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cap. 3 ao 5

3. Fenômeno

Quando eu abri meus olhos essa manhã, algo estava diferente.
Era a luz. Ainda estava a luz cinza-esverdeada de um dia nublado na floreta, mas estava mais claro de alguma forma. Eu percebi que não havia nenhuma névoa vendando minha janela.
Eu me levantei pra olhar lá fora, e então gemi horrorizada.
Uma fina camada de neve cobria o jardim, varria a parte de cima da minha caminhonete, e deixava a estrada toda branca.
Mas essa não era a pior parte.

Toda a chuva de ontem tinha congelado, virado gelo — cobrindo o topo das árvores em fantástico padrões deslumbrantes, e cobrindo a calçada com um gelo mortal. Eu tive bastante dificuldade para não cair no chão seco; poderia estar mais seguro para eu voltar agora para cama.

Charlie tinha ido para o trabalho antes de eu descer escada abaixo. De muitos modos, vivendo com Charlie tinha como eu ter meu próprio lugar, e eu fiquei me divertindo sozinha, mesmo sem ter ninguém.

Eu joguei rapidamente no chão uma tigela de cereal e um pouco de suco de laranja da caixa de papelão. Eu me sentia excitada para ir para a escola, e isso me assustou. Eu sabia que não era o estímulo do ambiente, percebi que estava me antecipando, ou meu novo grupo de amigos. Eu tinha que ser honesta comigo mesma, eu sabia que estava ansiosa para chegar a escola porque eu veria Edward Cullen.

E isso era mesmo muito estúpido.

Eu deveria o estar evitando completamente depois de minha conversa desmiolada e embaraçosa ontem.

E eu suspeitava dele; por que ele deveria mentir sobre os olhos dele? Eu ainda estava amedrontada pela hostilidade que eu às vezes sentia emanando dele, e eu ainda ficava com a língua-amarrada sempre que olhava a face perfeita dele.

eu estava plenamente cosciente que nás eramos opostos que não se atraíam. Então eu não devia estar absolutamente tão ansiosa pra ver ele hoje.

Eu tive que usar toda a minha concentração pra conseguir sobreviver á descida nos tijolos cobertos se gelo da entrada. Eu quase perdí o equilíbrio quando finalmente cheguei á caminhonete, mas eu conseguí me agarrar no retrovisor e me salvar. Claramente, hoje seria um pesadelo.

Dirigindo para a escola, eu me distraí do medo de cair e as minhas especulações não desejadas sobre Edward Cullen e pensando em Mike e Eric, e na diferença óbvia em como os garotos adolescentes me tratavam aqui.

Eu tinha certeza que era exatamente a mesma que era em Phoenix. Talvez fosse só porque os garotos de Phoenix me viram passar por todas as fases estranhas da adolescencia e ainda pensavam em mim daquele jeito. Talvez fosse porque eu era novidade aqui, onde as novidades são algo muito raro. Talvez o meu jeito desajeitado fosse visto como uma coisa mais encarecedora do que patética, me transformando numa donzela ao invés de algum tormento. Qualquer que fosse a razão, o comportamento de cãozinho de Mike e a aparente rivalidade de Eric eram desconcertantes.Eu não tinha certeza que não preferia ser ignorada.

Minha caminhonete parecia não ter problemas com o gelo preto que cobria a estrada. apesar disso, eu dirigi bem devagar pra não cravar uma espécie de trilha na rua principal.

Quando eu saí do meu carro na escola eu ví porque eu tive tão poucos problemas.

Algo prateado chamou minha atenção, e eu caminhei para o fundo da caminhonete - segurando cautelosamente o suporte lateral- para examinar os meus pneus. Haviam pequenas correntes cruzadas em formatos de diamantes ao redor deles. Charlie deve ter acordado sabe-se lá que horas pra colocar as correntes nos meus pneus. De repente eu sentí minha garganta apertando. Eu não estava acostumada a ser cuidada, e a preocupação de Charlie me pegou de surpresa.

Eu estava no canto de trás da minha caminhonete, tentando lutar com a onda de emoções que as correntes de neve troxeram, quando eu ouví um som estranho. Era como um arranhão muito alto, estava rapidamente se tornando dolorosamente alto. Eu olhei para cima,estarrecida.

Eu ví várias coisas simultâneamente. Nada estav se mexendo em câmera lenta como acontece nos filmes. ao invés disso, a adrenalina pareceu fazer o meu cérebro trabalhar muito mais rápido, e eu fui capaz de absorver em detalhes claros várias coisas ao mesmo tempo.

Edward Cullen estava parado quatro carros á minha frente me encarando horrorizado. O rosto dele se destacou do mar de rostos, todos petrificados com a mesma expressão de choque. Mas de mais imediata importância havia uma van azul escura derrapando, pneus guinchando contra os freios, girando selvagemente no gelo do estacionamento. Ia bater num dos cantos traseiros da minha caminhonete, e eu estava entre eles. Eu nem tive tempo de fechar os meus olhos. Logo antes de ouvir o barulho de algo se quebrando vindo da carroceria da minha caminhonete, alguma coisa bateu em mim, forte, mas não da direção que eu estava esperando. Minha cabeça bateu contra o gelo empretecido, e eu senti alguma coisa sólida e fria me pressionando no chão. Eu estava deitada no chão atrás do carro de pintura queimada que estava estacionado próximo ao meu.

Mas eu não tive a chance de prestar atenção em mais nada porque a van ainda estava vindo. Ela havia feito uma curva no fundo da minha caminhonete, e ainda girando e deslizando, estava prestes a colidir comigo de novo.

Uma voz baixa me disse que alguem estava comigo,e a voz era impossível não reconhecer. Duas mãos longas, brancas ficaram protetoramente na minha frente e a van parou a um palmo de distância de mim, as mãos grandes cabendo perfeitamente num vão profundo na lateral da van. As mãos dele se moveram tão rápido que ficaram fora de foco.

Uma delas estava de repente agarrando o fundo da van, e alguma coisa estava me puxando,empurrando minhas pernas como se elas fossem de uma boneca de trapo até que elas encostaram no pneu do carro com a pintura queimada. O baque de um som metáloco fez meus ouvidos doerem, e a van estava estabilizada no chão, vidro caindo no asfalto - exatamente onde minhas pernas haviam estado.

Tudo ficou absolutamente silencioso por um longo segundo antes da gritaria começar.Mas mais claramente que a gritaria, eu podia ouvir a voz baixa, desesperada de Edward no meu ouvido.

"Bella? Você está bem?"

"Eu estou bem". Minha voz soou estranha. Eu sentei sentar, e me dei conta que ele estava me apertando do lado do corpo dele com muita força.

"Tenha cuidado",ele avisou quando eu relutei," eu acho que você bateu bem forte com a cabeça".

Eu me dei conta de uma dor pulsante centrada bem acima da minha orelha esquerda.

"Au", eu disse, surpresa.

"Foi o que eu pensei". "A voz dele, incrivelmente, fez parecer que ele estav prendendo uma risada.

"Como diabos..." eu parei, tentando limpar minha mente,me orientar.

"Como é que você chegou aqui tão rápido?"

"Eu estava parado bem ao seu lado, Bella" ele disse, seu tom estava sério de novo.

Eu tornei a sentar, e dessa vez ele deixou, soltando o seu braço da minha cintura e escorregando pra o mais longe de mim que foi possível no espaço limitado. Eu olhei para a expressão preocupada, inocente dele e mais uma vez estava disorientada pela força dos seus olhos dourados. O que é que eu estava perguntando a ele?

E então eles nos encontraram, uma multidão de pessoas com lágrimas saindo dos olhos e escorrendo pelo rosto, gritando umas para as outras, gritando para nós.

"Não se mexam" alguém instruiu.

"Tirem Tyler da van!" outra pessoa gritou.

Havia um fluxo de atividade ao nosso redor. Eu tentei levantar, mas as mãos frias de Edward me puxaram pra baixo pelo ombro.

"Fique quieta por enquanto".

"Mas está frio", eu reclamei. Eu me surpreendí quando ele gargalhou baixinho.

Havia uma margem no som.

"Você estava bem alí", de repente eu lembrei, e a gargalhada dele parou na hora. "Você estava perto do seu carro".

A expressão dele ficou dura. "Não, eu não estava."

"Eu ví você". Tudo ao nosso redor estava um caos. Eu pude ouvir a voz áspera de adultos se aproximando da cena. Mas eu obstinadamente me mantive na nossa discussão; eu estava certa, e ele ia ter que admitir.

"Bella, eu estava em pé com você, e eu te tirei do caminho." Ele usou todo o poder imenso, devastador do seu olhar em mim, como se estivesse tentando me comunicar algo crucial.

"Não", eu apertei minha mandíbula.

O dourado dos seus olhos brilhou. "Por favor, Bella".

"Porque?" eu perguntei.

"Confie em mim." ele alegou, a voz dele opressiva.

Eu podia ouvir o som de sirenes agora. "Você promete que vai me explicar tudo depois?"

"Tá bom" ele disse, subtamente exasperado.

"Tá bom", eu repeti enfurecida.

Foi preciso seis paramédicos e dois professores- Sr. Varner e treinador Clapp- para afastar a van o suficiente pra trazer macas até nós. Edward veementemente recusou a dele, e eu tentei fazer o mesmo,mas o traidor contou a eles que eu tinha batido a minha cabeça e que provavelmente tinha tido uma concussão. Eu quase morrí de humilhação quando eles colocaram o suporte de pescoço. Parecia que a escola inteira estava lá, assistindo sóbriamente enquanto eles me colocaram no fundo da ambulância. Edward pôde ir na frente.

Era enlouquecedor.

pra piorar a situação, o chefe Swan chegou antes que eles pudessem me colocar a uma distância segura.

"Bella!", ele gritou em pânico quando me reconheceu na maca.

"Eu estou completamente bem, Char- pai.", eu suspirei. "Não tem nada errado comigo."

Ele se virou para o paramédico mais próximo para pedir uma segundo opinião. Eu desliguei ele da minha mente pra tentar considerar a confusão de imagens inexplicáveis se agitando loucamente na minha cabeça.

Quando eles me tiraram de perto do carro, eu pude ver um buraco profundo na lateral do carro do carro com a pintura queimada- uma cavidade muito distinta que se ajustava ao contorno dos ombros de Edward...como se ele tivesse se forçado contra o carro com força suficiente para danificar a estrutura de metal...

E lá estava a família dele, olhando de longe, com expressões que iam da desaprovação á furia mas que não continham nenhuma espécie de preocupação com a segurança do irmão.

Eu tentei encontrar uma solução lógica que pudesse explicar o que havia acabado de ver- uma solução que excluísse a possibilidade de eu ser louca.

Naturalmente, a ambulância conseguiu uma escolta policial. Eu me sentí ridícula em cada intante enquanto eles me tiravam de lá. O que piorou a situação foi que Edward entrou no hospital por suas próprias pernas. Eu apertei meus dentes.

