Criar um Site Grátis Fantástico
Umpa Lumpa

ONLINE
1



cap. 23 e24

23. Verdade

Eu tinha a sensação de que tinha estado dormindo por muito tempo - meu corpo estava

rígido, como se eu também não tivesse me mexido nenhuma vez. Minha mente estava

confusa e lenta; sonhos estranhos e coloridos - sonhos e pesadelos - rodavam

vertiginosamente dentro da minha cabeça. Eles eram tão vívidos. O horrível e o

celestial, tudo misturado numa combinação bizarra. Haviam uma impaciência aguda e

medo,, tudo parte de um frustrante sonho onde você não consegue se mexer rápido o

suficiente... E haviam muitos monstros, criaturas de olhos vermelhos que eram mais

horríveis do que a sua gentíl civilidade demonstrava. O sonho ainda estava forte - eu até

podia me lembrar dos nomes. Mas a parte mais forte, mais clara do sonho não era a

parte de terror. Era o anjo que estava

mais claro.

Foi difícil deixá-lo ir e acordar. Esse sonho não queria ser jogado na vala dos meus

sonhos que eu costumava esquecer. Eu lutei contra isso enquanto a minha mente ficava

mais alerta, me focando na realidade. Eu não conseguia me lembrar de qual era o dia da

semana, mas eu tinha certeza de que Jacob ou a escola ou o trabalho ou alguma outra

coisa estava esperando por mim. Eu inalei profundamente, me perguntando como

encararia outro dia.

Alguma coisa fria tocou a minha testa com a mais leve das pressões.

Eu apertei os meus olhos mais ainda. Eu ainda estava sonhando, parecia, e ele parecia

ser anormalmente real. Eu estava perto de acordar... a qualquer segundo agora, e ele iria

embora.

Mas eu me dei conta de que era real demais, real demais pra ser bom pra mim. Os

braços de pedra que eu imaginei passando ao meu redor eram substanciais demais. Se

eu deixasse isso ir mais longe, eu ia me arrepender mais tarde. Com um suspiro

resignado, eu abrí as minhas pálpebras pra dispersar a ilusão.

"Oh!", eu asfixiei, e joguei meus pulsos em cima dos meus olhos.

Bem, claramente, eu tinha ido longe demais; deve ter sido um erro ter deixado a minha

imaginação ir tão longe.

Ok, então "deixar" era a palavra errada.

Eu havia forçado ela a sair de controle - eu havia praticamente perseguido as minhas

alucinações - e agora minha mente estava sem controle.

Eu levei menos de um segundo pra me dar conta de que, já eu realmente estava louca

agora, eu podia muito bem aproveitar as minhas ilusões enquanto elas eram agradáveis.

Eu abrí meus olhos de novo - e Edward ainda estava lá, seu rosto perfeito estava a

apenas alguns centímetros dos meus.

"Eu assustei você?" Sua voz baixa estava ansiosa. Isso era muito bom, sendo uma

ilusão. O rosto, a voz, o cheiro, tudo - era muito melhor do que me afogar. Alinda

invenção da minha imaginação observou minhas expressões mudarem, alarmado. As

íris dele estavam pretas como piche, com manchas que pareciam sombras embaixo dos

olhos. Isso me surpreendeu; as minhas ilusões de Edward costumavam estar mais bem

alimentadas.

Eu pisquei duas vezes, desesperadamente tentando me lembrar da última coisa que eu

tinha certeza que era real. Alice era parte do meu sonho, e eu me perguntei se ela

realmente havia voltado, ou se isso era só sonambulismo. Eu pensei que ela havia

voltado no dia em, que eu quase me afoguei...

"Oh, droga", eu esganicei. Minha garganta estava grossa pelo sono.

"Qual é o problema, Bella?"

Eu fiz uma carranca pra ele infeliz. O rosto dele estava ainda mais ansioso que antes.

"Eu tô morta, não tô?", eu gemí. "Eu me afoguei. Droga, droga, droga! Isso vai matar o

Charlie"

Edward fez uma carranca também. "Você não está morta".

"Então porque é que eu não tô acordando?" Eu desafiei, erguendo minhas sobrancelhas.

"Você está acordada, Bella".

Eu balancei minha cabeça. "Claro, claro. É isso que você quer que eu pense. E daí vai

ser pior quando eu me acordar. Se eu me acordar, o que eu não vou, porque eu estou

morta. Isso é horrível. Pobre Charlie. E Renée e Jake..." eu não conseguí falar de horror

pelo que eu tinha feito.

"Eu consigo entender que você esteja me confundindo com um pesadelo", o meio

sorriso dele era severo. "Mas eu não consigo imaginar o que você possa ter feito pra ir

para o inferno. Você cometeu muitos assassinatos enquanto eu estava longe?"

Eu fiz uma careta. "Obviamente não. Se eu estivesse no inferno você não estaria

comigo".

Ele suspirou.

Minha cabeça estava ficando mais clara. Meus olhos se distanciaram do rosto dele - sem

vontade - por um segundo, para a janela escura, aberta, e depois de volta pra ele. Eu

comecei a me lembrar dos detalhes... eu sentí um calor fraco, estranho na pele das

minhas bochechas enquanto eu lentamente me dava conta de que Edward realmente,

verdadeiramente estava aqui comigo, e eu estava perdendo tempo sendo uma idiota.

"Aquilo tudo realmente aconteceu, então?" Era quase impossível pensar no meu sonhos

como sendo verdade. Eu não censeguia fazer a minha cabeça grudar nesse conceito.

"Isso depende", o sorriso de Edward ainda estava duro. "Se você está se referindo a nós

quase sendo massacrados na Itália, então, sim".

"Que estranho", eu meditei. "Eu realmente fui á Itália. Você sabia que o mais longe que

eu já fui foi á Albuquerque?"

Ele revirou os olhos. "Talvez você devesse voltar a dormir. Você não está sendo

coerente".

"Eu não estou mais cansada". Tudo estava vindo claramente agora. "Que horas são? Por

quanto tempo eu estive dormindo?"

"É pouco mais de uma da manhã. Então, por umas catorze horas".

Eu me espreguicei enquanto ele falava. Eu estava tão rígida.

"Charlie?", eu perguntei.

Edward fez uma carranca. "Dormindo. Você provavelmente devia saber que eu estou

quebrando as regras agora. Bem, não tecnicamente, já que ele disse pra nunca mais

passar pela sua porta de novo, e eu vim pela janela... Mas, ainda assim, a intenção era

clara".

"Charlie te baniu da casa?" Eu perguntei, com descrença que estava rapidamente se

transformando em fúria.

Seus olhos estavam tristes. "Você esperava outra coisa?"

Meus olhos estavam raivosos. Eu ia ter umas palavrinhas com o meu pai - talvez essa

fosse uma boa hora pra lembrá-lo de que eu já tinha idade legal pra morar sozinha. Isso

não importava muito, é claro, exceto no princípio. Logo em breve não haveriam

motivos para proibições. Eu levei minha mente para pensamentos não tão dolorosos.

"Qual é a história?", eu perguntei, genuinamente curiosa, mas também tentando

desesperadamente manter a conversa casual, pra me manter firmemente sob controle,

pra que assim eu não o assustasse com o pedido frenético, que estava se construíndo

dentro de mim.

"O que você quer dizer?"

"O que eu vou dizer pra Charlie? Qual é a minha desculpa pra ter desaparecido por...

afinal, por quanto tempo eu estive fora?", eu tentei contar as horas na minha cabeça.

"Só três dias", os olhos dele se apertaram, mas ele sorriu mais naturalmente dessa vez.

"Na verdade, eu estava esperando que você tivesse uma boa explicação. Eu não tenho

nada".

Eu gemí. "Fabuloso".

"Bem, talvez Alice invente alguma coisa", ele ofereceu, tentando me confortar.

E eu estava confortada. Quem se importava com o que eu teria que lidar depois?Cada

segundo que ele estava aqui - tão perto, seu rosto sem falhas brilhando com a luz fraca

do meu relógio digital - era precioso e não podia ser desperdiçado.

"Então", eu comecei, escolhendo a pergunta menos importante - apesar de que ainda era

vitalmente interessante - pra começar. Eu estava seguramente entregue em casa, e ele

podia decidir ir embora a qualquer momento. Eu tinha que manter ele falando. Além do

mais, esse paraíso temporário não era inteiramente completo sem o som da voz dele. "O

que você esteve fazendo, até antes desses três dias?"

O rosto dele se tornou hesitante por um instante. "Nada terrivelmente excitante".

"É claro que não", eu murmurei.

"Porque você está fazendo essa cara?"

"Bem...", eu torcí os lábios, considerando. "Se você fosse, afinal, só um sonho, esse é

exatamente o tipo de coisa que você diria. Minha imaginação deve estar bagunçada".

Ele suspirou. "Se eu te contar, você finalmente vai acreditar que não está tendo um

pesadelo?"

"Pesadelo!", eu repetí com escárnio. Ele esperou pela minha resposta. "Talvez", eu disse

depois de um segundo de pensamento. "Se você me contar".

"Eu estava... caçando".

"Isso é o melhor que você pode fazer?", eu critiquei. "Isso definitivamente não prova

que eu estou acordada".

Ele hesitou, e depois falou lentamente, escolhendo as palavras com cuidado. "Eu não

estava caçando comida... Na verdade eu estava testando a minha sorte em... perseguir.

Mas eu não sou muito bom nisso".

