eu podia ver as duas cambaleando e percebí que ele nunca havia usado os seus talentos com elas antes.

"Er...claro", Jéssica respirou.

"Na verdade, Bella, nós já comemos enquanto esperávamos você-desculpa" Angela confessou.

"Tudo bem- eu não estou com fome", eu levantei os ombros.

"Eu acho que você devia comer alguma coisa", a voz de Edward estav baixa,mas cheia de autoridade. Ele olhou para Jéssica e falou um pouco mais alto. "Vocês se imcomodam se eu levar Bella esta noite? Assim vocês não vão precisar esperar enquanto ela come."

"Hum, sem problema, eu acho...", ela mordeu o lábio, tentando descobrir pela minha expressão se eu queria ou não. Eu pisquei pra ela. Não havia nada que eu quisesse mais do que ficar sozinha com o meu eterno salvador. Haviam tantas perguntas, mas eu não podia bombardeá-lo até que estivessemos sozinhos.

"OK",Angela foi mais rápida que Jéssica. "Te vejo amanhã, Bella...Edward"

Ela agarrou a mão de Jéssica e puxou ela em direção ao carro, que estava parado a apenas alguns metros dalí, na Avenida principal.

Enquanto elas entravam no carro, Jess se virou, acenou, a expressão dela cheia de curiosidade. Eu acenei de volta, esperando que elas fossem embora antes de me virar para encará-lo.

"Honestamente, eu não estou com fome", eu insistí, olhando pra cima para examinar seu rosto. Sua expressão era ilegível.

"Faz-me rir"

Ele entrou pela porta do restaurante e sugurou a porta aberta pra mim com um expressão obstinada. Eu passei por ele entrando no restaurante com um suspiro de resignação.

O restaurante não estava lotado- não era alta estação em Port Angeles. A maitre era mulher, e eu entendí a expressão no seu olhar enquanto ela acessorava Edward. Ela o recebeu um pouco mais educadamente do que era necessário. Eu fiquei surpreendida de ver o quanto isso me incomodou. Ela era vários centímetros mais alta que eu, e o louro do cabelo dela não era nem um pouco natural.

"Mesa pra dois" A voz dele era fascinante, fosse intencional ou não.

Eu ví ela olhar pra mim e afastar o olhar, obviamente feliz por eu ser tão comum, e pela cautelosa distância que Edward mantinha entre nós. Ela nos guiou para uma mesa grande o suficiente para quatro pessoas no centro da área mais cheia do restaurante.

Eu estava quase me sentando, quando Edward balançou a cabeça pra mim.

"Talvez algo mais particular?" ele insistiu para a maitre. Eu não tinha certeza, mas podia jurar que ví ele dar um gorjeta na mão dela. Eu nunca tinha visto uma pessoa recusar uma mesa antes, exceto nos filmes antigos.

"Claro", ela parecia tão surpresa quanto eu estava. Ela se virou e nos guiou até umas cabines- todas vazias. "Que tal isto?"

"Perfeito.", ele deu um dos seus sorrisos encantadores, deixando ela momentaneamente deslumbrada.

"UMM"- ela balançou a cabeça- "seu garçon virá em um instante". Ela foi embora descompassada.

"Você não devia fazer isso com as pessoas", eu critiquei, "Não é muito justo".

"Fazer o que?"

"Deslumbrar as pessoas desse jeito- ela deve estar hiperventilando na cozinha nesse exato momento"

Ele pareceu confuso.

"Ah, qual é", eu falei duvidosamente. "Você tem que saber o efeito que causa nas pessoas"

Ele inclinou a cabeça para um lado, os olhos curiosos. "Eu deslubro as pessoas?"

"Você nunca percebeu? Você acha que todo mundo consegue o que quer assim tão fácil?"

Ele ignorou as minhas perguntas. "Eu deixo você deslumbrada?"

"Frequentemente", eu admití.

E então a nossa garçonete apareceu, o rosto cheio de expectativa. A meitre definitivamente havia falado sobre ele, e essa garota nova não parecia decepcionada. Ela colocou uma mecha curta de cabelo preto atrás da orelha e sorriu pra ele com um calidez desnecessária.

"Olá, meu nome é Amber, e eu vou serví-los essa noite. O que vocês desejam beber?" Eu não deixei de notar que ela estava falando só com ele

Ele olhou pra mim.