Eles me colocaram na sala de emergência, uam sala longa com uma fileira de camas separadas por cortinas em tom pastel. Uma enfermeira colocou um medidor de pressão arterial no meu braço e um termometro embaixo da minha língua. Já que ninguém se incomodou em puxar a cortina para me proferir alguma privacidade, eu decidí que não era mais obrigada a usar aquele suporte para pescoço ridículo.

Quando a enfermeira foi embora, eu rapidamente soltei o Velcro e joguei ele embaixo da cama.

Houve outro fluxo do pessoal do hospital, outra maca foi trazida para o meu lado. Eu reconhecí Tyler Crowley da minha aula de História embaixo das bandagens apertadas na cabeça dele que estava coberta de sangue. Tyler pareceu 100 vezes pior do que eu me sentia.

Mas ele estava me encarando ansiosamente.

"Bella, me desculpe."

"Eu estou bem, Tyler- você parece horrível, está tudo bem?" Enquanto falávamos, as enfermeiras começaram a tirar as bandagens encharcadas dele, deixando expostas uma porção de cortes superfíciais em toda a sua testa e na bochecha esquerda.

Ele me ignorou. "Eu pensei que fosse matar você!Eu estav indo rápido demais e batí errado no gelo..."

Ele choramingou enquanto a enfermeira tocava o seu rosto de leve.

"Não se preocupe com isso; você errou a pontaria."

"Como é que você saiu do caminho tão rápido? Você estava lá, e de repente não estava mais..."

"Umm... Edward me tirou do caminho."

"Quem?"

"Edward Cullen- ele estava do meu lado." Eu sempre mentí muito mal; eu não soei nem um pouco convicente.

"Cullen? Eu não ví ele...uau, foi rápido demais, eu acho. Ele está bem?"

"Eu acho que sim. Ele tá aqui, em algum lugar, mas eles não o fizeram usar uma maca".

Eu sabia que eu não estava louca. O que aconteceu? Não havia nenhuma forma de explicar o que tinha visto.

Então eles me levaram pra fazer um raio-x. Eu disse a eles que não havia nada errado comigo, e eu estava certa. Nem uma concussão. Eu perguntei se podia ir embora, mas a enfermeira disse que eu tinha que falar com um médico antes. Então eu estava presa na sala de emergência, esperando, sendo molestada pelos pedidos contantes de desculpa de Tyler e pelas promessas de que ele ia me recompensar.

Eu tentei convencê-lo de que estava bem, mas ele continuou se atormentando. Finalmente, eu fechei os meus olhos e ignorei ele. Ele continuou com o seu discurso cheio de remorso.

"Ela está dormindo?", perguntou uma voz musical. Meus olhos se abriram.

Edward estava no pé da minha cama, sorrindo. Eu encarei ele. Não foi

fácil- seria mais natural admirá-lo.

"Ei, Edward, eu lamento muito -" Tyler começou.

Edward levantou a mão para parar ele.

"Sem sangue, sem danos ",ele disse mostrando seus dentes brilhantes.

Ele foi se sentar na borda da cama de Tyler, me encarando. Ele sorriu de novo.

"Então, qual é o veredito?" ele me perguntou.

"Não tem absolutamente nada de errado comigo, mas eles não querem me deixar ir embora.", eu reclamei.

"Como é que você não está acorrentado numa cama como o resto de nós?"

"Tudo depende dos seus contatos", ele respondeu. "Mas não se preocupe, eu vim pra te animar."

Nessa hora um médico virou no corredor e o meu queixo caiu. Ele era jovem, ele era loiro... e muito mais bonito do que qualquer estrela de cinema que eu já tenha visto. No entanto, ele era pálido e parecia cansado, com círculos embaixo dos olhos. Pela descrição de Charlie, esse tinha que ser o pai de Edward.

"Então senhorita Swan", Dr. Cullen disse numa voz notavelmete atraente, "como é que você está se sentindo?"

"Eu estou bem", eu repetí pela última vez,eu esperava.

Ele caminhou para o painél de luz em cima da minha cabeça, e o ligou.

"Seu raio-x parece bom", ele disse. "A sua cabeça está doendo?Edward disse que você bateu com força."

"Ela está bem", eu repeti com um suspiro, olhando de relance na direção de Edward.

Os dedos frios do doutor tatearam levemente no meu crânio. Ele percebeu quando eu gemí.

"Delicado?" ele perguntou.

"Na verdade não", podia ser pior.

Eu ouví uma gargalhada e olhei pra ver o sorriso complacente de Edward. Eu revirei os olhos.

"Bem, o seu pai está na sala de espera- você pode ir pra casa com ele agora. Mas volte se você tiver vertigens ou se tiver qualquer problema com a sua visão."

"Eu posso voltar para a escola?", eu perguntei, imaginando Charlie tentando ser atencioso.

"Talvez você devesse pegar leve hoje".

Eu dei uma olhada pra Edward. "Ele vai poder voltar para a escola?"

"Alguém tem que espalhar a boa notícia que nós sobrevivemos", Edward disse fazendo chacota.

"Na verdade", Dr. Cullen corrigiu. "Parece que toda a escola está na sala de espera."

"Ah não", eu gemí cobrindo o rosto com as mãos.

Dr. Cullen ergueu as sobrancelhas. "Você quer ficar?"

"Não, não!" Eu insisti jogando as minhas pernas pelo lado da cama e me colocando rápido de pé. Rápido demais- eu cambaleei, e Dr. Cullen me sugurou. Ele pareceu preocupado.

"Eu estou bem." Eu assegurei pra ele. Não tinha porque dizer pra ele que os meus problemas com o equilíbrio não tinham nada a ver com o fato de eu ter batido com a cabeça.

"Tome Tylenol para a dor" ele sugeriu enquanto me sustentava.

"Não dóe tanto", eu insisti.

"Parece que você teve muita sorte", Dr. Cullen disse enquanto assinava a meu quadro com um gesto floreado.

"Sorte que Edward estava do meu lado", eu emendei com um olhar duro na direção do objeto da minha declaração.

"Oh, bem, sim", Dr. Cullen concordou, subitamente ocupado com uns papéis na frente dele.Depois ele olhou pro outro lado, pra Tyler, e andou até a próxima cama. Minha intuição flutuou; o Dr. sabia de tudo.

"Eu temo que você terá que ficar conosco um pouco mais de tempo". Ele disse para Tyler e começou a checar os cortes dele.

Assim que o Dr. ficou de costas eu me aproximei de Edward.

"Será que eu posso falar com você por um minutinho?" eu cochichei por baixo do fôlego. Ele deu um passo se afastando de mim, sua mandíbula subitamente apertada.

"Seu pai está esperando por você", ele disse entre dentes.

Eu olhei de relance pra Dr. Cullen e Tyler.

"Eu gostaria de falar com você em particular, se você não se incomodar.", eu pressionei.

Ele me olhou fixamente, e depois me deu as costas e caminhou pelo longo quarto. Eu praticamente tive que correr para acompanhá-lo.

Assim que viramos na curva para um pequeno corredor, ele se virou para me encarar.

"O que você quer?" ele perguntou, parecendo aborrecido. Seus olhos eram frios.

A expressão nada amigável dele me intimidou. Minhas palavras sairam com menos severidade do que eu pretendia. "Você me deve uma explicação", eu lembrei ele.

"Eu salvei a sua vida- eu não te devo nada"

Eu vacilei com o resentimento na voz dele. "Você prometeu."

"Bella, você bateu com a cabeça, você não sabe do que está falando"

o tom dele era cortante.

Agora o meu temperamento estava em chamas, eu encarei ele desafiadoramente. "Não tem nada errado com a minha cabeça".

Ele me encarou de volta. "O que você quer de mim, Bella?"

"Eu quero saber a verdade," eu disse."Eu quero saber porque estou mentindo por você."

"O que você acha que aconteceu?", ele soltou.

Saiu num sopro.

"Tudo o que eu sei é que você não estava em nenhum lugar perto de mim- Tyler também não viu você, então não diga que eu batí muito forte com a cabeça. Aquela van ia esmagar nós dois- e não esmagou, e as suas mãos deixaram buracos na lateral dela- e você deixou um buraco na lateral daquele outro carro, e você não está absolutamente machucado. E a van devia ter amassado as minhas pernas, mas você estava segurando ela..." Eu tinha noção do quanto aquilo soava louco, e eu não pude continuar. Eu estava com tanta raiva que podia sentir as lágrimas chegando; eu tentei forçá-las a desaparecer apertando os meus dentes juntos.

Ele estava me olhando incrédulo. Mas o rosto dele estava tenso, na defensiva.

"Você acha que eu tirei uma van de cima de você?". O tom dele questionava a minha sanidade, mas só me deixou mais suspeitas. Era como uma fala perfeitamente decorada por um ator talentoso.

Eu simplesmente afirmei com a cabeça uma vez, mandíbula apertada.

"Ninguém vai acreditar nisso, sabe." agora a voz dele tinha um tom de zombaria.

"Eu não vou contar pra ninguem". Eu disse cada palavra vagarosamnete, cuidadosamnete controlando a minha raiva.

A surpresa apareceu no rosto dele. "Então porque isso importa?"

"Importa pra mim" eu insistí. "Eu não gosto de mentir- então seria melhor se eu tivesse uma boa razão pra fazer isso."

"Será que você não pode só me agradecer e esquecer isso?"

"Obrigada", eu disse fumaçando e esperando.

"Você não vai desistir, vai?"

"Não."

"Nesse caso... eu espero que você gosto do desapontamento."

Nós nos olhamos em silêncio. Eu fui a primeira a quebrar o silêncio, tentando manter o foco. Eu corria o risco de me distrair com o seu rosto lívido,glorioso. Era como tentar encarar um anjo destruidor.

"Porque você se incomoda?" eu perguntei frigidamente.

Ele pausou, por um instante seu rosto estonteante ficou inesperadamente vulnerável.

"Eu não sei", ele cochichou.

Aí ele me deu as costas e caminhou pra longe de mim.

Eu estava com tanta raiva que demorou uns minutos até que eu pudesse me mover. Quando eu consegui andar, eu caminhei lentamente lentamente para a saída no final do corredor.

A sala de espera estava mais desagradável do que eu temia. Parecia que todos os rostos que eu conhecia em Forks estavam lá, me encarando. Charlie correu para o meu lado; eu levantei as mãos.

"Não tem nada de errado comigo", eu assegurei solenemente. Eu ainda estava importunada, sem o mínimo humor pra conversinha.

"O que o doutor disse?"

"Dr. Cullen me viu, e ele disse que eu estava bem e que podia ir pra casa.", eu suspirei. Mike e Jéssica e Eric estavam todos lá, começando a vir na nossa direção. "Vamos logo", eu apressei.

Charlie colocou o braço atrás das minhas costas, não necessariamente me tocando, e me guiou até as portas de vidro da saída. Eu acenei timidamente para os meus amigos, esperando convencê-los de que eles não precisavam mais se preocupar comigo.

Era um enorme alívio- a primeira vez que já me sentí assim - entra na viatura.