"O que é que você estava perseguindo?", eu perguntei, intrigada.

"Nada de consequencia". As palavras dele não combinavam com a sua expressão; ele

parecia aborrecido, desconfortável.

"Eu não entendo".

Ele hesitou; seu rosto, brilhando com uma estranha luz verde do relógio, estava

dividido.

"Eu -", ele respirou fundo. "Eu te devo desculpas. Não, é claro que eu te devo muito,

muito mais do que isso. Mas você precisa saber," - as palavras começaram a fluir

rapidamente, do jeito que eu lembrava que ele falava as vezes quando ficava agitado, e

eu tive que realmente me concentrar pra entender todas elas - "que eu não fazia idéia.

Eu não tinha idéia da confusão que estava deixando pra trás. Eu pensei que fosse seguro

pra você aqui. Tão seguro. Eu não tinha idéia de que Victória" - os lábios dele se

curvaram quando ele disse o nome - "ia voltar. Eu vou admitir, quando eu ví ela daquela

última vez, eu estava prestando muito mais atenção aos pensamentos de James. Mas eu

não ví que ela seria capaz de responder dessa forma. Que ela tinha um laço tão forte

com ele. Eu acho que agora me dou conta do porque - ela tinha tanta confiança nele, que

o pensamento dele falhar nunca ocorreu a ela. Era a grande confiança que nublava os

sentimentos dela por ele - isso evitou que eu visse a profundidade deles, o vínculo que

havia alí."

"Não que isso seja uma desculpa para o que eu te deixei enfrentar. Quando eu ouví o

que você disse a Alice - e o que ela mesma viu - quando eu me dei conta de que você

teve que colocar a sua vida na mão daqueles lobisomens, imaturos, voláteis, a única

coisa que podia ser pior do que a própria Victória -" ele estremeceu e parou o dilúvio de

palavras por um curto segundo. "Por favor saiba que eu não tinha nenhuma idéia de

tudo isso. Eu me sinto doente, com toda a minha essencia, mesmo agora, quando eu

posso ver e sentir você segura nos meus braços. Eu sou a desculpa mais miserável por -"

"Pare", eu interrompí ele. Ele olhou pra mim com olhos agoniados, e eu tentei encontrar

as palavras certas - as palavras que iam livrá-lo daquela olbrigação imaginada que o

causava tanta dor. As palavras eram muito difíceis de dizer. Eu não sabia se podia dizêlas

sem me quebrar. Eu não queria ser uma fonte de culpa e angústia para a vida dele.

Ele devia ser feliz, não importava o que isso me custasse.

Eu realmente estava esperando colocar essa parte da conversa pra mais tarde. Isso ia

fazer as coisas acabarem muito mais rápido.

Baseada em todos os meus meses de prática por tentar ser normal com Charlie, eu

mantive o meu rosto suave.

"Edward", eu disse. O nome dele queimou um pouco a minha garganta quando saiu.

Eu podia sentir um fantasma do buraco, esperando pra se abrir de novo assim que ele

desaparecesse. Eu não via muito bem como era que eu ia suportar dessa vez.

"Isso tem que parar agora. Você não pode pensar nas coisas desse jeito. Você não pode

deixar ... essa culpa... mandar na sua vida. Você não pode se responsabilizar pelas

coisas que acontecem comigo. Nada disso é culpa sua, isso é só parte do que a vida é

pra mim. Então, se eu tropeçar na frente de um ônibus ou o que quer que aconteça na

próxima vez, você tem que se dar conta de que não é o seu trabalho levar a culpa. Você

não pode simplesmente sair correndo para a Itália porque se sente mal por não ter me

salvado. Mesmo se eu tivesse pulado daquele precipício pra morrer, isso teria sido a

minha escolha, e não sua culpa. Eu sei que é... a sua natureza segurar a culpa por tudo,

mas você realmente não pode deixar as coisas chegarem a esses extremos! Isso é muito

irresponsável - pense em Esme e Carlisle e -"

Eu já estava quase perdendo o controle. Eu parei pra respirar fundo, esperando me

acalmar. Eu tinha que deixá-lo livre. Eu tinha que ter certeza de que isso nunca mais

aconteceria de novo.

"Isabella Marie Swan", ele sussurrou, com a expressão mais estranha cruzando o rosto

dele. Ele quase parecia com raiva. "Você acredita que eu pedí que os Volturi me

matassem porque eu me sentia culpado?"

Eu podia sentir a incompreensão no meu rosto. "Não foi isso?"

"Se eu me sentia culpado? Intensamente. Mais do que você pode compreender".

"Então... o que é que você tá dizendo? Eu não entendo".

"Bella, eu fui até os Volturi porque eu achava que você estivesse morta", ele disse, com

a voz macia, com os olhos penetrantes. "Mesmo se eu não tivesse nenhuma

responsabilidade pela sua morte" - ele tremeu quando disse a última palavra - "mesmo

se não fosse minha culpa, eu teria ido para a Itália. Obviamente, eu devia ter sido mais

cuidadoso - eu devia ter falado diretamente com Alice, ao invés de aceitar uma

informação de segunda mão de Rosalie. Mas, realmente, o que é que eu podia pensar

quando o garoto disse que Charlie estava no funeral? Quais eram as chances?"

"As chances", ele murmurou depois, distraído. A voz dele estava tão baixa que eu não

tinha certeza de que havia ouvido direito. "As chances estão sempre contra nós.

Erro após erro. Eu nunca vou criticar Romeu de novo".

"Mas eu ainda não entendo", eu disse. "É disso que eu tô falando. E daí?"

"Perdão?"

"E daí se eu estivesse morta?"

Ele me encarou duvidosamente por um longo momento depois de responder. "Você não

se lembra de nada do que eu te disse antes?"

"Eu me lembro de tudo que você me disse" Incluindo as palavras que anularam todo o

resto.

Ele passou os pontas dos dedos gelados no meu lábio inferior. "Bela, você parece ter

compreendido mal". Ele fechou os olhos, balançando a cabeça pra frente e pra trás com

um meio sorriso no seu lindo rosto. Não era um sorriso feliz. "Eu pensei que já havia

explicado isso claramente antes. Bella, eu não posso existir num mundo onde você não

exista".

"Eu estou..." minha cabeça nadou enquanto eu procurava pela palavra apropriada.

"Confusa". Essa funcionava. Eu não conseguia entender o sentido do que ele estava

falando.

Ele me olhou dentro dos olhos com um olhar sincero, intenso. "Eu sou um bom

mentiroso, Bella, eu tenho que ser".

Eu congelei, meus músculos se travaram com o impacto. Afina linha no meu peito de

abriu; a dor me tirou o fôlego.

Ele balançou meu ombro, tentando relaxar a minha postura rigida. "Me deixe terminar!

Eu sou um bom mentiroso, mas ainda assim, pra você acreditar em mim tão

rapidamente", ele gemeu. "Aquilo foi... um tormento".

Eu esperei, ainda congelada.

"Quando nós estávamos na floresta, quando eu estava te dizendo adeus -"

Eu não me permití lembrar. Eu lutei pra permanecer apenas no presente momento.

"Você não ia desistir", ele sussurrou. "Eu podia ver isso. Eu não queria fazer isso - eu

sentí que me mataria fazer isso - mas eu sabia que se eu não te convencesse de que não

te amava mais, você ia levar muti mais tempo pra retomar a sua vida. Eu esperava que,

se você achasse que eu havia seguido em frente, você faria o mesmo".

"Um despedida limpa", eu sussurrei por lábios que não se mexiam.

"Exatamente. Mas eu nunca imaginei que fosse tão fácil fazer isso! Eu pensei que fosse

ser quase impossível - que você ia saber que era mentira e eu teria que passar horas

tendo que te convencer e plantar a semente da dúvida na sua cabeça. Eu mentí, e eu

lamento - lamento porque te machuquei, lamento porque foi um esforço inútil. Lamento

por não ter podido te proteger do que eu sou. Eu mentí pra te salvar, e não funcionou.

Eu lamento.

"Mas como é que você pôde acreditar em mim? Depois dos milhares de vezes que eu

disse que te amava, como é que você pôde deixar uma palavra acabar com a sua fé em

mim?"

Eu não respondí. Eu estava chocada demais pra formular uma resposta racional.

"Eu podia ver nos seus olhos, que você honestamente acreditou que eu não te queria

mais. O conceito mais absurdo, mais ridículo - como se houvesse alguma forma de eu

existir sem precisar de você!"

Eu ainda estava congelada. As palavras dele eram incompreensíveis, porque elas eram

impossíveis.

Ele chacoalhou meu ombros de novo, não forte, mas o suficiente pra fazer meus dentes

baterem.

"Bella", ele suspirou. "Sério, o que é que você estava pensando!"

E então eu comecei a chorar. As lágrimas subiram e então começaram a descer

miseravelmente pelas minha bochechas.

"Eu sabia", eu solucei. "Eu sabia que estava sonhando".

"Você é impossível", ele disse, e deu uma risada - uma risada dura, frustrada. "Como é

que eu posso colocar isso de forma que você acredite em mim? Você não está

dormindo, e você não está morta. Eu estou aqui, e eu te amo. Eu

sempre amei você, e eu

sempre

 

realmente seguiu com a sua vida, como eu planejava que você fizesse? Isso seria...

muito justo. Eu não vou contestar a sua decisão. Então não tente desperdiçar seus

sentimentos, por favor - só me diga se você ainda pode me amar ou não, depois de tudo

que eu te fiz. Pode?", ele sussurrou.