"Eu vou beber uma coca", pareceu que eu estava perguntando.

"Duas cocas", ele disse.

"Eu volto logo pra trazer", ela assegurou pra ele com outro sorriso desnecessário. Mas ele não viu. Ele estava olhando pra mim.

"O que foi?", eu perguntei quando ela foi embora.

Seus olhos estavam fixados no meu rosto. "como esta você está se sentindo?"

"Eu estou bem",eu respondí, surpresa com a intensidade da pergunta.

"Você não está sentindo náusea, tontura, frio...?"

"Eu devia?"

Ele sorriu do meu tom confuso.

"Bem, na verdade eu ainda estou esperando você entrar em choque". O rosto dele se contorceu num sorriso perfeito

"Eu não acho que isso vai acontecer", eu disse depois que eu conseguí respirar de novo. "Eu sempre fui boa em reprimir sentimentos desagradáveis".

"Dá na mesma, você vai se sentir melhor quando tiver um pouco de açucar e comida no seu sangue".

Bem na hora, a garçonete apareceu com as nossas bebidas e uma cestinha de pães de alho. Ela ficou de costas pra mim enquanto colocava as coisas em cima da mesa.

"Vocês estão prontos para fazer o pedido?", ele perguntou a Edward.

"Bella?", ela virou sem muita vontade na minha direção.

Eu escolhi a primeira coisa que apareceu no cardápio.

"Umm...eu vou querer o ravioli de cogumelos"

"E você?", ela se virou pra ele sorrindo.

"Nada pra mim",ele disse. É claro

"Me avise se você mudar de idéia", o sorriso educado ainda estava lá,mas os olhos dele não estavam mais prestando atenção, e ela foi embora insatisfeita.

"Beba", ele ordenou.

Eu deium gole no refrigerante obedientemente, e depois deu outro gole mais fundo, surpresa de ver o quanto eu estava com sede. Eu só percebí que eu já havia acabado com o copo inteiro quando ele passou o copo dele pra mim.

"Obrigada", eu cochichei, ainda com sede. O frio do refrigerante passou pelo meu peito, e eu tremí.

"Você está com frio?"

"É só o refrigerante", eu expliquei, tremendo de novo.

"Você não tem um casaco?", a voz dele era desaprovadora.

"Sim" eu olhei para a cadeira vazia. "Oh- eu deixei no carro de Jéssica", eu percebí.

Edward já estava tirando o casaco dele. De repente eu me dei conta de que eu nunca prestei atenção no que ele estava vestindo - não só essa noite, mas nunca. Eu simplesmente não parecia ser capaz de desviar os olhos do rosto dele. Eu me obriguei a olhar agora, me concentrando. Ele estava tirando um casaco de couro beige claro; por baixo ele usava um sweter marfim. Ele ficava perfeito nele, enfatizando como o seu peito era musculoso.

Ele me passou o casaco, atrapalhando as minhas observações.

"Obrigada", eu disse de novo colocando o casaco dele. Estava frio - como o meu casaco estava quando eu o vestí pela manhã. Eu tremí de novo. O cheio era delicioso. Eu inalei, tentando identificar a deliciosa escência. Não parecia ser perfume. As mangas eram grandes demais;eu tive que colocá-las pra trás para libertar minhas mãos.

"Essa cor combina lindamente com o tom da sua pele", ele disse,me observando. Eu estava surpresa. Olhei pra baixo, corando, é claro.

Ele empurrou o cesto de pães na minha direção.

"Sério, eu não vou entrar em choque." eu protestei.

"Você deveria- uma pessoa normalentraria. Você nem parece estar nervosa." Ele parecia agitado.

Ele me olhou nos olhos. Eu percebí como os olhos dele estavam claros, mais claros do que eu jamais tinha visto, como um whisky dourado.

"Eu me sinto segura com você", eu confessei, hipnotizada.

Isso pareceu desagradá-lo; o centro entre as suas sobrancelhas ficou enrrugado. Ele balançou a cabeça fazendo cara de bravo.

"Isso é mais complicado do que eu planejava", ele murmurou pra sí mesmo. Eu peguei um pão e comecei a dor um mordidinha na ponta, medindo a expressão dele. Eu imaginei se essa seria a hora pra começar a fazer perguntas pra ele.