Nós dirigimos em silêncio. Eu estava tão presa nos meus pensamentos que praticamente nem reparei que Charlie estava lá. Eu tinha certeza que a postura defensiva de Edward era uma confirmação de todas as bizarrices que eu ainda não podia acreditar que tinha testemunhado.

Quando nós chegamos em casa, Charlie finalmente falou.

"Umm... você vai precisar ligar pra Renée", ele baixou a cabeça, em sinal de culpa.

Eu estava apática. " Você contou á mamãe!"

"Desculpe."

Eu batí a porta da viatura um pouco mais forte do que o necessário quando saí.

Minha mãe estava histérica, é claro. Eu tive que dizer a ela que estava bem pelo menos umas trinta vezes antes dela se acalmar. Ela me implorou pra voltar pra casa- esqucendo que nossa casa estava vazia naquele momento- mas as súplicas dela foram mais fáceis de resistir do que eu imaginava. Eu estava consumida pelo mistério que Edward representava. E uma pouco mais obsecada pelo próprio Edward.

Burra, burra, burra.

Eu não estava tão ansiosa pra deixar Forks quanto eu deveria estar, como qualquer pessoa normal e sã deveria estar.

Eu decidí que devir ir dormir mais cedo naquela noite. Charlie continuou cuidando de mim ansiosamente, e isso estava me deixando nervosa. Eu parei no caminho pra pegar três Tylenol no banheiro. Eles ajudaram, e quando a dor passou, eu peguei no sono.

Essa foi a primeira noite que eu sonhei com Edward Cullen.

4. Convite

No meu sonho estava muito escuro, e a pouco luz que havia lá parecia estar vindo da pele de Edward. Eu não conseguia ver ele, só as costas dele enquanto ele andava pra longe de mim, me deixando na escuridão. Não importava o quanto eu corresse, eu não conseguia acompanhá-lo; não importava o quanto eu gritasse por ele, ele nunca se virava. Confusa, eu acordei no meio da noite e não conseguí mais dormir pelo que pareceu ser um longo tempo. Depois disso, ele estava nos meus sonhos praticamente toda noite, mas sempre distante, nunca a meu alcance.
O mês que se seguiu ao acidente foi incômodo, tenso, e, a princípio, até embaraçoso.
Para meu desânimo, eu me tornei o centro das atenções pelo resto da semana.
Tyler Crowley estava impossível, me seguindo, obeseca com a idéia de me recompensar de algum modo. Eu tentei convencê-lo de que o que mais queria era que ele esquecesse o que aconteceu - especialmente já que nada aconteceu comigo - mas ele continuou insistindo.
Ele me seguiu entre as aulas e se sentou na nossa agora lotada mesa do almoço. Mike e Eric eram ainda menos amigáveis com ele do que um com o outro, o que me deixou preocupada por estar ganhando outro fã indesejado.
Ninguém pareceu preocupado com Edward, apesar de eu ter explicado milhões de vezes que ele era o herói - como ele me tirou do caminho e quase foi atingido também. Eu tentei ser convincente. Jéssica, Mike, Eric e todos os outros sempre comentavam que eles nem sequer tinham visto ele lá até que a van foi tirada do caminho.
Eu pensei comigo mesma porque ninguém havia visto ele em pé lá longe, antes que ele estivesse de repente, impossivelmente salvando a minha vida. Com pesar, eu me dei conta da possível causa - ninguém estava tão conscinte da presença de Edward quanto eu estava. Ninguém mais observava ele como eu. Que pena.
Edward nunca estava cercado de espectadores ansiosos pela sua atenção. As pessoas evitavam ele como sempre. Os Cullen e os Hales se sentavam na mesma mesa como sempre, sem comer,falando apenas uns com os outros.

Nenhum deles, especialmente Edward, olhou mais na minha direção.

Quando ele sentava perto de mim na sala, tão longe de mim quanto a mesa permitia, ele parecia totalmente alheio á minha presença. Só de vez em quando, quando os pulsos dele se apertavam - a pele ficava ainda mais branca ao redor dos ossos - eu ficava imaginando se ele estava mesmo tão inconscinte quanto queria fazer parecer.

Ele desejava não ter me tirado do caminho da van de Tyler - pra mim não havia outra conclusão.

Eu queria muito falar com ele, e no dia depois do acidente eu tentei. Na última vez que eu ví ele, fora da sala de emergência, nós dois estávamos tão furiosos. Eu ainda estava com raiva por ele não confiar em mim a ponto de dizer a verdade, apesar de eu estar cumprindo com a minha parte do trato perfeitamente. Mas ele tinha de fato salvado a minha vida, não importa como. Durante a noite a minha raiva se transformou em gratidão.

Ele já estava sentado quando eu entrei em Biologia, olhando diretamente pra frente. Ele não deu nenhum sinal de que sabia que eu estava lá.

"Olá Edward", eu disse agradavelmente, pra mostrá-lo que eu ia me comportar direitinho.

Ele virou uma fração na minha direção sem olhar pra mim, balançou a cabeça uma vez, e então olhou pro outro lado.

E esse foi o último contato que eu tive com ele, apesar dele estar lá, a um passo de mim, todos os dias. As vezes eu ficava observando ele, sem conseguir me controlar - á distância, contudo, na cafeteria ou no estacionamento. Eu observava como os seus olhos dourados ficavam perceptivelmente mais e mais pretos a cada dia. Mas na aula eu não dava mais atenção a ele do que ele dava pra mim.

Eu estava arrasada. E os sonhos continuavam.

Apesar das minhas mentiras deslavadas, a tenacidade doas meus e-mails alertaram Renée para a minha depressão, e ela ligou algumas vezes, preocupada. Eu tentei convencê-la de que era só o clima que estava me deixando pra baixo.

Mike, ao menos, parecia estar satisfeito pela óbvia frieza entre mim e meu parceiro de laboratório.

Eu podia ver que ele andava preocupado que o salvamento arriscado de Edward tivesse me impressionado, e ele parecia aliviado que pareceu ter o efeito o oposto. Ele ficou mais confiante, sentando na borda da minha mesa pra conversar antes da aula de Biologia começar, ignorando Edward tão completamente quanto ele ignorava nós dois.

A neve foi embora de vez depois daquele dia perigosamente gelado. Mike estava desapontado porque não pôde fazer a sua briga de bola de neve, mas satisfeito que a ida á praia seria o mais breve possível. A chuva, porém, continuou pesada e as semanas foram passando.

Jéssica me alertou de outro evento despontando no horizonte - ela ligou na primeira Terça-feira de Março pra pedir minha permissão pra convidar Mike para o baile da escolha das garotas dentro de duas semanas.

"Tem certeza que você não se importa...você não estava planejando convidá-lo?" ela insistiu quando eu disse que não me importava nem um pouco.

"Não Jess, eu não vou." eu garantí pra ele. Dançar estava além do alcance dasminha habilidades.

"Vai ser muito divertido", a tentativa de convite dela foi meio falsa. Eu suspeitava que Jéssica gostava mais da minha inexplicável popularidade do que da minha companhia propriamente dita.

"Se divirta com Mike", eu encoragei.

No outro dia, eu fiquei surpresa que Jéssica não estava sendo a mesma pessoa em Trigonometria e Espanhol. Ela estava quieta enquanto andava ao meu lado entre as aulas, e eu estava com medo de perguntar o por quê. Se Mike deixou ela na mão, eu seria a última pessoa pra quem ela iria querer contar.

Meus medos cresceram no almoço quando Jéssica se sentou tão longe de Mike quanto foi possível, conversando animadamente com Eric. Mike estava estranhamente quieto.

Mike ainda estava calado quando me acompanhou á aula, a expressão desconfortável no rosto dele era um mal sinal. Mas ele não tocou no assunto até que eu estava sentada e ele estava curvado sobre a minha mesa.

Como sempre, eu estava eletricamente consciente da presença de Edward sentado ao alcance do meu toque, distante como se ele fosse um fruto da minha imaginação.

"Então", Mike disse olhando pro chão, "Jéssica me convidou para o baile de primavera".

"Isso é ótimo". Eu fiz a minha voz ficar contente e entusiasmada.

"Você vai se divertir muito com a Jéssica"

"Bem...", ele gaguejou enquanto examinava o meu sorriso, claramente discontente com a minha resposta. "Eu disse a ela que precisava pensar."

"Porque você faria isso?" eu deixei a desaprovação aparecer no meu tom, apesar de estar aliviada que ele não tinha dado um não definitivo á ela.

O rosto dela estava vermelho quando ele olhou pro chão de novo. A piedade me deixou balançada.

"Eu estava imaginando se...bem, se você estava planejando me convidar."

Eu parei um segundo, odiando a onda de culpa que passou por mim. Mas eu ví, pelo canto dos meus olhos, quando um reflexo fez Edward virar a cabeça na minha direção.

"Mike, eu acho que você devia dizer sim pra ela", eu disse.

"Você já convidou outra pessoa?" Será que Edward percebeu os olhos de Mike na direção dele?

"Não," eu garantí pra ele "eu nem sequer vou ao baile."

"Porque não?", Mike quis saber.

Eu não queria falar sobre os perigos que dançar representava, então eu rapidamente inventei novos planos.

"Eu vou pra Seattle esse Sábado", eu expliquei. Eu precisava sair da cidade mesmo- de repente era o momento perfeito pra ir.

"Você não pode ir outra semana?"

"Desculpa, não", eu disse. "Então você não devia fazer Jess esperar mais- é rude."

"É, você está certa." ele murmurou, e se virou, arrasado, pra voltar pro seu lugar.

Eu fechei os meus olhos e pressionei os dedos nas minhas têmporas, tentando tirar a culpa e a pena da minha cabeça. O Sr. Banner começou a falar. Eu suspirei e abrí os olhos.

E Edward estava me olhando cheio de curiosidade, aquele mesmo olhar de frustração ainda mais distinto agora nos seus olhos pretos.

Eu olhei de volta, surpresa, esperando que ele olhasse rapidamente pra longe. Mas ao invés disso, ele continuou me olhando intensamente nos olhos. Eu não afastaria o olhar de jeito nenhum. Minhas mãos começaram a tremer.

"Sr. Cullen", o professor chamou, querendo a resposta para uma pergunta que eu não tinha ouvido.

"O ciclo dos caranguejos", Edward respondeu, parecendo relutante enquanto ele virava pra olhar para o Sr. Banner.

Eu olhei para os meus livros assim que estava livre do olhar dele, tentando me encontrar.Covarde como sempre, eu coloquei o meu cabelo sobre o meu ombro direito pra esconder o meu rosto. Eu não conseguia acreditar na onda de emoções pulsando no meu corpo - só porque ele olhou pra mim pela primeira vez em seis semanas.

Eu não podia permitir que ele tivesse esse nível de influência sobre mim. Era patético. Pior que patético, não era saudável.

Eu fiz o que pude pra não me dar conta da presença dele pela hora restante, e, já que era impossível, pelo menos fiz de tudo pra ele não se dar conta que eu me dava conta da presença dele. Quando o sinal finalmente tocou, eu me virei de costas pra ele pra juntar as minhas coisas, esperando que ele fosse embora imediatamente, como sempre.