"Que tipo de pergunta idiota é essa?"

"Só me responda. Por favor".

Eu olhei pra ele com o rosto obscuro por um momento. "O jeito como eu me sinto por

você nunca vai mudar. É claro que eu te amo - e não há nada que você possa fazer pra

mudar isso!"

"Isso era tudo que eu precisava ouvir".

A boca dele já estava na minha, e eu não consegui lutar com ele. Não porque ele era

milhares de vezes mais forte que eu, mas porque a minha coragem se fez em poeira

quando os nossos lábios se encontraram. Esse beijo não era tão cuidadoso quanto eu me

lembrava, isso pra mim estava ótimo. Eu ia me acabar depois, mas também eu ia pegar

em troca tudo o que eu pudesse.

Então eu o beijei de volta, meu coração batendo feito um louco, num ritmo

desconjuntado enquanto a minha respiração ficava descontrolada e eu movia os meus

dedos cuidadosamente pelo rosto dele. Eu podia sentir o corpo de mármore dele em

cada linha do meu, e eu estava tão feliz por ele não ter me escutado - não havia dor no

mundo que justificasse perder isso. As mãos dele memorizavam o meu rosto, do mesmo

jeito que as minhas mãos faziam com o rosto dele, e, nos breves segundos que os nossos

lábios ficaram livres, ele sussurrou meu nome. Eu estava começando a ficar tonta, ele se

afastou, só pra colocar a orelha dele no meu coração.

Eu fiquei lá, fascinada, esperando a minha asfixia para e se aquietar.

"Aliás", ele disse num tom casual. "Eu não vou te deixar".

Eu não disse nada e ele pareceu ouvir o ceticismo da minha voz.

Ele levantou a cabeça pra prender seus olhos aos meus. "Eu não vou a lugar nenhum.

Não sem você", ele adicionou mais seriamente.

"Eu só te deixei em primeiro lugar porque eu queria que você tivesse a chance em uma

vida humana normal, feliz. Eu podia ver o que estava fazendo com você - mantendo

você constantemente na cara do perigo, tirando você do mundo ao qual você pertencia,

arriscando você a cada minuto que você passava comigo. Então eu tinha que tentar. Eu

tinha que fazer alguma coisa, e pareceu que ir embora era o único jeito. Se eu não

pensasse que você estava melhor sozinha, eu nunca teria me obrigado a ir embora. Eu

sou egoísta demais. Só você poderia ser mais importante do que o que eu queria... ou

precisava. O que eu quero e preciso é estar com você, e eu sei que jamais serei forte o

suficiente pra ir embora de novo. Eu tenho muitas desculpas pra ficar - graças aos céus

por isso! Parece que você não consegue ficar segura, não importa quantos quilômetros

eu ponha entre nós".

"Não me prometa nada", eu sussurrei. Se eu me deixasse ter esperanças demais, e isso

desse em nada... isso me mataria. O trabalho que todos aqueles vampiros sem piedade

não conseguiram fazer, elevar minhas esperanças ia terminar.

A raiva soltou um brilho metálico dos olhos dele. "Você acha que eu estou mentindo pra

você agora?"

"Não - não mentindo". Eu balancei minha cabeça, tentando pensar nas coisas

coerentemente. Examinar a hipótese de que ele me amava, enquanto continuva objetiva,

clínica, pra que assim eu não caísse na armadilha de esperar nada. "Você fala sério...

agora. Mas e quanto a amanhã, quando você pensar em todas as razões pelas quais foi

embora em primeiro lugar? Ou no mês que vem, quando Jasper der a louca pra cima de

mim?"

Ele enrijeceu.

Eu pensei de novo nos piores dis da minha vida quando ele me deixou, e tentei vê-los

pela perspectiva que ele me dava agora. Dessa perspectiva, imaginando que ele nunca

havia deixado de me amar, que ele havia me deixado por mim, seus silêncios

penetrantes e frios ganharam um significado diferente.

"Não é como se esse não tivesse sido o seu motivo pra ir embora da primeira vez, não

é?", eu adivinhei. "Você vai acabar fazendo aquilo que você acha certo".

"Eu não sou tão forte quanto você acredita que eu sou", ele disse. "Certo e errado já

deixaram de significar tanto pra mim; eu já ia voltar do mesmo jeito. Antes de Rosalie

ter me dado as notícias, eu já estava cansado de viver a vida semana depois de semana,

ou um dia de cada vez. Eu estava lutando pra ver as horas passarem. Era só uma questão

de tempo - e não muito tempo - antes de eu aparecer na sua janela e implorasse que você

me aceitasse de volta. Eu ficarei feliz de implorar agora, se você quiser isso".

Eu fiz uma careta. "Fale sério, por favor".

"Oh, eu estou", ele insistiu, me encarando agora. "Será que dá por favor pra você tentar

ouvir o que eu estou dizendo? Será que você pode me deixar tentar explicar o quanto

você significa pra mim?"

Ele esperou, examinando o meu rosto enquanto falava pra ter certeza de que eu estava

escutando.

"Antes de você, Bella, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura, mas haviam

estrelas - pontos de luz e razão... E aí você apareceu no meu céu como um meteoro.

De repente, tudo estava pegando fogo; havia brilho, havia beleza. Quando você não

estava lá, quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou escuro. Nada havia mudado,

mas os meus olhos haviam ficado cegos com a luz. Eu não conseguia mais ver as

estrelas. E não havia mais razão pra nada".

Eu queria acreditar nele. Mas essa era a minha vida sem ele que ele estava descrevendo,

não o contrário.

"Seu olhos irão se ajustar." Eu resmunguei.

"Esse é o problema – eles não podem"

"E a suas distrações?"

Ele riu sem um traço de humor "Só mais uma parte da mentira, amor. Não tinha

nenhuma distração vinda da... da agonia . Meu coração não bate a quase noventa anos,

mas isso era diferente. Era como se meu coração tivesse ido – como se eu fosse um

buraco. Como se eu tivesse deixado tudo que havia dentro de mim aqui com você."

"Isso é engraçado." Eu murmurei.

Ele arqueou uma perfeita sobrancelha "Engraçado?"

"Eu quis dizer estranho – eu pensei que isso fosse só eu. Muitos pedaços de mim

ficaram perdidos, também. Eu não estive capaz de respirar realmente por tanto tempo."

Eu enchi meus pulmões, luxuriando na sensação. "E meu coração. Isso estava

definitivamente perdido."

Ele fechou seus olhos e pousou sua orelha sobre meu coração de novo. Eu deixei minha

face pressionar seus cabelos, sentindo a textura disso na minha pele, sentindo o

delicioso aroma dele.

"Perseguir não foi uma distração então?" Eu perguntei, curiosa, e também necessitando

de me distrair. Eu estava em muito perigo pela esperança. Eu não seria capaz de me

parar por muito tempo. Meu coração palpitou, cantando em meu peito.

"Não" Ele suspirou. "Isso nunca foi uma distração. Isso foi uma obrigação."

"O que isso quer dizer?"

"Isso que dizer que, mesmo pensando que eu não esperava nenhum perigo de Victoria,

eu não ia deixar ela ir embora com... Bem, como eu disse, eu era horrível fazendo isso.

Eu tracei o caminho dela tão longe quanto o Texas, mas então eu segui uma falsa pista

no Brasil – e ela realmente veio aqui." Ele resmungou. "Eu não estava nem no mesmo

continente! E todo esse tempo, pior do que meus piores medos –"

"Você estava caçando Victoria?" Eu meio que gritei assim que eu consegui encontra

minha voz, ultrapassando oito oitavos.

Os roncos distantes de Charlie gaguejaram, e então voltaram a um ritmo regular

novamente.

"Não bem," Edward respondeu, estudando minha indignação com um olhar confuso.

"Mas eu vou fazer melhor dessa vez. Ela não vai ter bom ar entrando e saindo por muito

tempo."

"Isso está.... fora de questão" Eu balancei a cabeça para esquecer. Insanidade. Mesmo

que ele tivesse Emmett ou Jasper ajudando ele. Mesmo se ele tivesse Emmett e Jasper

ajudando ele. Isso era pior do que minhas outras idéias: Jacob Black estando à pouco

espaço da figura viciante e felina de Victoria. Eu não podia suporta imaginar Edward lá,

mesmo pensando que ele era muito mais durável que meu melhor amigo meio-humano.

"É muito tarde para ela. Eu devo ter deixado o outro tempo passar, mas não dessa vez,

não depois – "

Eu interrompi ele novamente, tentando soar calma. "Você não tinha acabado de

prometer que você não ia partir?" Eu perguntei, arrancando as palavras assim que eu

disse elas, não as deixando se plantarem em meu coração. "Isso não é extamente

compatível com uma extensiva perseguição, é isso?"

Ele amarrou a cara. Um rosnado começou a se formar baixinho em seu peito.

"Eu vou manter minha promessa, Bella. Mas Victoria – o rosnado começou a ficar mais

carregado – vai morrer. Logo."

"Não vamos ser precipitados." Eu disse, tentando esconder meu pânico. "Talvez ela não

vá voltar. A matilha de Jack provavelmente assustou ela. Realmente não há razões para

ir procurar ela. Além do mais, eu tenho problemas maiores que Victoria"

Os olhos de Edward se estreitaram, mas ele confirmou com a cabeça. "É verdade. Os

lobisomens são um problema."