"Geralmente você está com um humor melhor quando seus olhos estão tão claros", eu comentei, tentando distraí-lo do que quer que fosse que estivesse deixando ele tão pensativo e sombrio.

Ele me encarou, aturdido. "O quê?"

"Sei humor sempre está pior quando seus olhos estão pretos- eu já reparei." eu continuei. "Eu tenho uma teoria sobre isso."

Ele revirou os olhos. "Mais teorias?"

"Mm-hm", eu mastiguei um pequeno pedaço de pão, tentando parecer indiferente.

"Eu espero que você tenha sido criativa dessa vez...ou você continua roubando-as de histórias em quadrinhos?" O sorriso dele era de zombaria, mas seus olhos estavam apertados.

"Bom, não, eu não peguei de uma história em quadrinhos, mas também não fui eu que enventei", eu confessei.

"E?" ele apontou.

Mas nessa hora a garçonete apareceu trazendo minha comida. Eu percebí que nós dois estávamos inconscientemente inclinados sobre a mesa um na direção do outro, porque nós dois sentamos retos quando ela se aproximou. Ela colocou o prato na minha frente- parecia estar bom - e se virou rapidamente para Edward.

"Você mudou de idéia?", ela perguntou. "Não tem nada que eu possa te oferecer?" Eu posso ter imaginado o duplo sentido das palavras dela.

"Não, obrigado, mas mais refrigerante seria bom", ele fez um gesto com a longa mão branca para o dois copos vazios na minha frente.

"Claro", ela removeu os dois copos vazios e foi embora.

"O que você estava dizendo?", ele perguntou.

"Eu te conto no carro. Se...", eu pausei.

"Tem condições?", ele ergueu uma sobrancelha,a voz maliciosa.

"Eu tenho algumas perguntas, é claro"

"É claro".

A garçonete voltou com outras dois copos de refrigerante. Dessa vez ela os colocou na mesa sem uma palavra sequer e foi embora.

Eu tomei um gole.

"Bem, vá em frente", ele instigou, sua voz ainda estava dura.

Eu comecei com a pergunta menos exigente. "O que você está fazendo em Port Angeles?"

Ele olhou pra baixo, cruzando suas longas mãos lentamente em cima da mesa. Os seus olhos brilharam por baixo dos cílios, a leve sombra de um sorriso brincando em seus lábios.

"Próxima"

"Mas essa é a mais fácil", eu reclamei.

"Próxima", ele repetiu.

Eu olhei pra baixo, frustrada. Eu desenrolei os talheres, peguei meu garfo, e cuidadosamente espetei um ravióli. Eu coloquei na boaca lentamente, ainda olhando pra baixo, mastigando enquanto pensava. Os cogumelos estavam bons. Eu engolí e bebí outro gole da coca antes de olhar pra cima.

"Tudo bem, então", eu olhei pra ele, e continuei vagarosamente.

"Digamos, hipotéticamente é claro, que...alguém...pudesse saber o que as pessoas pensam, ler mentes, sabe- com algumas exceções."

"Só uma exceção", ele corrigiu." Hipoteticamente"

"Tudo bem,uma exceção, então". Eu estava contentíssima que ele estava brincando comigo, mas tentei parecer casual.

"Como isso funciona? Quais são as limitações? Como poderia...essa pessoa...achar outra pessoa na hora exata? Como ele poderia saber que ela estava com problemas?" Eu imaginei se as perguntas consecultivas estavam fazendo algum sentido.

"Hipoteticamente?", ele perguntou.

"Claro".

"Bem, se...essa pessoa..."

"Vamos chamá-lo de Joe", eu sugerí.

Ele sorriu. "Joe, então. Se Joe estivesse prestando atenção, a hora não precisaria ser tão exata." Ele balançou a cabeça, revirando os olhos.

"Só você poderia se meter em encrencas numa cidade tão pequena. Você teria mudado as estatísticas criminalísticas por décadas, sabia?"

"Estávamos falando de um caso hipotético".

Ele sorriu pra mim.

"Sim, estávamos", ele concordou. "Podemos chamar você de Jane?"

"Como é que você sabia?" eu perguntei de vez sem conseguir controlar a minha intensidade. Eu me dei conta de que estava me inclinando pra ele de novo.