"Bella?" a voz dele não devia soar tão familiar pra mim, como se eu conhecesse esse som por toda a minha vida e não por apenas algumas semanas.

Eu virei devagar, sem vontade. Eu não queria sentir o que eu sabia que ia sentir quando olhasse para o seu rosto mais que perfeito. A minha expressão era cautelosa quando eu finalmente me virei pra ele; a expressão dele era ilegível. Ele não disse nada.

"O que? Você já está falando comigo de novo?" eu finalmente perguntei, um pouco de petulância desintencional na minha voz.

Os lábios dele se contorceram, lutando contra um sorriso. "Na verdade não", ele admitiu.

Eu fechei meus olhos e inalei vagarosamente pelo nariz, consciente de que os meus dentes estavam se apertando. Ele esperou.

"Então o que você quer, Edward?" eu perguntei, mantendo meus olhos fechados; era mais fácil conversar coerentemente com ele desse jeito.

"Me desculpe", ele pareceu sincero."Eu estou sendo muito rude, eu sei. Mas desse jeito é melhor, mesmo."

Eu abrí meus olhos. O rosto dele estava sério.

"Eu não sei o que você quer dizer", eu disse, minha voz cautelosa.

"É melhor se nós não formos amigos", ele explicou. "Confie em mim".

Meus olhos reviraram. Eu já ouví isso antes.

"É uma pena que você não tenha descoberto isso mais cedo", eu falei entre meus dentes. "Você podia ter se poupado desse arrependimento".

"Arrependimento?", a palavra e o meu tom obviamente pegaram ele de surpresa. "Arrependimento pelo quê?"

"Por não ter simplesmente deixado aquela van estúpida passar por cima de mim."

Ele estava incrédulo. Ele me olhava em descrença.

Quando ele finalmente falou, ele parecia com raiva. "Você acha que eu me arrependo de ter salvado a sua vida?"

"Eu sei que você se arrepende." , eu disse.

"Você não sabe de nada", ele definitivamente estava com raiva.

Eu virei rapidamente a minha cabeça, prendendo a minha mandíbula pra não soltar de vez todas as acusações que tinha contra ele.

Eu juntei os meus livros, então me levantei e caminhei até a porta.

Eu planejava sair da sala dramaticamente da sala, mas é claro que eu batí a minha bota da porta e derrubei os meus livros. Eu fiquei lá por um momento, pensando em deixá-los. Então eu suspirei e me abaixei para apanhá-los. Ele estava lá; eles já tinha os colocado numa pilha. Ele me passou eles, sua expressão dura.

"Obrigada", eu disse geladamente.

Ele revirou os olhos.

"De nada", ele devolveu.

Eu me levantei, dei as costas pra ele e fui pra aula de ginástica sem olhar pra trás.

A ginástica foi brutal. Nós estavamos jogando Basquete. Meu time nunca me passava a bola, e isso era bom, mas eu caí muito. As vezes eu derrubava as pessoas comigo. Hoje eu estava pior que o normal porque minha cabeça estava cheia de Edward. Eu tentei me concentrar nos meus pés, mas ele voltava a inundar meus pensamentos quando eu mais precisava de equilíbrio.

Eu estava aliviada, como sempre, por ir embora. Eu quase corrí pro meu carro; havíam tantas pessoas que eu queria evitar. A caminhonete sofreu o mínimo de danos pelo acidente. Eu tive que trocar os faróis, e quando ela fosse pintada ficaria perfeita.

Os pais de Tyler tiveram que vender a van por partes.

Eu quase tive um ataque do coração quando ví uma silhueta alta, escura encostada na lateral da minha caminhonete. Então eu me dei conta que era só Eric. Eu comecei a andar de novo.

"Ei Eric", eu chamei.

"Oi Bella."

"O que foi?" eu disse enquanto destravava a porta. Eu não estava prestando atenção ao tom desconfortável da voz dele, então suas próximas palavras me pegaram de surpresa.

"Uh, eu estava só imaginando...se você não gostaria de ir ao baile de primavera comigo." A voz dele desapareceu na última palavra.

"Eu pensei que fosse escolha das garotas" eu disse, assustada demais pra ser diplomática.

"Bem, é..." ele admitiu, envergonhado.

Eu recuperei minha compostura e tentei sorrir docemente. "Obrigada por me convidar, mas eu vou pra Seattle nesse dia."

"Ah", ele disse. "Talvez da próxima vez."

"Claro", eu concordei e aí mordí meu lábio. Eu não queria que ele levasse isso muito a sério.

Ele foi embora, em direção á escola. Eu ouví uma gargalhada baixinha.

Edward estava passando pela minha caminhonete, olhando diretamente pra frente, seus lábios pressionados. Eu abrí a porta e pulei pra dentro, batendo ela com força atrás de mim.

Eu liguei o motor desafiadoramente e dei a ré saindo pelo corredor.

Edward já estava em seu carro, a duas vagas de distância, deslizando vagarosamente na minha frente, me atrapalhando.

Ele parou lá- pra esperar sua família; eu podia ver eles caminhando nessa direção, mas ainda perto da cafeteria. Eu pensei em arrancar o retrovisor do seu Volvo, mas haviam muitas testemunhas. Eu olhei no meu espelho retrovisor. Uma fila estava começando a se formar.

Diretamente atrás de mim, Tyler Crowley estava no seu Sentra usado, recentemente adquirido, acenando. Eu estava agitada demais pra prestar atenção nele.

Enquanto eu estava sentada lá, olhando pra todos os cantos menos pro carro na minha frente, eu ouví uma batidinha na minha janela do lado do passageiro. Eu olhei; era Tyler. Eu olhei de novo no meu retrovisor, confusa. O carro dele ainda estava ligado, a porta esquerda aberta. Eu me estendí pela cabine pra abrir a janela. Estava dura. Eu abrí até a metade, depois desistí.

"Desculpa, Tyler, eu estou presa atrás de Cullen", eu estava aborrecida- obviamente o engarrafamento não era culpa minha.

"Oh, eu sei- eu só queria te perguntar uma coisa enquanto estamos presos aqui", ele sorriu largamente.

Isso não podia estar acontecendo.

"Você vai me convidar para o baile de primavera?" ele continuou.

"Eu não vou estar na cidade Tyler", minha voz pareceu um pouco aguda. Eu tinha que lembrar que não era culpa dele que Mike e Eric já tinham acabado com a minha cota de paciência por aquele dia.

"É, Mike disse isso", ele admitiu.

"Então porque -"

Ele encolheu os ombros. "Eu estava pensando que você só não queria machucá-lo"

OK, foi culpa dele.

"Desculpe, Tyler", eu disse tentando esconder minha irritação. "Eu estou mesmo saindo da cidade"

"Tudo bem. Ainda temos o baile de fim de ano."

E antes que eu pudesse responder, ele estava caminhando de volta pro seu carro. Eu podia sentir o choque no meu rosto. Eu olhei pra frente pra ver Alice, Rosalie, Emmett e Jasper todos entrando no Volvo. No espelho retrovisor dele, os olhos de Edward estavam em mim. Ele estava inquestionávelmente se balançando de rir, como se ele tivesse ouvido cada palavra de Tyler.

Meu pé se aproximou do acelerador... um empurrãozinho não ia machucar nenhum deles, só aquela pintura prateada do Volvo. Eu acelerei o motor.

Mas eles estavam todos dentro, e Edward estava indo embora. Eu dirigí pra casa devagar, cuidadosamente, murmurando pra mim mesma durante o caminho inteiro.

Quando eu cheguei em casa, eu resolví fazer enchiladas de frango pro jantar. Era um longo processo, e me manteria ocupada. Enquanto eu estava picando as cebolas e o chili, o telefone tocou. Eu estava quase com medo de atender, mas podia ser Charlie ou minha mãe.

Era Jéssica, e ela estava exultante; Mike alcançou ela depois da escola para aceitar o seu convite. Eu comemorei brevemente com ela enquanto me movimentava. Ela tinha que desligar. Ela tinha que ligar pra Angela e Lauren pra contar a elas. Eu sugerí - com uma inocência casual- que talvez Angela, a garota tímida que tinha Biologia comigo, podia convidar Eric. E Lauren, uma garota reservada que sempre me ignorava na mesa do almoço, podia convidar Tyler; eu tinha ouvido dizer que eles estavam disponíveis. Jess achou que essa era uma ótima idéia. Agora que ela tinha certeza de Mike, ela realmete pareceu sincera quando disse que gostaria que eu fosse para o baile. Eu dei a desculpa de Seattle.

Depois que eu desliguei, eu tentei me concentrar no jantar- cortando o frango especialmente; eu não queria fazer outra visitaá sala de emergência. Mas a minha cabeça estava rodando, tentando analizar cada palavra que Edward havia dito hoje. O que ele queria dizer com , era melhor que não fôssemos amigos?

Meu estômago revirou quando eu entendí o que ele queria dizer. Ele deve ter reparado no quanto eu estava absorvida por ele; ele não deve querer que eu me engane...então não poderiamos ser amigos... porque ele não estava nem um pouco interessado em mim.

É claro que ele não estava interessado em mim, eu pensei com raiva, meus olhos pulsando- uma reação ás cebolas. Eu não era interessante. E ele era. Interessante...e brilhante...e misterioso...e perfeito...e lindo...

...E possívelmente capaz de levantar vans com uma mão só.

Bom, tudo bem. Eu podia deixá-lo em paz. Eu ia deixá-lo em paz. Eu ia suportar a sentença dada por mim mesma aqui no purgatório, e talvez alguma escola no Sul, possivelmente no Havaí ia me dar uma bolsa de estudos.

Eu me concentrei em praias ensolaradas e palmeiras enquanto terminava as enchiladas e colocava elas no forno.

Charlie pareceu desconfiado quando chegou em casa e sentiu o cheiro dos pimentões. Eu não podia culpá-lo- a única comida Mexicana próxima do comestível estava no Sul da Califórnia. Mas ele era um policial, mesmo que um policial de uma cidade pequena, então ele foi corajoso o suficiente pra dar a primeira mordida. Ele pareceu gostar. Era engraçado observar enquanto ele começava a confiar em mim na cozinha.

"Pai?" eu perguntei quando ele já estava quase acabando.

"Sim, Bella?"

"Um, só queria te dizer que eu vou pra Seattle no próximo Sábado...tudo bem?" Eu não queria pedir permissão- deixava uma má imagem- mas eu achei rude, então mudei de idéia no fim.

"Porque?", ele pareceu surpreso, como se ele não pudesse imaginar algo que Forks não pudesse oferecer.

"Bom, eu queria ir pegar alguns livros- a biblioteca daqui é bem limitada- e talvez vez algumas roupas." Eu tinha mais dinheiro do que estava acostumada, desde que, graças ao Charlie, eu não precisei comprar um carro. Não que a caminhonete não fosse cara em se tratando de gasolina.

"Essa caminhonete provavelmente não faz uma milhagem muito boa com a gasolina", ele disse fazendo um eco com os meus pensamentos.