Eu bufei. "Eu não estava falando de Jacob. Meus problemas são bem maiores do que

um punhado de lobisomens adolescentes colocando eles mesmos em problemas."

Edward olhou como se ele estivesse prestes a dizer alguma coisa, e então pensou melhor

sobre isso.

"Sério?" Ele perguntou. "Então qual seria seu maior problema? Que iria fazer o retorno

de Victoria a você parecer um inconseqüente assunto em comparação?"

"Que tal sobre o segundo maior?" Eu sugeri.

"Tudo bem" Ele concordou, desconfiado.

Eu pausei. Eu não estava certa de que conseguiria dizer o nome. "Tem outros que estão

vindo procurar por mim. Eu lembrei ele em um baixo sussurro.

Ele suspirou, mas a resposta não foi tão forte quanto eu havia imaginado depois da

resposta à Victoria.

"Os Volturi são só o segundomaior problema?"

"Você não parece tão chateado com isso." Eu notei.

"Bem, nós tempos um bom tempo para pensar sobre isso. Tempo significa algo muito

diferente pra eles do que significa pra você, ou até para mim. Eles contam anos do jeito

que contas dias. Eu não estaria supresso se você tiver 30 quando cruzazr as mentes deles

novamente."

O horror passou através de mim.

Trinta.

Então sua promessa significou nada, no final. Se eu iria ficar com trinta um dia, então

ele não poderia estar planejando em ficar muito tempo. A enorme dor desse

conhecimento me vez perceber que eu já havia começado a juntar esperanças, se me

deixar fazer 5 x 0.

"Você não precisa ter medo." Ele disse, preocupado assim que viu as lagrimas rolarem

dos cantos de meus olhos novamente. "Eu não vou deixar eles te machucarem."

"Enquanto você estiver aqui" Não que eu me importasse com o que iria acontecer à

mim depois que ele me deixasse.

Ele pegou minha face entre suas duas mão de pedra, segunrando isso firmemente,

enquanto seus olhos escuros olhavam dentro dos meus com a força gravitacional de um

buraco negro. "Eu nunca vou deixar você novamente."

"Mas você disse trinta"Eu sussurrei. As lagrimas fluíam além do possível. "O que?

Você vai ficar mas me deixar ficar toda velha de qualquer maneira? Certo."

Seus olhos amaciaram, enquanto sua boca ficou dura. "Isso é exatamente o que eu vou

fazer. Qual escolha tenho eu? Eu não posso ficar sem você, mas eu não vou destruir sua

alma."

"Isso é realmente..." Eu tentei manter minha voz, mas essa pergunta era muito difícil.

Eu lembrei de sua face quando Aro quase começou a considerar me transformar em

imortal. O olhar doente lá. Era essa fixação em me manter humana com minha alma, ou

era incerteza de que ele não me agüentaria por tanto tempo?

"Sim?" Ele perguntou, esperando por minha resposta.

Eu perguntei em um diferente tom. Quase de forma – mas não quieta – dura.

"E quando eu começar a ficar tão velha e as pessoas começaram a achar que sou sua

mãe? Sua avó?" Minha voz estava pálida com repulsa. Eu podia ver a face de vovó

novamente, no sonho do espelho.

Sua face inteira estava suava agora. Ele secou as lagrimas das minhas bochechas com

seus lábios. "Isso não significa nada pra mim." Ele respirou contra minha pele. "Você

sempre será a coisa mais linda em meu mundo. É claro –" Ele hesitou. Recuando

ligeiramente. "Se você me superar – se você quiser algo mais – eu irei entender isso,

Bella. Eu prometo, eu não vou ficar no seu caminho se você quiser me deixar."

Seus olhos eram ônix liquido e ultra sinceros. Ele falou como se tivesse posto fins a esse

estúpido plano.

"Você percebe que eu vou eventualmente morrer, certo?" Eu reivindiquei.

Ele pensou sobre essa parte, também. "Eu irei te seguir assim que puder."

"Isso é seriamente..." Eu procurei pela palavra certa. "Doente"

"Bella, é o único jeito certo deixado – "

"Vamos só voltar por um instante." Eu disse, sentindo a raivar fazer isso muito mais

claro, decisiva. "Você se lembra dos Volturi, certo? Eu não posso permancer humana

para sempre. Mesmo que eles não pensem em mim até eu ter trinta" Eu sibilei a palavra

"Você realmente acha que eles vão esquecer?"

"Não" ele respondeu devagar, balançando a cabeça. "Eles não vão esquecer, mas..."

"Mas?"

Ele sorriu, enquanto eu olhava para ele desconfiada. Talvez eu não fosse a única louca.

"Eu tenho alguns planos."

"E esses planos," Eu disse, minha voz ficando mais acida com cada palavra. "Esses

planos giram todos em torno de mim permanecendo humana."

Minha atitude endureceu sua expressão. "Naturalmente" Seu tom era brusco, sua divina

face arrogante.

Nós nos encaremos por um longo minuto.

Então eu respirei fundo, balançando meus ombros, eu puxei seus braços para longe

assim podendo me sentar.

"Você quer que eu vá embora?" Ele perguntou, e meu coração palpitou mostrando que

essa idéia feria ele, mesmo ele tentando não mostrar isso.

"Não" Eu disse "Eu estou indo embora."

Ele me olhou suspeito assim que eu pulei pra fora da cama e tateei pelo quarto escuro, a

procura de meus sapatos.

"Eu devo perguntar aonde você está indo?" ele perguntou.

"Eu estou indo pra sua casa." Eu contei a ele, ainda me sentindo cega.

Ele se sentou e veio para o meu lado. "Aqui estão seus sapatos. Qual é seu plano para

chegar lá?"

"Minha caminhonete."

"Isso iria provavelmente acordar Charlie" ele ofereceu como um elemento de dissuasão.

Eu suspirei. "Eu sei. Mas honestamente, eu vou ficar de castigo por semanas por isso.

Em quão mais problemas eu posso entrar?"

"Nenhum. Ele vai me culpar, não te."

"Se você tem uma idéia melhor, sou toda ouvidos."

"Fique aqui" Ele sugeriu, mas sua expressão não era esperançosa.

"Sem chances. Mas você vá na frente e faça você mesmo em casa." Eu o encorajei,

supressa com qual naturalidade minha brincadeira havia zoado, e andei em direção a

porta.

Ele estava lá antes de mim, bloqueando minha passagem.

Eu amarrei a cara, e me virei para a janela. Não era tão longe do chão, e havia uma

grande porção de grama embaixo.

"Okay" ele suspirou. "Eu te darei uma carona"

Eu dei os ombros "De qualquer jeito. Mas você provavelmente deveria estar lá,

também."

"E porque isso?"

"Porque você é extraordinariamente opinante, e eu estou certa que você quer uma

mudança para refrescar seus pontos de vista."

"Meu ponto de vista em qual assunto?" Ele perguntou através dos dentes.

"Isso não é mais sobre você. Você não é o centro do universo, você sabe." Meu próprio

universo pessoal era, é claro, outra história. "Se você for trazer os Volturi atrás de nós

por causa de algo estúpido como me deixar human, então sua família deveria ter voz

ativa"

"Ter voz ativa em que?" Ele perguntou, cada palavra distinta.

"Minha mortalidade. Eu estou colocando isso em votação."

24. Votação

Ele não estava satisfeito, isso era fácil de ler no rosto dele. Mas, sem mais discussões,

ele me pegou nos braços e saltou levemente pela minha janela, aterrisando sem um

sacudida sequer, como um gato.

Era

 

certo. "Na verdade não. De

qualquer forma, é mais que isso, eu não estou tentando acordar. Hoje não".

"Eu vou ganhar a sua confiança de volta de alguma forma", ele murmurou, mais pra sí

mesmo. "Nem que seja a última coisa que eu faça".

"Eu confio em

você", eu assegurei ele. "É em mim que eu não confio".

"Explique isso, por favor"

Ele diminuiu até estar caminhando - eu só sabia a diferença porque o vento parou - e eu

imaginei que não estávamos longe da casa. De fato, eu achei que estava ouvindo o som

do rio correndo em algum lugar próximo na escuridão.

"Bem" - eu lutei pra encontrar a melhor forma de colocar isso em palavras. "Eu não

confio em mim mesma pra ser... suficiente. Pra merecer você. Não há nada em mim que

possa segurar você".

Ele parou e se inclinou pra trás pra me tirar de suas costas. Suas mãos gentís não me

soltaram; depois que ele me colocou no chão de novo, ele me agarrou apertado em seus

braços, me segurando no peito.

"Seu laço é permanente e inquebrável", ele sussurrou. "Nunca duvide disso".

Mas como eu podia não duvidar?

"Você nunca me disse...", ele murmurou.

"O que?"

"Qual é o seu maior problema".

"Eu vou te dar uma dica". Eu suspirei, e me inclinei pra tocar a ponta do nariz dele com

o meu dedo indicador.

Ele balançou a cabeça. "Eu sou pior que os Volturi", ele disse severamente. "Eu acho

que merecí isso".

Eu rolei meus olhos. "Apior coisa que os Volturi podem fazer é me matar".

Ele esperou com os olhos tensos.

"Você pode me deixar", eu expliquei. "Os Volturi, Victoria... eles não são nada

comparados a isso".

Mesmo na escuridão, eu pude ver a angústia contorcer o rosto dele - isso me lembrou a

expressão dele embaixo do olhar torturante de Jane; eu me sentí doente, e me arrependí

de ter falado a verdade.