Ele pareceu vacilar, dividido com algum dilema interno. Seus olhos se prenderam aos meus, e eu percebí que ele estava decidindo naquele momento se era melhor me contar a verdade de vez ou não.

"Você pode confiar em mim, sabe". Eu murmurei. Eu avancei, sem pensar, para tocar suas mãos entrelaçadas, mas ele as afastou na hora, então eu me afastei.

"Eu não sei mais se tenho outra escolha". A voz dele era mais um murmúrio. "Eu estava enganado- você é muito mais observadora do que eu pensava."

"Eu pensei que você estivesse sempre certo".

"Eu costumava estar". Ele balançou a cabeça de novo. "Eu estava errado em relação á outra coisa, também. Você não é um imã para acidentes- essa não é uma classificação abrangente o suficiente. Se existir alguma coisa perigosa num raio de dez quilômetros de distância, ela vai invariavelmente encontrar você".

"E você se inclui nessa categoria?", eu adivinhei.

Seu rosto ficou frio, sem expressão. "Inquestionavelmente".

Eu estiquei minha mão sobre a mesa de novo - dessa vez eu não me inibí quando ele puxou a mão levemente- para tocar as costas das suas mãos timidamente com as pontas dos meus dedos. Sua mão era fria e dura, como uma pedra.

"Obrigada", minha voz estava fervendo de gratidão. "Já são foram duas vezes."

O rosto dele se suavizou. "Não vamos tentar uma terceira, está bem?"

Eu fiz uma careta, mas afirmei com a cabeça. Ele tirou suas mão de baixo das minhas, colocando-as embaixo da mesa. Mas ele se inclinou na minha direção.

"Eu te segui até Port Angeles",ele admitiu, falando depressa. "Eu nunca tentei manter uma pessoa específica viva, e é muito mais trabalhoso do que eu imaginava. Mas isso provavelmente é porque a pessoa é você. Pessoas normais parecem conseguir viver um dia sem tantas catastrofes". Ele pausou.

Eu imaginei se eu deveria estar com raiva por ele estar me seguindo; mas ao invés disso eu sentia uma enorme sensação de prazer. Ele me incarou, talvez imaginando porque meus lábios estavam se curvando num sorriso involuntário.

"Você já parou pra pensar que talvez eu estivesse marcada pra morrer naquele dia, como a van, e que você está interferindo no meu destino?", eu especulei, tentando me destrair.

"Aquela não foi a primeira vez",ele disse. Sua voz era difícil de ouvir. Eu olhei pra ele assombrada, mas ele estava olhando pra baixo. "Você estava marcada para morrer na primeira vez que nos vimos."

Eu sentí um espasmo de medo com essas duas últimas palavras, e lembrei do seu violento olhar negro naquele primeiro dia...mas a incrível sensação de segurança que eu sentia ao lado dele fez o medo ir embora. Quando ele olhou para os meus olhos, não havia nenhum traço de medo neles.

"Você se lembra?", seu rosto angelical estava agravado.

"Sim". Eu estava calma.

"E mesmo assim você se senta aqui", havia um traço de descrença na voz dele; ele ergueu uma sobrancelha.

"Sim, eu sento aqui...por sua causa." eu parei. "Porque, de alguma forma você sabia como me encontrar hoje.", eu lembrei.

Ele apertou os lábios, os olhos pensativos, decidindo de novo.

Ele olhou para o prato cheio na minha frente, e de volta pra mim.

"Você como, eu falo", ele barganhou.

Eu rapidamente espetei outro ravióli e coloquei na boca.

"É mais difícil do que devia ser- manter um olho em você. Normalmente eu consigo achar um pessoa muito facilmente, se eu já tiver ouvido a mente deles antes." Ele me olhou ansiosamente, e eu percebí que estava petrificada. Eu me forcei a engolir, então espetei outro ravioli e coloquei na boca.

"Eu estava projetanto a minha atenção em Jéssica, sem muito cuidado- como eu disse, só poderia arrumar problemas em Port Angeles- no início eu não tinha percebido que você tinha ido por outro caminho. Então, eu me dei conta qu você não estava mais com ela, eu fui te procurar na livraria que havia na mente dela.