"Eu sei, eu vou parar em Montesano e Olympia- e Tacoma se precisar."

"Você vai sozinha?", ele perguntou, e eu não conseguí dizer se ele pensava que eu tivesse um namorado secreto ou se ele só estava preocupado por causa do carro.

"Sim".

"Seattle é uma cidade grande, você pode se perder", ele disse.

"Pai, Phoenix é cinco vezes maior que Seattle- e eu sei ler um mapa, não se preocupe."

"Você quer que eu vá com você?"

Eu tentei ser profissional enquanto escondia o meu horror.

"Está tudo bem pai. Eu provavelmente estarei em provadores o dia inteiro- muito chato."

"Oh, OK". O pensamento de passar o dia inteiro sentado em lojas de roupas de mulher acalmou ele imediatamente.

"Obrigada." eu sorrí pra ele.

"Você vai estar de volta á tempo pro baile?"

Grrr. So numa cidade pequena como essa os pais sabem quando são os bailes.

"Não- eu não danço pai." Ele, de todas as pessoas,devia entender isso- eu não herdei os problemas de equilíbrio da minha mãe.

Ele entendeu. "Oh, tudo bem." Ele se tocou.

Na manhã seguinte, quando eu estacionei no estacionamento, eu deliberadamente estacionei o mais distante possível do Volvo prateado. Eu não queria cair em tentação e acabar fazendo ele merecer um carro novo. Saindo da cabine, eu deixei as chaves cairem numa poça aos meus pés. Enquanto eu me abaixava para apanhá-las, uma mão branca pegou-as num flash antes que eu pudesse tentar.

Edward Cullen estava bem na minha frente, encostado casualmente na minha caminhonete.

"Como você faz isso?"

"Faz o que?" Ele me passou as chaves enquanto falava. Quando eu ia apanhá-las ele jogou elas na palma da minha mão.

"Aparece do nada"

"Bella, não é culpa minha que você não é particularmente observadora" a voz dele era quieta como sempre- aveludada, emudecida.

Eu olhei para o seu rosto perfeito. Os olhos dele estavam claros hoje de novo, uma cor dourada da cor do mel, profunda.

Então eu tive que olhar pra baixo pra reagrupar os meus pensamentos agora confusos.

"Porque aquela pataquada no tráfego ontem?" eu perguntei de uma vez, ainda olhando pra longe. "Eu pensei que você devia estar me ignorando e não me irritando até a morte."

"Aquilo foi pro bem de Tyler, não pro meu. Eu tinha que dar uma chance a ele." ele riu silenciosamente.

"Você..." eu gaguejei. Eu não conseguí pensar numa palavra ruim o suficiente.

Eu sentí que o calor daminha raiva podia queimá-lo fisicamente, mas ele parecia estar se divertindo.

"Eu não estou fingindo que você não existe", ele continuou.

"Então você está tentando me irritar até a morte? Já que Tyler não conseguiu terminar o trabalho?"

A raiva transpareceu nos seus olhos. Os seus lábios se pressionaram até formar uma linha fina, todos os sinais de humor tinham desaparecido.

"Bella, você é muito absurda", ele disse, sua voz baixa estava fria.

Minhas palmas coçaram- eu queria tanto bater em alguma coisa. Eu estava surpresa comigo mesma. Normalmente eu não era uma pessoa violenta. Eu dei as costas e comecei a caminhar.

"Espere", ele chamou. Eu continuei andando, caminhando furiosamente pela chuva. Mas ele estava perto de mim, acompanhando o passo facilmente.

"Me desculpe por ser rude", ele disse enquanto andávamos. Eu ignorei ele. "Eu não estou dizendo que não é verdade", ele continuou, "Mas mesmo assim foi rude."

"Porque você não me deixa em paz?", eu murmurei.

"Eu queria perguntar uma coisa, mas você me desconcentrou",ele riu.

Ele parecia ter recuperado o bom humor.

"Você tem alguma disordem de múltipla personalidade?", eu perguntei severamente.

"Você está fazendo de novo".

Eu suspirei. "Tá bom, o que você quer perguntar?"

"Eu estava imaginando se no Sábado da próxima semana- você sabe, no dia do baile de primaveira-"

"Você está tentando ser engraçado ?" Eu interrompí me virando pra ele. Meu rosto ficou encharcado quando eu olhei pra cima pra ver sua expressão.

Seus olhos estavam estranhamente divertidos. "Será que você pode me deixar terminar por favor?"

Eu mordí meu lábio e juntei minhas mãos, entrelaçando meus dedos, assim eu não faria nada de que eu pudesse me arrepender.

"Eu ouví você dizendo que vai pra Seattle nesse dia, e eu estava imaginando se você quer uma carona."

Isso foi inesperado.

"O que?" Eu não tinha idéia de onde ele queria chegar.

"Você quer uma carona até Seattle?"

"Com quem?" eu perguntei, mistificada.

"Comigo, obviamente". Ele pronunciou cada sílaba, como se estivesse falando com alguém mentalmente incapacitado.

Eu ainda estava atordoada. "Porque?

"Bom, eu estava planejando ir á Seattle nas próximas semanas, e, pra ser honesto, eu não tenho certeza se o seu carro aguenta."

"Minha caminhonete funciona muito bem, obrigada pela preocupação." Eu comecei a andar de novo, mas eu estava muito surpresa pra manter o mesmo nível de raiva.

"Mas a sua caminhonete consegue chegar até lá com um tanque de gasolina?" Ele acompanhou o meu passo de novo.

"Eu não vejo como isso pode ser da sua conta." Estúpido dono do Volvo brilhante.

"O desperdício de bens findáveis é da conta de todo mundo."

"Honestamente, Edward",eu sentíuma alegria percorrer meu corpo quando eu disse o nome dele. "Eu não consigo te acompanhar. Eu pensei que você não queria ser meu amigo."

"Eu disse que seria melhor se não fôssemos amigos, não que eu não queria ser."

"Oh, obrigada, isso esclarece tudo" Sarcasmo pesado. Eu percebí que tinha parado de caminhar de novo. Estávamos sob o teto da cafeteria agora, então eu podia olhar para o seu rosto com mais facilidade. O que certamente não ajudou muito na claridade do pensamento.

"Seria mais...prudente se você não fosse minha amiga", ele explicou. "Mas eu estou cansado de tentar ficar longe de você, Bella."

Seus olhos estavam gloriosamente intensos enquanto ele pronunciava a última frase, sua voz flamejante. Eu não conseguia lembrar de respirar.

"Você vai pra Settle comigo?" ele perguntou, ainda intenso.

Eu ainda não conseguia falar, então só balancei a cabeça.

Ele sorriu brevemente, então seu rosto ficou sério.

"Você realmente devia ficar longe de mim", ele avisou. "Te vejo na aula."

Ele se virou abruptamente e caminhou pra o lugar de onde tinhamos vindo.

 

5. Tipo Sanguíneo

Eu fui pra aula de inglês totalmente ofuscada. Eu nem me dei conta quando eu entrei na sala que a aula já tinha começado.
"Obrigado por se juntar a nós, Srta. Swan". Sr Mason disse me tom de afronta. Eu corei e corrí pro meu lugar.
Foi só no final da aula que eu percebi que Mike não estava sentado no seu lugar de sempre ao meu lado. Eu sentí uma ponta de culpa. Mas ele e Eric me encontraram na porta como sempre, então eu imaginei que eu estivesse um pouco desculpada. Mike pareceu se tornar mais ele mesmo enquanto caminhávamos, ganhando entusiasmo enquanto ele falava da previsão pro clima pra esse fim de semana.
A chuva daria uma pequena trégua, então talvez seu passeio á praia fosse possível.
Eu tentei parecer eufórica, pra me redimir por ter desapontado ele ontem. Era difícil; com chuva ou sem, a temperatura continuaria um pouco baixa, isso se tivéssemos sorte.
O resto da manhã passou num sopro. Era difícil de acreditar que eu não tinha apenas imaginado o que Edward havia me dito, e a expressão nos olhos dele. Talvez fosse só um sonho muito convincente que eu confundí com a realidade. Isso parecia mais prvável do que eu sendo apelativa pra ele em qualquer sentido.
Eu estava muito impaciente e aflita quando eu e Jéssica entramos na cafeteria. Eu queria ver seu rosto, ver se ele havia voltado a ser a pessoa fria, indiferente que eu conhecí pelas últimas semanas. Ou se, por algum milagre, eu realmente tinha ouvido o que eu achava que tinha ouvido essa manhã. Jéssica estava tagarelando sobre os seus planos para o baile - Lauren e Angela haviam convidado os outros garotos e eles estavam todos indo juntos- completamente alheia á minha desatenção.
Desapontamento me inundou quando os meus olhos se concentraram na mesa dele. Os outros quatro estavam lá, mas ele estava ausente. Ele foi pra casa? Eu segui a ainda tagarelante Jéssica pela fila, arrasada. Eu tinha perdido o meu apetite - eu não comprei nada além de uma garrafa de limonada. Eu só queria ir me sentar e mofar.

"Edward Cullen está olhando pra você de novo", Jéssica disse, finalmente quebrando a minha distração com o nome dele. "Eu me pergunto porque ele está se sentando sozinho hoje."

Minha cabeça deu um salto. Eu segui o olhar dela pra ver Edward, sorrindo, me observando de uma mesa vazia no lado contrário de onde ele se sentava de costume. Assim que ele encontrou meus olhos ele fez um gesto com o dedo indicador pedindo pra que eu me juntasse a ele. Enquanto eu o encarava sem acreditar, ele piscou pra mim.

"Ele tá chamando você?" Jéssica perguntou com um assombro muito insultante.

"Talvez ele precise de ajuda com o dever de casa de Biologia", eu murmurei pro bem dela. "Umm, é melhor eu ir ver o que ele quer".

Eu podia sentir ela me encarando enquanto eu me afastava.

Quando eu alcancei a mesa dele, eu fiquei de pé atrás da cadeira na frente dele, incerta.

"Porque você não se senta comigo hoje?" ele me perguntou, sorrindo.

Eu sentei automaticamente, observando ele com cuidado. Ele ainda estava sorrindo. Era difícil de acreditar que alguém tão bonito pudesse ser real. Eu temia que ele desaparecesse repentinamente numa nuvem de fumaça, e eu acordasse.

Ele parecia estar esperando que eu dissesse alguma coisa.

"Isso é diferente", eu finalmente consegui dizer.

"Bem...", ele pausou, depois suas palavras sairam todas de uma só vez. "Eu decidí que já que eu estou indo pro inferno, é melhor fazer direito."

Eu esperei pra que ele dissesse alguma coisa que fizesse sentido. Os segundos foram passando.

"Você sabe que eu não faço idéia do que você quer dizer", finalmente eu apontei.

"Eu sei", Ele sorriu de novo, e então mudou de assunto. "Eu acho que os seus amigos estão bravos comigo por roubar você."

"Eles vão sobreviver", eu podia sentir o olhar deles cravados nas minhas costas.

"Porém, eu posso não te devolver", ele disse com um brilho estranho no olhar.

Eu engolí seco.