"Não", eu sussurrei, tocando o rosto dele. "Não fique triste".

Ele puxou um dos cantos da boca pra cima meio sem vontade, mas a expressão não

tocou os olhos dele. "Se houve pelo menos uma forma de te fazer ver que eu não posso

viver sem você", ele cochichou. "Tempo, eu acho, é a única forma de te convencer".

Eu gostei da idéia de tempo. "Tudo bem", eu concordei.

O rosto dele ainda estava atormentado. Eu comecei a tentar distrair ele com coisas sem

importância.

"Então - já que você vai ficar. Será que posso ter as minhas coisas de volta?"

Eu perguntei, fazendo o meu tom sair o mais leve que eu pude.

Minha tentativa funcionou, até certo ponto: ele riu. Mas os seus olhos retiveram a

infelicidade. "As suas coisas nunca foram embora", ele disse. "Eu sabia que era errado,

já que eu prometí te deixar em paz sem lembranças. Foi uma coisa estúpida e infantil,

mas eu queria ter alguma coisa minha com você. O CD, as fotos, as passagens - elas

estão todas embaixo do seu piso".

"Mesmo?".

Ele balançou a cabeça, parecendo um pouco mais alegre com o meu óbvio prazer po

esse fato trivial. Isso não foi suficiente pra curar completamente a dor no rosto dele.

"Eu acho", eu disse lentamente, "Eu não tenho certeza, mas eu imagino... eu acho que

sabia disso o tempo inteiro".

"O que você sabia?"

Eu só queria tirar a agonia dos olhos dele, mas enquanto eu falava as palavras, elas

pareceram mais verdadeiras do que eu esperava.

"Alguma parte de mim, meu subconsciente talvez, nunca deixou de acreditar que você

se importava com o fato de que eu vivia ou morria. Provavelmente era por isso que eu

estava ouvindo as vozes".

Houve um profundo silêncio por um momento.

"Vozes?", ele perguntou planamente.

"Bem, só uma voz. A sua. É uma longa história". O olhar cauteloso nos olhos dele me

fez desejar não ter tocado no assunto. Será que ele ia pensar que eu estava louca, como

todo mundo? Será que todo mundo estava certo em relação a isso? Mas finalmente

aquela expressão - aquela que fazia parecer que ele estava se queimando - desapareceu.

"Eu tenho tempo", a voz dele estava desnaturalmente uniforme.

"É bem patético".

Ele esperou.

Eu não tinha certeza de como explicar. "Você se lembra do que Alice te disse sobre

esportes radicais?"

Ele falou as palavras sem reflexões ou ênfase. "Você pulou de um penhasco pra se

divertir".

"Er, certo. E antes disso com a moto -"

"Moto?", ele perguntou. Eu conhecia a voz dele o suficiente pra saber que havia alguma

coisa brotando por baixo da calma.

"Eu acho que não disse a Alice sobre essa parte".

"Não".

"Bem, sobre isso... Veja, eu descobrí que... quando eu estava fazendo alguma coisa

perigosa ou estúpida... eu conseguia me lembrar de você mais claramente", eu confessei,

me sentindo completamente maluca. "Eu conseguia me lembrar do som da sua voz

quando estava com raiva. Eu podia ouví-la, como se você estivesse bem ao meu lado.

Na maior parte do tempo eu tentava não pensar em você, mas isso não me machucava

tanto - era como se você estivesse me protegendo de novo. Como se você não quisesse

que eu me machucasse.

"E, bem, eu me pergunto se a razão pela qual eu podia te ouvir tão claramente era

porque, por baixo disso tudo, eu sempre soube que havia não havia parado de me amar".

De novo, enquanto eu falava, as palavras trouxeram com elas um senso de convicção.

Ou de certeza. Algum espaço profundo dentro de mim reconheceu a verdade.

As palavras dele saíram meio estranguladas. "Você... estava... arriscando a sua vida...

pra ouvir -"

"Shh", eu interrompí ele. "Espere um segundo. Eu acho que estou tendo uma epifânia

aqui".

Eu pensei naquela primeira noite em Port Angeles quando eu tive a minha primeira

ilusão. Eu havia inventado duas opções. Eu não havia visto uma terceira opção.

Mas e se...

E se você acreditasse sinceramente que uma coisa é verdade, mas estivesse mortalmente

errado? E se você estivesse tão teimosamente certo de que tinha razão, que você nem

podia considerar a verdade? Será que a verdade seria silenciada, eu ela se faria

enxergar?

Opção três: Edward me amava. O laço que havia entre nós não era uma coisa que podia

ser quebrado pela ausência, distância, ou tempo. E não importava o quanto ele pudesse

ser mais especial ou lindo ou brilhante ou perfeito que eu, ele estava tão

irreversívelmente alterado quando eu. Assim como eu sempre pertenceria a ele, ele

também seria sempre meu.

Era isso que eu estava tentando dizer pra mim mesma?

"Oh!"

"Bella?"

"Oh. Tudo bem. Eu entendo".

"Sua epifânia?", ele perguntou, sua voz desigual e tensa.

"Você me ama", eu disse maravilhada.

O senso de convicção e impermeabilidade passou por mim novamente.

Apesar dos olhos dele ainda estarem ansiosos, ele deu o sorriso torto que eu mais

amava. "Sinceramente, eu amo".

Meu coração inflou como se fosse explodir entre as minhas costelas. Ele encheu meu

peito e bloqueou minha garganta até que eu não pudesse falar.

Ele realmente me queria do jeito como eu queria ele - pra sempre. Era só medo pela

minha alma, pelas coisas humanas que ele não queria tirar de mim, que o tornavam tão

desesperado pra me manter mortal. Comparado ao medo de que ele não me quisesse,

essa barreira - minha alma - parecia quase insignificante.

Ele pegou o meu rosto apertado entre as suas mãos geladas e me beijou até que eu

estivesse tão tonta que a floresta estava girando. Então ele encostou a sua testa na

minha, e eu não era a única respirando com mais força que o normal.

"Você foi melhor nisso que eu, sabe?", ele me disse.

"Melhor em que?"

"Sobreviver. Você, pelo menos, fez um esforço. Você se acordava de manhã, tentava ser

normal pra Charlie, seguia um padrão para a sua vida. Quando eu não estava ativamente

perseguindo, eu era... complemante inútil. Eu não conseguia ficar perto da minha

família - eu não conseguia ficar perto de ninguém. Eu tenho vergonha de admitir que eu

mais ou menos me curvei em uma bola e deixei a infelicidade me levar embora". Ele

sorriu, envergonhado. "Isso foi muito mais patético do que ouvir vozes. E, é claro, você

sabe disso, também".

Eu estava profundamente aliviada por ele parecer entender - confortada de que isso

fazia sentido pra ele. De qualquer forma, ele não estava olhando pra mim como se eu

fosse uma louca. Ele estava olhando pra mim como... se me amasse.

"Eu só ouví uma voz", eu corrigi ele.

Ele riu e então me puxou bem apertado para o seu lado direito e começou a me guiar

para a frente.

"Eu só estou brincando com isso", ele fez um gesto largo na escuridão enquanto nós

caminhávamos. Havia alguma coisa pálida e imensa lá - a casa, eu me dei conta.

"Não importa nem um pouco o que eles disserem".

"Agora isso afeta eles também".

Ele levantou os ombros indiferentemente.

Ele me guiou pela porta da frente aberta pra dentro da casa escura e ligou as luzes.

A sala era exatamente como eu me lembrava - o piano e os sofás brancos e a escada

pálida, gigante. Nada de poeira, nada de lençóis brancos.

Edward chamou os nomes com o mesmo volume que usaria numa conversa normal.

"Carlisle? Esme? Rosalie? Emmett? Jasper? Alice?", eles ouviriam.

Carlisle estava em pé ao meu lado de repente, como se ele tivesse estado lá o tempo

inteiro. "Bem vinda de volta, Bella", ele sorriu. "O que podemos fazer por você essa

manhã? Eu imagino, pela hora, que essa não é uma visita puramente social".

Eu balancei a cabeça. "Eu gostaria de falar com todos de uma só vez, se estiver tudo

bem. Sobre uma coisa importante".

Eu não consegui evitar olhar para o rosto de Edward enquanto falava. A expressão dele

estava crítica. Quando eu olhei de volta pra Carlisle, ele estava olhando pra Edward

também.

"É claro", Carlisle disse. "Porque não falamos na outra sala?"

Carlisle guiou o caminho pela sala de estar clara, e pela curva para a sala de jantar,

ligando as luzes enquanto passava. As paredes eram brancas, o teto era alto, como na

sala de estar. No centro da sala, embaixo do candelabro baixo, havia uma grande masa

polida, oval cercada por oito cadeiras. Carlisle segurou uma cadeira pra mim na ponta.

Eu nunca havia visto os Cullen usando a sala de jantar antes - era só um adereço. Eles

não comiam na casa.

Assim que eu me virei pra sentar na cadeira, eu ví que não estávamos mais sozinhos.

Esme havia seguido Edward e o resto da familia enchia a sala atrás dela.

Carlisle se sentou á minha direita, e Edward á minha esquerda. Todos os outros se

sentaram silenciosamente. Alice estava sorrindo pra mim, já a par de tudo. Emmett e

Jasper pareciam curiosos, e Rosalie sorria pra mim tentadoramente. Meu sorriso de

resposta foi tão tímido quanto o dela. Ia levar um tempo pra me acostumar com isso.