"Eu podia ver que você não tinha entrado e que tinha ido para o sul... e eu sabia que você logo teria que dar a volta. Então eu fiquei esperando por você, procurando pelos pensamentos das pessoas que passavam na rua- pra ver se alguém tinha reparado em você e assim eu pudesse te procurar. Eu não tinha motivos para estar preocupado, mas eu estava estranhamente ansioso...", ele estava perdido em pensamentos, olhando pra mim, mas vendo coisas que eu nem podia imaginar.

"Eu comecei a dirigir em círculos, ainda...escutando. O sol estava finalmente se pondo, e eu estava me preparando pra te procurar á pé. E então-", ele parou, arranhando os dentes, com uma fúria repentina. Ele fez um esforço para se acalmar.

"Então o que?", eu murmurei. Ele continuou a olahr por cima da minha cabeça.

"Eu ouví o que eles estavam pensando", ele grunhiu, seu lábio superior se curvando lentamente sobre os seus dentes. "Eu ví o seu rosto na mente dele". Ele se inclinou para a frente de repente, um cotovelo aparecendo por cima da mesa, a mão cobrindo os olhos. O movimento foi tão rápido que me surpreendeu.

"Foi muito...difícil- você não tem idéia do quanto foi difícil pra mim- simplesmente te tirar de lá, e deixá-los...vivos." A voz dele estava abafada pelo seu braço. "Eu podia ter te deixado ir com Jéssica e Angela, mas eu estava com medo de que se você me deixasse sozinho, eu fosse procurar por eles". Ele admitiu num murmúrio.

Eu sentei quieta, ofuscada, meus pensamentos incoerentes. Minhas mãos estavam cruzadas no meu colo, e eu estava apoiada fracamente no encosto da cadeira.. Ele ainda estava com o rosto na mão, e ele estava tão imóvel que parecia uma escultura de pedra.

Finalmente ele olhou pra cima, seus olhos procurando os meus, cheio com as suas próprias perguntas.

"Você está pronta pra ir pra casa?", ele perguntou.

"Eu estou pronta pra ir", eu qualifiquei, agradecida que ainda tínhamos uma longa hora na volta pra casa. Eu ainda não estava pronta pra dizer adeus pra ele.

A garçonete apareceu como se tivesse sido chamada. Ou como se estivesse espionando.

"Como estamos?", ela perguntou para Edward.

"Nós queremos a conta, obrigado", a voz dele estava baixa, mais forte, ainda refletindo a conversa que tínhamos acabado de ter. Ela pareceu assustada. Ele olhou pra cima esperando.

"C-claro", ela gaguejou. "Aqui está". Ela puxou um caderninho de couro do bolso do avental dela e entregou para ele.

Já havia uma nota na mão dele. Ele a colocou dentro do caderninho e entregou de volta pra ela.

"Sem troco",ele sorriu e ficou de pé, enquanto eu tentava me equilibrar nos meus pés.

Ela sorriu calorosamente pra ele de novo. "Tenha uma boa noite".

Ele não olhou pra ela quando agradeceu. Eu tentei não sorrir. Ele andou ao meu lado, perto de mim até a porta, mas ainda tomando cuidado pra não me tocar. Eu lembrei do que Jéssica havia dito sobre o seu relacionamento com Mike, como eles estavam quase no estágio do primeiro beijo. Eu suspirei. Edward pareceu me ouvir, e e olhou pra baixo curioso. Eu olhei para a calçada, agradecida por ele supostamente não ser capaz de saber o que eu estava pensando.

Ele abriu a porta do passageiro, segurando ela pra mim enquanto eu entrava no carro, estarrecida,mais um vez, com o quanto ele era gracioso. Eu provavelmente já devia estar acostumada- mas não estava. Eu tinha o pressentimento de que Edward era uma pessoa com a qual eu nunca me acostumaria.

Dentro do carro, ele ligou o motor e colocou o aquecedor no máximo. Tinha esfriadomuito, e eu achava que o bom clima estava chegando ao fim. Mesmo assim, eu estava aquecida no casaco dele, aspirando o cheiro dela quando eu achava que ele não estava olhando.

Edward se enfiou no trânsito, aprentemente sem olhar, e vez uma volta pra ir para a auto-estrada.

"Agora", ele disse significantemente, "É a sua vez".

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