Ele sorriu. "Você parece preocupada".

"Não", eu disse, ridiculamente, minha voz fugiu.

"Surpresa, na verdade...o que causou tudo isso?"

"Eu já te disse... eu me cansei de tentar ficar longe de você. Então, eu estou desistindo." Ele ainda estava sorrindo, mas seus olhos estavam sérios.

"Desistindo?", eu repetí confusa.

"Sim- desistindo de tentar ser bonzinho. Eu vou fazer o que eu quiser agora, e deixar acontecer o que tiver de acontecer." Seu sorriso sumiu enquanto ele explicava, sua voz adquiriu um tom duro.

"Você me perdeu de novo."

O sorriso arrebatador reapareceu.

"Eu sempre falo demais quando estou com você- esse é um dos problemas."

"Não se preocupe, eu não entendo nada mesmo.", eu disse.

"Eu estou contando com isso."

"Então, em Inglês simples, nós somos amigos agora?"

"Amigos...", ele meditou, em dúvida.

"Ou não." eu murmurei.

Ele sorriu. "Bem, nós podemos tentar, eu suponho. Mas eu te aviso que eu não sou um bom amigo pra você." Por trás do sorriso, se aviso era de verdade.

"Você diz muito isso.", eu notei, tentando acalmar o nervosismo no meu estômago e manter minha voz calma.

"Sim, porque você não está me ouvindo. Eu estou esperando que você acredite em mim. Se você for esperta, você vai me evitar."

"Eu acho que você também já deixou clara a sua opinião sobre o meu intelecto.", meus olhos reviraram.

Ele sorriu.

"Então, enquanto eu estou sendo...não esperta, nós vamos tentar ser amigos?" eu lutei pra entender a confusa mudança.

"Isso parece correto."

Eu olhei para as minhas mãos entrelaçadas na garrafa de limonada, sem saber o que fazer agora.

"No que você está pensando?", ele perguntou curiosamente.

Eu olhei pra os seus profundos olhos dourados, fiquei abobalhada, e como sempre, soltei toda a verdade.

"Eu estou tentando descobrir o que você é."

A mandíbula dele se contraiu, mas ele continuou sorrindo com algum esforço.

"Está tendo alguma sorte?", ele perguntou num tom desinteressado.

"Não muita", eu admiti.

Ele gargalhou. "Quais são as suas teorias?"

Eu corei. Durante o último mês eu estive entre Bruce Wayne e Peter Parker.

Não tinha jeito de eu dizer isso.

"Você não vai me contar?" ele perguntou inclinando a cabeça pra um lado com um sorriso chocantemente tentador.

Eu balancei minha cabeça. "Muito embaraçoso".

"Isso é muito frustrante, sabe", ele reclamou.

"Não", eu discordei rapidamente, meus olhos revirando. "Eu não consigo imaginar porque isso seria frustrante- só porque uma pessoa se recusa a te dizer o que ela está pensando, só porque ela está só criando pequenas observações obscuras que te mantêm você acordado se perguntando o que elas poderiam querer dizer com aquilo... agora, porque isso seria frustrante?"

Ele fez uma careta.

"Ou melhor", eu continuei, o tom de aborrecimento saindo livremente agora. "Digamos que essa pessoa tanbém fez algumas coisas bizarras- de salvar a sua vida sob circunstâncias impossíveis um dia pra depois tratar você como uma estranha no outro dia, e ele nunca explica nada disso, mesmo se ele prometeu. Isso, também seria muito não frustrante."

"Você tem um temperamento um pouco forte, não tem?"

"Eu não gosto de duplos padrões".

Nós encaramos um ao outro, sem sorrir.

Ele deu uma olhada por cima do meu ombro, e então,inesperadamente, ele sorriu silenciosamente.

"O que é?"

"O seu namorado parece estar pensando que eu estou sendo rude com você- ele está se questionando se deve ou não vir aqui apartar a nossa briga.", ele sorriu silenciosamente de novo.

"Eu não sei do que você está falando", eu disse frigidamente. "Mas de qualquer forma, eu tenho certeza que você está enganado."

"Eu não estou. Eu já te disse, a maioria das pessoas é fácil de ler."

"Exceto eu, é claro."

"Sim. Exceto você.", seu humor mudou de repente; seus olhos se tornaram pensativos. "Eu me pergunto o porquê disso."

Eu tive que olhar pra longe da intensidade do seu olhar. Eu me concentrei em tirar o rótulo da minha garrafa de limonada. Eu tomei um gole, olhando para a mesa sem enxergá-la.

"Vicê não está com fome?", ele perguntou distraído.

"Não", eu não estava a fim de dizer que o meu estômago já estava cheio- de borboletas. "Você?" eu olhei para a mesa vazia na frente dele.

"Não, eu não estou com fome." Eu não entendí a expressão dele - parecia que ele estava de divertindo com algum tipo de piada secreta.

"Você pode me fazer um favor?", eu perguntei depois de um segundo de hesitação.

De repente ele estava cauteloso. "Depende do que você quer".

"Não é muito", eu garantí.

Ele esperou, cauteloso, mas curioso.

"Eu só estava imaginando...se você poderia me avisar com antecedência na próxima vez que você resolver me ignorar para o meu próprio bem. Só pra eu me preparar.", eu olhei para a garrafa de limonada enquanto falava, passando o dedo na boca da garrafa.

"Parece justo." Ele estava pressionando os lábios pra não rir quando eu olhei pra cima.

"Obrigada."

"Então posso ter uma resposta em retorno?" ele pediu.

"Uma."

"Me diga uma das suas teorias."

Opa. "Essa não."

"Você não qualificou, você só prometeu uma resposta", ele me lembrou.

"Você também já quebrou suas promessas.", eu lembrei pra ele também.

"Só uma teoria- eu não vou rir."

"Vai sim". eu tinha certeza disso.

Ele olhou pra baixo e depois olhou pra mim por entre seus longos cílios negros, seus olhos chamuscando.

"Por favor?", ele respirou se inclinando na minha direção.

Eu pisquei, minha mente ficando obscurecida. Santa Mãe, como é que ele faz isso?

"Er, o que?", eu perguntei ofuscada.

"Por favor,me diga só uma teoria.", seus olhos ainda grudados em mim.

"Hum, bem, mordido por uma aranha radioativa?" Ele fazia hipnose, também? Ou eu era um caso sem esperança?

"Isso não é muito criativo". ele zombou.

"Me desculpe, é tudo que eu tenho", eu disse amuada.

"Você não está nem perto", ele caçoou.

"Nada de aranhas?"

"Não"

"E nada de radioatividade?"

"Nada"

"Droga", eu suspirei.

"Kryptonita também não me incomoda", ele gargalhou.

"Você não podia rir, lembra?"

Ele lutou pra recompor o rosto.

"Eu vou descobrir mais cedo ou mais tarde", eu avisei.

"Eu gostaria que você não tentasse". Ele estava sério de novo

"Porque...?"

"E se eu não for um super-herói? E se eu for o bandido?", ele sorriu brincando, mas seus olhos eram impenetráveis.

"Oh", eu disse,agora muitas da dicas que ele havia dado faziam sentido."Eu entendo."

"Entende?" seu rosto estava abruptamente severo, como se ele estivesse com medo de ter falado demais.

"Você é perigoso?" eu chutei, meu pulso disparou quando eu me dei conta da verdade nas minhas palavras. Ele era perigoso. Ele esteve tentando me dizer isso o tempo inteiro.

Ele só olhou pra mim, os olhos cheios de uma emoção que eu não conseguia compreender.

"Mas não mau." eu balancei minha cabeça. "Não, eu não acredito que você seja mau."

"Você está errada." A voz dele era praticamente inaudível. Ele olhou pra baixo, roubou a tampa daminha garrafa e começou a rodá-la entre os dedos.. Eu olhei pra ele, imaginando porque eu não sentia medo. Ele falava sério - isso era óbvio. Mas eu só me sentia ansiosa, no limite...e mais que tudo, fascinada. Da mesma forma que eu sempre me sentia quando estava perto dele.

O silêncio durou até que eu percebí que a cafeteria estava quase vazia.

Eu fiquei de pé num pulo." Nós vamos nos atrasar".

"Eu não vou á aula hoje", ele disse rodando a tampa tão rápido que era só um vulto.

"Porque não?"

"É saudável faltar a aula de vez em quando.", ele sorriu pra mim, mas seus olhos ainda pareciam confusos.

"Bom, eu vou indo", eu disse pra ele. Eu era covarde demais pra arriscar ser pega. Ele voltou a atenção pra sua tampinha. "Até mais tarde então."

Eu hesitei, dividida, mas então o sinal tocou e eu saí correndo pela porta- dando uma ultima olhada pra confirmar que ele não tinha se movido nem um centímetro.

Enquanto eu meio que corria para a minha aula, minha cabeça estava girando mais rápida que uma hélice. Tão poucas perguntas foram respondidas em relação áquelas que foram perguntadas. Ao menos a chuva tinha parado.

Eu estava com sorta; o Sr. Banner ainda não estava na sala quando eu cheguei. Eu me arrumei rapidamente no meu lugar, consciente de que tanto Mike quanto Angela estavam olhando pra mim. Mike parecia ressentido, e Angela parecia surpresa, e até demonstrou um pouco de reverência.

Sr. Banner entrou então, pedindo ordem na sala. Ele estava equilibrando umas caixinhas pequenas nos braços. Ele colocou eleas na mesa de Mike e pediu pra ele começar a distribuí-las pela classe.

"Tudo bem, pessoal, eu quero que vocês peguem um pedaço de cada caixa.", ele disse enquanto tirava um par de luvas de borracha do seu jaleco e colocava-as nas mãos. O som agudo das luvas de borracha batendo contra o pulso dele pareceu um mal presságio pra mim. "A primeira coisa é uma cartão de instrução", ele continuou, pegando um cartão branco com quatro quadrados marcados nele."A segunda é um aplicador-",ele segurou alguma coisa que parecia ter dentes "-e a terceira é uma micro-agulha esterilizada". Ele pegou um pacote de plástico azul e abriu. O aparador era quase invisível a essa distância, mas o meu estômago deu voltas.

"Eu vou passar com um conta gotas para preparar os seus cartões, então por favor não comece até que eu chegue em vocês". Ele começou na mesa de Mike de novo, cuidadosamente colocando uma gota de água em cada quadradinho. "Agora eu quero que cada um de vocês fure o seu dedo cuidadosamente com a agulha..." Ele agarrou a mão de Mike e enfiou a agulha na pontinha do seu dedo do meio. Oh não.

Um suor frio começou a sair na minha testa.

"Ponham uma pequena gotinha de sangue em cada quadradinho". Ele demonstrou pegando o dedo de Mike e apertando até o sangue sair. Eu engolí convulssivamente, meu estômago pesando.

"E então aplique no cartão", ele terminou, segurando o cartão com gotas vermelhas pra todos nós vermos. Eu fechei os meus olhos, tentando ouvir além do zumbido nos meus ouvidos.