Carlisle acenou a cabeça na minha direção. "O palco é seu".

Eu engolí seco. Os olhares deles me deixaram nervosa. Edward pegou a minha mão por

debaixo da mesa. Eu olhei pra ele, mas ele estava olhando para os outros, seu rosto

estava feroz de repente.

"Bem", eu pausei. "Eu espero que Alice já tenha lhes contado tudo o que aconteceu em

Volterra?"

"Tudo", Alice me assegurou.

Eu joguei um olhar significativo pra ela. "E na ida".

"Isso também", ela balançou a cabeça.

"Bom", eu suspirei aliviada. "Então estamos todos na mesma página".

Eles esperaram pacientemente enquanto eu tentava ordenar meus pensamentos.

"Então, eu tenho um problema", eu comecei. "Alice prometeu aos Volturi que eu me

tornaria uma de vocês. Eles vão mandar alguém pra checar, e eu tenho certeza de que

isso é uma coisa ruim - uma coisa pra ser evitada.

"E então, agora, isso envolve vocês todos. Eu lamento por isso". Eu olhei pra cada um

dos seus rostos lindos, deixando o mais lindo por último. Aboca de Edward estava

virada pra baixo em uma careta. "Mas se vocês não me quiserem, então eu não vou me

forçar pra vocês, esteja Alice querendo ou não".

Esme abriu sua boca pra falar, mas eu ergui um dedo pra pará-la.

"Por favor, me deixe terminar. Todos vocês sabem o que eu quero. E eu tenho certeza

de que também sabem o que Edward quer. Eu acho que a única maneira justa de decidir

é por uma votação. Se vocês decidirem que não me querem, então... eu acho que vou

para a Itália sozinha. Eu não posso deixar que eles venham até aqui" Minha testa se

enrugou enquanto eu considerei isso.

Houve o fraco estrondo de um rosnado no peito de Edward. Eu o ignorei.

"Levando isso em conta, então, que eu não vou colocá-los em perigo de nenhuma das

formas, eu quero que vocês votem sim ou não no caso de eu me tornar uma vampira".

Eu dei um meio sorriso na última palavra, e fiz um gesto na direção de Carlisle pra que

ele começasse.

"Só um minuto", Edward interrompeu.

Eu o encarei com os olhos apertados.

"Eu tenho algo a adicionar antes de votarmos".

Eu suspirei.

"Sobre o perigo ao qual Bella está se referindo", ele continuou. "Eu não acho que

precisamos ser exageradamente ansiosos".

A expressão dele ficou mais animada. Ele colocou a mão livre em cima da mesa

brilhante e se inclinou para a frente.

"Vejam", ele explicou, olhando ao redor da mesa enquanto falava, "havia mais de uma

razão pra eu não ter apertado a mão de Aro lá no final. Há uma coisa na qual eles não

pensaram, e eu não queria precavê-los disso". Ele sorriu.

"Que era?", Alice estimulou. Eu tinha certeza de que a minha expressão era tão cética

como a dela.

"Os Volturi são super confiantes, e com uma boa razão. Quando eles decidem encontrar

alguém, isso não é realmente um problema. Lembra de Demetri?", Ele olhou pra mim

agora.

Eu levantei os ombros. Ele considerou isso um sim.

"Ele encontra pessoas - esse é o seu talento, por isso eles o mantêm.

"Agora, durante todo o tempo em que eu estive com cada um deles, eu estava

vasculhando no cérebro deles por qualquer coisa que pudesse nos salvar, eu estava

pegando toda a informação que fosse possível. Então eu ví como o talento de Demetri

funciona. Ele é um perseguidor - um perseguidor mil vezes mais talentoso que James

era. A habilidade dele é levemente relacionada á minha, ou o que Aro faz.

Ele capta... o gosto? Eu não sei como descrever isso... o tenor... da mente de alguém, e

depois ele a segue. Isso funciona a distâncias imensas.

"Mas depois do pequeno experimento de Aro, bem...", Edward levantou os ombros.

"Você acha que ele não será capaz de me encontrar", eu disse planamente.

Ele estava presumido. "Eu tenho certeza disso. Ele se baseia completamente nesse

sentido. Quando ele não funcionar com você, eles estarão todos cegos".

"E como isso resolve alguma coisa?"

"Obviamente, Alice será capaz de dizer quando eles estiverem planejando uma visita, e

eu vou te esconder", ele disse profundamente agradado. "Será como procurar uma

agulha num palheiro".

Ele e Emmett trocaram um olhar e um sorriso.

Isso não fazia nenhum sentido. "Mas eles podem encontrar você", eu o lembrei.

"E eu posso cuidar de mim mesmo".

Emmett riu e se inclinou por cima da mesa na direção do irmão, estendendo o pulso.

"Excelente plano, meu irmão", ele disse com entusiasmo.

Edward esticou o braço pra bater o pulso de Emmett no seu.

"Não", Rosalie assobiou.

"Absolutamente não", eu concordei.

"Legal", a voz de Jasper estava apreciativa.

"Idiotas", Alice murmurou.

Esme encarou Edward.

Eu fiquei ereta na minha cadeira, me focando. Essa era a minha reunião.

"Tudo bem, então. Edward ofereceu uma alternativa pra vocês considerarem", eu disse

friamente. "Vamos votar".

Eu olhei na direção de Edward dessa vez; seria melhor tirar a opinião dele do caminho.

"Você quer que eu me junte á sua família?"

Os olhos dele estavam duros e pretos como asfalto. "Não dessa maneira. Você fica

humana".

Eu balancei a cabeça uma vez, mantendo o meu rosto profissional, e depois continuei.

"Alice?"

"Sim".

"Jasper?"

"Sim", ele disse, com a voz grave. Eu fiquei um pouco surpresa - eu não tinha nem um

pouco de certeza do seu voto - mas eu suprimi minha reação e segui adiante.

"Rosalie?"

Ela hesitou, mordendo o seu lábio inferior cheio, perfeito. "Não".

Eu mantive meu rosto vazio e virei minha cabeça um pouco pra continuar, mas ela

levantou as duas mãos, com as palmas pra frente.

"Deixe-me explicar", ele implorou. "Eu não estou querendo dizer que tenho aversões a

ter você como irmã. É só que... essa não é a vida que eu teria escolhido pra mim. Eu

queria que houvesse alguém pra ter votado não pra mim".

Eu balancei a cabeça lentamente, e depois me virei pra Emmett.

"Que inferno, sim!", ele abriu um sorriso largo. "A gente pode arrumar um outro jeito

de arrumar briga com esse Demetri".

Eu ainda estava fazendo uma careta por isso quando me virei pra Esme.

"Sim, é claro, Bella. Eu já penso em você como parte da minha família".

"Obrigada, Esme", eu sussurrei enquanto me virava direção de Carlisle.

Eu fiquei nervosa de repente, desejando ter pedido pelo voto dele antes. Eu tinha certeza

de que esse era o voto que importava mais, o voto que contava mais que a maioria.

Carlisle não estava olhando pra mim.

"Edward", ele disse.

"Não", Edward rosnou. A mandíbula dele estava muito apertada, seus lábios curvados

na frente dos seus dentes.

"É o único jeito disso fazer sentido", Carlisle insistiu. "Você escolheu não vier sem ela,

e isso não me deixa outra escolha".

Edward soltou a minha mão, saindo da mesa com presa. Ele marchou pra fora da sala,

rosnando por baixo do fôlego.

"Eu acho que você sabe o meu voto". Carlisle suspirou.

Eu ainda estava olhando pra Edward. "Obrigada", eu murmurei.

Um barulho alto de alguma coisa se quebrando ecoou da outra sala.

Eu enrijeci e falei rapidamente. "Isso era tudo o que eu precisava. Obrigada. Me me

quererem. Eu me sinto exatamente da mesma forma por todos vocês também". Minha

voz estava embargada de emoção no final.

Esme estava do meu lado num flash, os seus braços frios ao meu redor.

"Querida Bella", ela respirou.

Eu a abracei de volta. Pelo canto do meu olho, eu notei Rosalie olhando pra baixo para a

mesa, e eu me dei conta de que as minhas palavras podiam ser interpretadas de duas

formas.

"Bem, Alice", eu disse quando Esme me soltou. "Onde você quer fazer isso?"

Alice me encarou, seus olhos estavam arregalados de terror.

"Não! Não! NÃO!" Edward rugiu, entrando na sala de novo. Ele estava na minha cara

antes que eu pudesse piscar, se inclinando sobre mim, sua expressão contorcida com

raiva. "Você está louca?" ele gritou. "Você perdeu completamente a cabeça?"

Eu me afastei, com as mãos nos ouvidos.

"Umm, Bella", Alice se intrometeu com uma voz ansiosa. "Eu não acho que estou

pronta pra isso. Eu vou precisar me preparar..."

"Você prometeu", eu a lembrei, olhando por baixo do braço de Edward.

"Eu sei, mas... Sério, Bella! Eu não faço idéia de como não matar você".

"Você pode fazer isso", eu encorajei. "Eu confio em você".

Edward rosnou furioso.

Alice balançou a cabeça rapidamente, parecendo em pânico.

"Carlisle?", eu me virei pra olhar pra ele.

Edward agarrou meu rosto com a mão, me forçando a olhar pra ele. A outra mão dele

estava levantada, com a palma levantada pra Carlisle.

Carlisle ignorou isso. "Eu posso fazer isso", ele respondeu minha pergunta. Eu desejei

poder ver a expressão dele. "Você não correr nenhum risco de que eu perca o controle".

"Parece bom". Eu esperava que ele tivesse entendido; era difícil falar claramente

enquanto Edward segurava a minha mandíbula.

"Espere", Edward disse por entre os dentes. "Não precisa ser agora".

"Não há razão pra não ser agora", eu disse, as palavras saindo em desordem.

"Eu estou pensando em algumas".

"É claro que está", eu disse acidamente. "Agora me solte".

Ele libertou meu braço e cruzou os braços no peito. "Em cerca de duas horas, Charlie

vai estar aqui procurando por você. Eu não duvidaria que ele chamasse a polícia".

"Os três deles", eu fiz uma carranca.

Essa sempre era a parte mais difícil. Charlie, Renée. E agora Jacob também. As pessoas

que eu perderia as pessoas que eu ia machucar. Eu queria que houvesse uma forma de

eu ser a única a sofrer, mas eu sabia que isso seria impossível.

Ao mesmo tempo, eu estava os magoando mais permanecendo humana. Colocando

Charlie em perigo constante com a minha aproximação. Colocando Jake em mais perigo

ainda por trazer os inimigos dele ás terras que ele deve proteger. E Renée - eu nunca

podia me arriscar a visitar a minha mãe por medo de trazer problemas mortais comigo!

Eu era um imã de perigo; eu já tinha aceitado isso sobre mim mesma.

Aceitando isso, eu sabia que teria de ser capaz de cuidar de mim mesma e proteger as

pessoas que eu amava, mesmo que isso significasse que eu não poderia estar com eles.

Eu precisava ser forte.

"No interesse de permanecer acima de qualquer suspeita"Edward disse, ainda através

dos dentes trincados, mas olhando pra Carlisle agora.

"Eu sugiro que ponhamos um fim a essa conversa, pelo menos até que Bella termine o

segundo grau, e saia da casa de Charlie"

"Esse é um pedido razoável, Bella", Carlisle apontou.

Eu pensei na reação de Charlie quando acordasse essa manhã, se - depois do que ele

teve que agüentar depois da perda de Harry, e depois eu tivesse que fazê-lo passar pelo

meu desaparecimento inexplicável - ele encontrasse minha cama vazia.

Charlie merecia mais que isso. Era só um pouco mais de tempo; a formatura não estava

tão longe...

Eu torci meus lábios. "Eu vou considerar isso".

Edward relaxou. A mandíbula dele se desprendeu.

"Eu provavelmente devia te levar pra casa", ele disse, mais calmo agora, mas

claramente com pressa de me tirar daqui. "Só no caso de Charlie acordar mais cedo".

Eu olhei pra Carlisle. "Depois da formatura?"

"Você tem minha palavra".

Eu respirei fundo, sorri, e me virei de volta pra Edward. "Tudo bem. Você pode me

levar pra casa".

Edward se apressou pra me tirar da casa antes que Carlisle pudesse me prometer mais

alguma coisa. Ele me levou pelos fundos, pra que assim eu não pudesse ver o que ele

havia quebrado na sala de estar.

A viagem pra casa foi quieta. Eu estava me sentindo triunfante, e um pouco presumida.

Rígida de medo, também, é claro, mas eu tentei não pensar nessa parte. Não me fazia

nenhum bem pensar na dor - a física ou a emocional - então eu não pensaria. Não até

que eu tivesse que pensar.

Quando nós chegamos à minha casa, Edward não parou. Ele correu parede acima e

entrou pela minha janela em meio segundo. Então ele tirou meus braços do seu pescoço

e me colocou na cama.

Eu pensei que fazia uma bela idéia do que ela estava pensando, mas a sua expressão me

surpreendeu. Ao invés de furiosa, a expressão dele estava calculista. Ele andou

silenciosamente pra frente e pra trás pelo meu quarto escuro enquanto eu o observava

com crescente suspeita.

"O que quer que seja que você estiver planejando, não vai funcionar", eu disse pra ele.

"Shh. Eu estou pensando".

"Ugh", eu gemi, me jogando na cama e colocando a colcha por cima da minha cabeça.

Não houve nenhum som, mas de repente ele estava lá. Ele tirou a coberta de cima pra

poder me ver. Ele estava deitado ao meu lado. A mão dele se aproximou pra alisar a

minha bochecha.

"Se você não se importar, eu preferiria que você não escondesse o seu rosto. Eu já vivi

sem ele pelo máximo de tempo que eu consigo agüentar. Agora... diga-me uma coisa".

"O que?", eu perguntei sem vontade.

"Se você pudesse pedir por qualquer coisa nesse mundo, qualquer coisa, o que seria?"

Eu sentí o ceticísmo nos meus olhos. "Você"

Ele balançou a cabeça impaciente. "Alguma coisa que você ainda não tenha".

Eu não tinha certeza de onde ele estava planejando me levar, então eu pensei

cuidadosamente antes de responder. Eu pensei em uma coisa que não só era verdade,

como também provavelmente impossível.

"Eu ia querer... Que Carlisle não tivesse que fazer isso. Eu iria querer que você me

transformasse".

Eu observei a reação dele cautelosamente, esperando mais da fúria que eu havia visto na

casa dele. Eu fiquei surpresa que a expressão dele não mudou. Ele ainda estava

calculista, pensativo.

"O que você estaria a fim de trocar por isso?"

Eu não conseguia acreditar em meus ouvidos. Eu olhei para o seu rosto composto e

soltei a resposta antes que pudesse pensar nela.

"Qualquer coisa".

Ele sorriu fracamente, e depois torceu os lábios. "Cinco anos?"

Meu rosto se contorceu em uma expressão que era uma mistura de pesar e horror.

"Você disse qualquer coisa", ele me lembrou.

"Sim, mas... você vai usar o tempo pra encontrar uma maneira de se livrar disso. Eu

tenho que bater enquanto o ferro está quente. Além do mais, é perigoso demais que eu

permaneça humana - pra mim, pelo menos. Então, qualquer coisa menos isso".

Ele fez uma carranca. "Três anos?"

"Não!"

"Será que isso vale alguma coisa pra você?"

Eu pensei no quanto eu queria isso. Melhor manter uma testa de ferro, eu decidi, e não

deixar ele saber o quanto eu queria isso.

Isso ia me dar mais tempo pra ter influencia. "Seis meses?"

Ele rolou os olhos. "Não é bom o suficiente".

"Um ano, então", eu disse. "Esse é o meu limite".

"Pelo menos me dê dois".

"De jeito nenhum. De dezenove eu passo. Mas eu não vou chegar nem perto dos vinte.

Se você vai ficar na adolescência pra sempre, então eu também vou".

Ele pensou por um minuto. "Tudo bem. Esqueça os limites de tempo. Se você quer que

eu faça isso - então você só vai ter que aceitar uma condição".

"Condição?", minha voz ficou vazia. "Que condição?"

Seus olhos estavam cuidadosos - ele falou lentamente. "Case comigo primeiro".

Eu olhei pra ele, esperando... "Tudo bem. Qual é o truque?"

Ele suspirou. "Você está ferindo o meu ego, Bella. Eu acabei de te pedir em casamento,

e você acha que eu estou fazendo piada".

"Edward, por favor fale sério".

"Eu estou sendo cem por cento sério". Ele me encarou sem uma ponta de humor no

rosto.

"Oh, vamos", eu disse, uma ponta de histeria na minha voz. "Eu só tenho dezoito".

"Bem, eu já tenho quase cento e dez. Está na hora de me ajeitar".

Eu desviei o olhar, para a janela escura, tentando controlar o meu pânico antes que ele

me denunciasse.

"Olha, casamento não está exatamente no topo da minha lista de prioridades, sabe?

Isso foi meio que o beijo da morte pra Renée e Charlie".

"Interessante escolha de palavras".

"Você sabe do que eu estou falando".

Ele inalou profundamente. "Por favor não me diga que você tem medo de

compromisso", a voz dele estava descrente, e eu entendi do que ele estava falando.

"Não é exatamente isso", eu cerquei. "Eu... estou com medo de Renée. Ela realmente

tem umas opiniões interessantes sobre se casar antes dos trinta".

"Porque ela preferiria que você se tornasse um dos eternos condenados do que te ver se

casar". Ele sorriu obscuramente.

"Você acha que está fazendo piada".

"Bella, se você considerar o nível de comprometimento entre uma união matrimonial e a

barganha de trocar a sua alma por uma eternidade como vampira..." ele balançou a

cabeça.

"Se você não é corajosa o suficiente pra se casar comigo, então -"

"Bem", eu interrompi. "E se eu fizesse isso? E se eu te disse pra me levar pra Las Vegas

agora? E seria uma vampira em três dias?"

Ele sorriu, seus dentes estavam brilhando na escuridão. "Claro", ele disse, pagando pra

ver. "Eu vou pegar o meu carro".

"Droga", eu murmurei. "Eu te dou dezoito meses".

"Sem acordo", ele sorriu. "Eu gosto dessa condição".

"Tudo bem. Eu peço pra Carlisle fazer isso quando eu me formar".

"Se é realmente isso que você quer", ele levantou os ombros, e o seu sorriso ficou

absolutamente angelical.

"Você é impossível", eu rosnei. "Um monstro".

Ele gargalhou. "É por isso que você não vai se casar comigo?"