"A cruz vermelha está vindo á Port Angeles no próximo fim de semana, então eu pensei que todos vocês podiam saber o seu tipo sanguínio". Ele parecia orgulhoso de sí mesmo.

"Aqueles que ainda não tem dezoito anos vão precisar da permissão dos seus pais- eu tenho documentos na minha mesa."

Ele continuou passando na sala com as suas gotinhas de água. Eo cloquei a minha bochecha no topo da mesa fria e tentei me manter consciente. Em todo lugar ao meu redor eu podia ouvir gemidos, reclamações e gargalhadas dos meus colegas de classe enquanto eles furavam seus dedos. Eu respirava calmamente pra dentro e pra fora pela minha boca.

"Bella, você está bem?" o Sr. Banner perguntou. A voz dele estava perto da minha cabeça, e pareceu alarmada.

"Eu já sei meu tipo sanguínio Sr. Banner", eu disse com a voz fraca.

Eu estava com medo de levantar a minha cabeça.

"Você está se sentindo desfalecer?"

"Sim, senhor", eu murmurei, me chutando por dentro por não ter faltado a aula quando eu tive a chance.

"Alguém pode levar Bella á enfermaria por favor?", ele pediu.

Eu não precisei olhar pra cima pra saber que Mike foi voluntário.

"Você pode andar?" o Sr. Banner perguntou.

"Sim", eu murmurei. Só me tirem daqui, eu pensei. Eu vou rastejando.

Mike pareceu ansioso quando colocou o braço dele ao redor da minha cintura e colocou meu braço sobre seus ombros. Eu me inclinei pesadamente nele enquanto saíamos da sala.

Mike me guiou lentamente pelo campus. Quando estávamos passando pela cafeteria, fora do campo de visão da sala de aula, quando o Sr. Banner não podia mais ver, eu parei.

"Será que você pode me deixar sentar um minuto, por favor?", eu implorei.

Ele me ajudou a sentar na beira da calçada.

"E o que quer que você faça, mantenha a sua mão no bolso", eu avisei. Eu ainda estava muito atordoada. Eu caí pro lado, encostando o meu rosto no cimento frio, sujo da calçada e fechei meus olhos. Isso pareceu ajudar um pouco.

"Uau, você está verde, Bella", Mike disse nervosamente.

"Bella?", uma voz diferente chamou de longe.

Não! Por favor diga que eu estou imaginando essa voz horrivelmente familiar.

"Qual o problema- ela está machucada?" A voz dele estava mais próxima agora, e ele parecia aflito.

Eu não estava imaginando. Eu apertei meus olhos, esperando morrer. Ou pelo menos, não vomitar.

Mike pareceu estressado. "Eu acho que ela está passando mal. Eu não sei o que aconteceu, ela nem furou o dedo."

"Bella", a voz de Edward estava bem ao meu lado, aliviada agora. "Você consegue me ouvir?"

"Não", eu gemí. "Vá embora".

Ele sorriu.

"Eu estava levando ela para a enfermaria", Mike explicou em tom de defesa, "Mas ela não conseguiu ir adiante".

"Eu vou levar ela", Edward disse. Eu ainda podia ver o sorriso na voz dele. "Você pode voltar para a sala de aula."

"Não", Mike protestou. "Sou eu quem deve fazer isso".

De repente a calçada desapareceu. Meus olhos se abriram com o susto.

Edward tinha me pego nos braços, tão facilmente como se eu não pesasse nada.

"Me ponha no chão!" Por favor, por favor não me deixe vomitar nele.

Ele já estava caminhando antes que eu terminasse de falar.

"Ei!" Mike chamou, já muito atrás de nós.

Edward ignorou ele. "Você parece horrível", ele me disse sorrindo.

"Me coloque de volta na calçada", eu gemí. O movimento da caminhada não estava ajudando muito. Ele me segurou longe do corpo dele, cuidadosamente, aguentando todo o meu peso só nos braços- ele não parecia estar se incomodando.

"Então você passa mal quando vê sangue?", ele perguntou. Isso parecia divertido pra ele.

Eu não respondí. Eu fechei meus olhos e lutei contra a náusea com todas as minha forças, apertando meus lábios.

"E nem é o seu próprio sangue" ele continuou, se divertindo.

Eu não sei como ele conseguiu abrir a porta enquanto me carregava, mas de repente estava quente, então eu sabia que estávamos do lado de dentro.

"Meu Deus", eu ouví uma voz de mulher suspirar.

"Ela passou mal na aula de Biologia", Edward explicou.

Eu abrí meus olhos. Eu estava na secretaría e Edward continuou avançando em direção á enfermaria. A Sr. Cope, a recepcionista ruiva da secretaría, passou na frente dele para abrir a porta. A enfermeira que tinha cara de vovó, tirou os olhos de um livro, pasma, enquanto Edward me carregava pelo quarto e me colocava gentilmente em cima do papel que cobria o colchão de vinil na única cama.

Então ele se afastou e foi se inclinar numa parede tão distante quanto foi possível. Seus olhos estavam brilhando, exitados.

"Ela só está um pouco enjoada", ele garatiu para a enfermeira. "Eles estão testando o sangue na aula de Biologia."

A enfermeira balançou a cabeça. "Sempre tem um."

Ele tentou abafar um riso.

"Fique um pouco deitada, meu bem; vai passar logo".

"Eu sei", eu suspirei. A náusea já estava desaparecendo.

"Isso acontece muito?", ela perguntou.

"As vezes", eu admití. Edward tossiu para disfaçar outra risada.

"Você pode voltar para a sala agora", ela disse pra ele.

"Eu devo ficar com ela", ele disse com tanta autoridade que- mesmo torcendo os lábios- a enfermeira não discutiu mais.

"Eu vou pegar um pouco de gelo pra você colocar na sua testa, querida",ela disse pra mim e então saiu da sala.

"Você estava certo", eu gemí deixando os meus olhos fechados.

"Eu geralmente tenho- mas sobre o que em particular desta vez?"

"Faltar a aula é saudável." eu pratiquei respirar uniformemente.

"Você ma assustou por um minuto lá fora", ele admitiu depois de uma pausa. O tom que ele usou fez parecer que ele estava confessando uma fraqueza vergonhosa.

"Eu pensei que Mike estava arrastando o seu cadáver pra enterrá-lo no bosque".

"Ha ha". Eu ainda estava com os olhos fechados, mas estava me sentindo melhor a cada minuto.

"Honestamente- eu já ví cadáveres com uma cor melhor. Eu já estava preocupado em ter que vingar o seu assassinato".

"Pobre Mike. Eu aposto que ele está bravo".

"Ele absolutamente me detesta.", Edward disse alegremente.

"Você não tem como saber disso". eu discuti, mas depois imaginei se ele tinha como saber.

"Eu ví o rosto dele- eu posso dizer."

"Como você me viu? Eu pensei que você estivesse escondido".Eu estava quase bem agora, apesar de que os enjôos iam passar mais rápido se eu tivesse comido alguma coisa no almoço. Por outro lado, talvez fosse bom que o meu estômago estivesse vazio.

"Eu estava no meu carro ouvindo um CD". Uma resposta tão normal- me surpreendeu.

Eu ouví a porta abrir e abrí os olhos pra ver a enfermeira entrar com uma compressa fria na mão.

"Aqui, querida". Ela colocou-a na minha testa. "Você parece melhor", ela falou.

"Eu acho que estou bem", eu disse, me sentando. Só um pequeno zumbido nos meus ouvidos, nada girando. As paredes verdes estavam exatamente onde deveriam estar.

Eu ví que a enfermeira estava prestes a me fazer deitar de novo, mas a porta se abriu nessa hora, a Sra Cope colocou a cabeça pra dentro.

"Tem outro aqui", ela avisou.

Eu descí pra deixar a cama livre para o próximo inválido.

"Eu devolví a compressa para a enfermeira. "Aqui, eu não preciso mais disso."

Então Mike entrou, agora carregando um pálido Lee Stephens, outro garoto da nossa aula de Biologia. Eu e Edward ficamos colados na parede pra dar espaço á eles.

"Oh não", Edward murmurou. "Bella, vá para a secretaria".

Eu olhei pra ele, confusa.

"Confie em mim- vá."

Eu me virei e saí antes que a porta se fechasse, deixando a enfermaria. Eu podia sentir Edward bem atrás de mim.

"Você realmente me ouviu", ele parecia abismado.

"Eu sentí o cheiro de sangue", eu disse, torcendo o nariz. Lee não estava passando mal por causa dos outros, como eu.

"As pessoa não podem cheirar sangue", ele me contradisse.

"Bem, eu consigo- é isso que me deixa doente. Tem cheiro de ferrugem e...sal."

Ele estava me encarando com uma expressão ilegível.

"O que é?", eu perguntei.

"Não é nada".

Nessa hora Mike saiu, olhando pra mim e Edward.

O olhar que ele passou pra Edward confirmou o que Edward disse sobre detestar. Ele olhou de volta pra mim, seus olhos mal-humorados.

"Você parece melhor", ele acusou.

"Mantenha a sua mão no bolso", eu avisei de novo.

"Não está mais sangrando", ele murmurou. "Você vai voltar pra aula?"

"Você tá brincando? Eu vou voltar pra cá na certa."

"É, eu acho...Então, você vai esse fim de semana? Para a praia?" Enquanto ele falava, ele deu outra olhada na direção de Edward, que estava inclinado no balcão, tão imóvel quanto uma escultura, olhando para o nada.

Eu tentei soar o mais amigável possível. "Claro, eu disse que ia."

"Vamos nos encontar na loja do meu pai, as dez." Os olhos dele foram parar em Edward de novo, pensando se ele estava dando informação demais. Alinguagem corporal que ele usou, deixou bem claro que não era um convite em aberto.

"Eu estarei lá", eu prometí.

"Eu te vejo na aula de eduacação física, então", ele disse, se movendo devagar até a porta.

"A gente se vê", eu disse. Ele olhou pra mim de novo, fazendo biquinho, e então, enquanto ele passava vagarosamente pela porta, seus ombros cairam. Uma onda de simpatia passou pelo meu corpo. Eu pensei em como seria ver o seu rosto triste de novo...na aula de educação física.

"Educação física", eu gemí.

"Eu posso cuidar disso", eu não percebí Edward se aproximando de mim, mas agora ele estava falando no meu ouvido. "Vá se sentar e fique pálida", ele cochichou.

Isso não era muito difícil; eu já era naturalmente pálida, e o meu recente show deixou um rastro de suor na minha testa.

Eu sentei em uma das cadeiras e descansei a cabeça na parede com os meus olhos fechados. Crises de enjôo sempre me deixavam cansada.

Eu ouví Edward falando levemente no balcão"

"Sra Cope?"

"Sim?", eu não ouví ela voltar para a mesa.

"A próxima aula de Bella é de Educação física, e eu não acho que ela se sente bem o suficiente. Na verdade, eu acho que eu devia levar ela pra casa agora.Você acha que pode liberá-la dessa aula?" A voz dele parecia mel derretendo. Eu podia imaginar como os olhos dele estavam persuasivos agora.

"Você também precisa ser liberado, Edward?" A Sra Cope flutuou. Porque eu não podia fazer isso?

"Não, eu tenho aula com a Sra Goff, ela não vai se incomodar."

"Ok, então está tudo acertado. Melhoras, Bella", ela falou pra mim.

Eu balancei a cabeça fracamente, levantando ela só um pouco.

"Você consegue caminhar, ou prefere que eu te carregue de novo?" Quando voltou da recepção, sua expressão estava sarcástica.

"Eu vou caminhando".

Eu me levantei vagarosamente, e ainda estava bem. Ele segurou a porta pra mim, seu sorriso educado mas seus olhos estavam zombando de mim. Eu saí para a névoa fria,fria que estava começando a aparecer no céu- enquanto ela limpava o suor da minha testa.

"Obrigada", eu disse enquanto ele me seguia. "Quase vale a pena ficar doente pra perder Educação física."

"É só pedir", ele olhava diretamente prá frente, andando na chuva.

"Então você vai? Sábado, eu quero dizer." Eu estava esperando que ele fosse, mas parecia difícil. Eu não conseguia imaginá-lo enchendo uma van com os amigos da escola; ele não pertencia a esse mundo. Mas eu esperava que ele me desse uma razão pra querer ir a essa excursão.

"Onde vocês todos estão indo, exatamente?" Ele ainda estava olhando pra frente, sem expressão.

"Vamos á La Push, para a praia". Eu estudei o rosto dele, tentando entendê-lo. Os olhos dele pareceram estreitar imperceptivelmente.

Ele olhou pra mim com o canto dos olhos, sorrindo. "Eu não acho que eu tenha sido convidado".

Eu suspirei. "Eu acabei de te convidar".

"Eu e você não vamos mais pedir tanto do pobre Mike esse fim de semana. Nós não queremos que ele tenha uma colapso". Os olhos dele dançaram; ele gostava da idéia mais do que devia.

"Mike boboca", eu cochichei, preocupada com o jeito que elçe disse "eu e você". Eu gostei disso mais do que eu devia.

Nos estávamos perto do estacionamento agora. Eu fui andando para a esquerda na, direção do meu carro. Algo agarrou minha jaqueta e me puxou de volta.

"Onde é que você pensa que vai?", ele perguntou, enfurecido. Ele estava agarrando a minha jaqueta com o punho inteiro segurando com um mão.

Eu estava confusa. "Eu vou pra casa".

"Você não me ouviu prometer que te levaria pra casa em segurança? Você acha que eu vou te deixar dirigir nessas condiçôes?" A voz dele estava indignada.

"Que condições? E a minha caminhonete?", eu reclamei.

"Eu vou pedir pra Alice levá-la depois da escola". Ele já estava me arrastando em direção ao carro dele, me puxando pela jaqueta. Eo acompanhei pra não cair de costas no chão. Ele provavelmente ia me arrastar de volta de qualquer jeito mesmo.

"Me solta!", eu insistí. Ele me ignorou. Eu andei a passos largos na calçada molhada até que chegamos no Volvo. Então ele finalmente me libertou. Eu quase me batí na porta do passageiro.

"Você é muito mandão", eu gritei.

"Está aberta", foi tudo o que ele respondeu. Ele foi para o lado do motorista.

"Eu sou perfeitamente capaz de dirigir até em casa!", eu fiquei parada perto do carro, fumaçando. Estava chovendo mais forte agora, e eu não tinha levantado o meu capuz, então meu cabelo estava grudando nas minhas costas. Ele abaixou o vidro automático e se inclinou no banco. "Entre no carro, Bella".

Eu não respondí. Eu estava calculando as minhas chances de alcançar meu carro antes dele me pegar. Eu tenho que admitir, as chances não eram boas.

"Eu vou pegar você de novo", ele ameaçou, adivinhando meu plano.

Eu tentei manter toda a dignidade que pude ao entrar no carro dele. Mas não tive muito sucesso- eu parecia um gato escaldado e as minhas botas esguicharam.

"Isso foi completamente desnecessário", eu disse meio durona.

Ele não respondeu. Ele mexeu nos controles, aumentando o aquecedor e abaixando a música. Enquanto ele saía do estacionamento, eu estava me preparando pra dar a ele o tratamento do silêncio - meu rosto demonstrando as minhas intenções- mas então eu reconhecí a música que estava tocando, e a minha curiosidade foi além das minhas intenções.

"Clair De Lune?", eu perguntei, surpresa.

"Você conhece Debussy?", ele também surpreso.

"Não muito", eu admití. "Minha mãe toca muita muita musica clássica em casa. Eu só conheço as minhas favoritas."

"É uma das minhas favoritas também", ele olhou para a chuva lá fora, perdido em pensamentos.

Eu escutei a música, relaxando no couro cinza claro do banco. Era impossível não responder a melodia familiar, tranquilizadora.

A chuva transformou tudo lá fora em uma névoa cinza e verde. Eu comecei a perceber que estávamos indo rápido demais; apesar disso, o carro se movia com tanta uniformidade e calma que eu nem sentia a velocidade. Somente a cidade passando rápido me fazia reparar.

"Como é a sua mãe?", ele me perguntou de repente.

Eu olhei pra ele pra ver ele me observando com olhos curiosos.

"Ela se parece muito comigo, mas ela é mais bonita", eu disse. Ele ergueu as sobrancelhas. "Eu tenhomuito de Charlie em mim. Ela é mais divertida que eu, e mais corajosa. Ela é irresponsável e um pouco excêntrica e uma cozinheira muito imprevisível. Ela é minha melhor amiga." Eu parei. Falar sobre ela estava me deixando deprimida.

"Quantos anos você tem, Bella?", A voz dele parecia frustrada por algum motivo que eu não conseguia imaginar. Ele parou o carro, e eu me dei conta de que já estávamos na casa de Charlie. A chuva estava tão forte que eu mal conseguia ver a casa. Era como se o carro estivesse dentro de um rio.

"Eu tenho dezessete", eu respondí um pouco confusa.

"Você não parece ter dezessete".

Seu tom era de reprovação; me fez rir.

"O que foi?", ele perguntou, curioso de novo.

"Minha mãe sempre diz que eu nascí com trinta e cinco anos de idade e que fico mais velha a cada ano que passa." Eu sorrí e então suspirei. "Bem, alguém tem que ser o adulto". Eu pausei por um segundo. "Você também não parece um jovenzinho", eu notei.

Ele fez uma careta e mudou de assunto.

"Então porque sua mãe se casou com Phil?"

Eu estava surpresa que ele ainda lembrava do nome; eu só o mencionei uma vez, há quase dois meses atrás. Eu levei algum tempo pra responder.

"Minha mãe...ela é muito jovem para a idade dela. Acho que Phil a faz se sentir ainda mais jovem. De qualquer forma, ela é louca por ele." Eu balancei minha cabeça. A atração era um mistério pra mim.

"Você aprova?", ele perguntou.

"Isso importa?" eu apontei. "Eu quero que ela seja feliz...e é ele que ela quer."

"Isso é muito generoso...eu imagino", ele refletiu.

"O quê?"

"Se ela estenderia a mesma cortesia pra você, você acha? Não importa qual seja a sua escolha?" De repente ele estava atento, seus olhos procurando os meus.

"E-eu acho que sim" Eu gaguejei. "Mas de qualquer forma ela é uma mãe, apesar de tudo. É um pouco diferente".

"Nada muito assustador então" ele brincou.

Eu sorrí em resposta. "O que você quer dizer com assustador? Vários piercings corporais e tatuagens gigantescas?"

"É uma definição, eu acho".

"Qual é a sua definição?"

Mas ele ignorou minha pergunta e me fez outra. "Você acha que eu poderia ser assustador?" Ele ergueu uma sobrancelha e a leve sombra de um sorriso iluminou o seu rosto.

Eu pensei por um momento, refletindo se seria melhor falar a verdade ou mentir. Eu decidí que seria melhor dizer a verdade.

"Hmmmm... eu acho que você poderia ser, se você quisesse."

"Você está com medo de mim agora?" O sorriso desapareceu e o seu rosto celestial estava sério de novo.

"Não" mas eu respondí rápido demais. O sorriso reapareceu.

"Então, agora você vai me falar sobre a sua família?" eu perguntei pra distraí-lo. "Deve ser uma história bem mais interessante do que a minha".

Ele estava instantâneamente cauteloso. "O que você quer saber?"

"Os Cullen te adotaram?", eu verifiquei.

"Sim".

Eu hesitei por um momento. "O que aconteceu com os seus pais?"

"Eles morreram há muitos anos atrás." O tom dele era decisivo.

"Eu lamento", eu murmurei.

"Na verdade eu não lembro deles muito claramente. Carlisle e Esme são meus pais a muito tempo agora."

"E você ama eles". Não era uma pergunta. Era óbvio pela maneira que ele falava deles.

"Sim". Ele sorriu. "Eu não poderia imaginar duas pessoas melhores".

"Você tem muita sorte."

"Eu sei que tenho."

"E seu irmão e sua irmã?"

Ele deu uma olhada para o relógio no teto.

"Meu irmão e minha irmã, e Jasper e Rosalie por falar nele, vão ficar bem bravos se tiverem que ficar na chuva esperando por mim".

"Oh, desculpe, eu acho que você tem que ir". Eu não queria sair do carro.

"E provavelmente você quer o seu carro aqui antes que Charlie chegue em casa, assim você não terá que contar pra ele sobre o acidente na aula de Biologia." Ele sorriu pra mim.

"Eu tenho certeza que ele já sabe. Não existem segredos em Forks". Eu suspirei.

Ele sorriu, mas havia algo mais nesse sorriso.

"Se divirta na praia...ótimo clima pra um banho de sol." Ele olhou para a chuva caindo.

"Eu não vou ver você amanhã?"

"Não. Emmett e eu vamos começar o fim de semana mais cedo."

"O que vocês vão fazer?" Uma amiga podia perguntar isso, né? Eu esperava que o desapontamento não estivesse muito aparente na minha voz.

"Nós vamos fazer uma caminhada na Selva de Pedra da Cabra, á Sul de Rainier."

Eu lembrei que Charlie disse que os Cullen iam acampar frequentemente.

"Hum, bem, divirta-se". Eu tentei demonstrar entusiasmo. Eu não acho que o enganei, apesar disso. Um sorriso estava brincando nos cantos dos lábios dele.

"Será que você poderia fazer uma coisa por mim esse fim de semana?".

Ele se virou pra me olhar diretamente nos olhos, utilizando todo o poder dos seus olhos dourados flamejantes.

Eu balancei a cabeça desamparadamente.

"Não se ofenda, mas você parece ser uma dessas pessoas que atraem acidentes como um imã. Então...tente não cair no oceano ou ser atingida por algo, está bem?" Ele deu um sorriso torto.

O desamparo fugiu enquanto ele falava. Eu encarei ele.

"Eu vou ver o que posso fazer", eu soltei enquanto saía para a chuva. Eu batí a porta atrás de mim com força excessiva.

Ele ainda estava sorrindo quando foi embora.

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