Ele se inclinou na minha direção; seus olhos escuros como a noite se derreteram e

queimaram e danificaram a minha concentração. "Por favor? Bella?", ele respirou.

Eu me esqueci de como respirar por um momento. Quando eu me recuperei, eu balancei

a minha cabeça rapidamente, tentando limpar a minha cabeça subitamente nublada.

"Será que isso teria funcionado melhor se eu tivesse tempo de arrumar um anel?"

"Não! Nada de anéis!", eu quase gritei.

"Agora você conseguiu", ele cochichou.

"Oops".

"Charlie está se levantando; é melhor eu ir embora", Edward disse com resignação.

Meu coração parou de bater.

Ele estudou a minha expressão por um segundo. "Seria infantil da minha parte me

esconder no seu armário, então?"

"Não", eu sussurrei ansiosamente. "Fique. Por favor".

Edward sorriu e desapareceu.

Eu me sentei na escuridão enquanto esperava Charlie vie me checar. Edward sabia

exatamente o que ele estava fazendo, e eu era capaz de apostar que toda a surpresa fazia

parte da trama. É claro, eu ainda tinha a opção de Carlisle, mas agora que eu sabia que

havia uma chance do próprio Edward me mudar, eu queria muito isso. Ele era um

trapaceiro.

Minha porta se abriu.

"Bom dia, pai".

"Oh, oi, Bella" Ele parecia envergonhado por ter sido pego no flagra. "Eu não sabia que

você estava acordada".

"É. Eu só estava esperando você se levantar pra ir tomar um banho", eu comecei a me

levantar.

"Espera", Charlie disse, ligando a luz. Eu pisquei por causa da claridade repentina, e

cuidadosamente mantive os meus olhos longe do armário. "Vamos conversar por uns

minutos primeiro".

Eu não consegui controlar a minha careta. Eu havia esquecido de pedir uma boa

desculpa á Alice.

"Você está com problemas".

"É, eu sei".

"Eu estava a ponto de enlouquecer nesses três dias. Eu volto pra casa do funeral de

Harry, e você está desaparecida. Jacob me disse que você havia fugido com Alice

Cullen, e que ele pensava que vocês estavam com problemas. Você não me deixou um

número, e não me ligou. Eu não sabia quando - ou se - você ia voltar. Você tem alguma

idéia de como... como..." Ele não conseguiu terminar a frase. Ele sugou o ar

profundamente e continuou. "Será que você pode me dar uma boa razão pra eu não te

mandar pra Jacksonville nesse segundo?"

Meus olhos se estreitaram. Então iam ser ameaças, não é? Um jogo que dois podem

jogar. Eu me sentei, colocando a colcha ao meu redor. "Porque eu não vou".

"Agora só um minuto, jovenzinha - "

"Olha, pai, eu aceito completamente a responsabilidade pelas minhas ações, e você pode

me castigar por quanto tempo você quiser. Eu também farei todas as tarefas e vou lavar

as roupas e os pratos até que você pense que eu aprendi a lição. E eu acho que você está

no seu direito se você quiser me botar pra fora também - mas isso não vai me fazer ir

para a Flórida".

O rosto dele ficou vermelho brilhante. Ele respirou fundo algumas vezes antes de

responder.

"Você gostaria de explicar onde esteve ?"

Oh, droga. "Houve uma... emergência".

As sobrancelhas dele se ergueram de expectativa pela minha brilhante explicação.

Eu enchi as minhas bochechas de ar e depois coloquei o ar pra fora fazendo barulho.

"Eu não sei o que te dizer, pai. Foi em grande parte um grande mal entendido. Ele disse,

ela disse. Saiu do controle".

Ele esperou com uma expressão desconfiada.

"Veja, Alice contou a Rosalie que eu havia pulado do penhasco...", eu estava lutando

freneticamente pra fazer isso funcionar, pra fazer isso ficar o mais perto da verdade

possível para que assim a minha habilidade com mentiras não minasse a desculpa, mas

antes que eu pudesse continuar a expressão de Charlie me lembrou de que eu não havia

contado a ele sobre o penhasco.

Super oops. Como se eu já não estivesse frita.

"Eu acho que não te contei sobre isso", eu botei pra fora. "Não foi nada. Só me

divertindo, nadando com Jake. De qualquer forma, Rosalie contou pra Edward e ele

ficou chateado. Ela meio que acidentalmente fez parecer que eu estava tentando me

matar ou alguma coisa assim. Ele não atendia ao telefone, então Alice me arrastou pra...

, Los Angeles, pra explicar pessoalmente", eu levantei os ombros, esperando

desesperadamente que ele não ficasse distraído o sufíciente com o meu errinho ao ponto

de perder a explicação brilhante que eu havia dado.

O rosto de Charlie estava congelado. "Você estava tentando se matar, Bella?"

"Não, é claro que não. Só me divertindo com Jake. Mergulho dos penhascos. Os garotos

de La Push faz isso o tempo inteiro. Como eu disse, não foi nada".

O rosto de Charlie se esquentou - de congelado á quente de fúria. "Qual é a de Edward

Cullen, afinal?", ele latiu. "Todo esse tempo, ele te deixou na mão sem uma palavra -"

Eu interrompí ele. "Outro mal entendido".

Ele ficou vermelho de novo. "Ele está de volta então?"

"Eu não tenho certeza de qual é o plano. Eu acho que eles todos voltaram".

Ele balançou a cabeça, a veia da testa dele estava pulsando. "Eu quero que você fique

longe dele, Bella. Eu não confio nele. Ele é ruim pra você. E não vou deixar ele fazer

aquilo com você de novo".

"Tudo bem", eu disse curtamente.

Charlie se balançou nos calcanhares. "Oh". Ele andou por um segundo, exalando alto

com a surpresa. "Eu pensei que você fosse ser difícil".

"Eu vou", eu o encarei diretamente nos olhos. "Eu quis dizer 'Tudo bem, eu me mudo'".

Seus olhos se arregalaram; o rosto dele ficou ruivo. Minha resolução ficou balançada

enquanto eu comecei a me preocupar com a saúde dele. Ele não era mais jovem que

Harry...

"Pai, eu não quero me mudar", eu disse em um tom mais suave. "Eu amo você. Eu sei

que você está preocupado, mas você vai precisar confiar em mim nisso. Você vai ter

que facilitar pra Edward se quiser que eu fique. Você quer que eu viva aqui ou não?"

"Isso não é justo, Bella. Você sabe que eu quero que você fique".

"Então seja legal com Edward, porque ele vai estar onde eu estiver", eu disse com

confiança. A confiança da minha epifânia ainda era forte.

"Não embaixo do meu teto", Charlie trovejou.

Eu dei um suspiro profundo. "Olha, eu não vou dar mais nenhum ultimato essa noite -

ou eu acho que é manhã. Só pense nisso por alguns dias, tá legal? Mas tenha em mente

que eu e Edward somos uma espécie de pacote".

"Bella -"

"Pense nisso", eu insisti. "E enquanto você está fazendo isso, será que você pode me dar

um pouco de privacidade? Eu realmente preciso de um banho."

O rosto de Charlie mudou para um estranho tom de roxo, mas ele saiu, batendo a porta

atrás dele. Eu ouvi ele pisando furiosamente nos degraus da escada.

Eu joguei minha colcha de lado, e Edward estava lá, sentado na cadeira de balanço

como se estivesse sentado lá durante a conversa inteira.

"Eu lamento por isso", eu sussurrei.

"Como se eu não merecesse coisa muito pior", ele murmurou. "Não comece nada com

Charlie por minha causa, por favor".

"Não se preocupe com isso" eu respirei enquanto juntava as minhas coisas do banheiro e

pegava uma muda de roupas limpas. "Eu vou fazer exatamente o que for necessário, e

nada, além disso. Ou será que você está querendo me dizer que eu não teria um lugar

pra ir?" eu arregalei os olhos com falso alarme.

"Você se mudaria pra uma casa cheia de vampiros?"

"Esse provavelmente é o lugar mais seguro pra alguém como eu. Além do mais..." eu

sorrí. "Se Charlie me expulsar, então não há necessidade de esperar até a formatura, não

é?"

A mandíbula dele se apertou. "Tão ansiosa pela condenação eterna", ele murmurou.

"Você sabe que não acredita realmente nisso".

"Oh, não acredito?", ele fumaçou.

"Não. Não acredita".

Ele me encarou e começou a falar, mas eu cortei ele.

"Se você realmente acreditasse que perdeu sua alma, então quando eu te encontrei em

Volterra, você teria se dado conta imediatamente do que estava acontecendo, ao invés

de pensar que estávamos mortos juntos. Mas você não soube - você disse ' Incrível.

Carlisle estava certo.'", eu lembrei ele, triunfante. "Existe esperança em você, afinal".

Pela primeira vez, Edward ficou sem fala.

"Então vamos os dois ter esperança, certo?", eu sugeri. "Não que isso importe. Se você

ficar, eu não preciso do paraíso".

Ele se levantou lentamente, e veio colocar as suas mãos nos dois lados do meu rosto

enquanto olhava nos meus olhos. "Pra sempre", ele prometeu, ainda vacilante.

"Isso é tudo o que eu estou pedindo", eu disse, e me estiquei nos meus dedos do pé pra

poder pressionar os meus lábios nos dele.

um pouco mais baixo do que eu imaginei que era.

"Tudo bem então", ele disse, sua voz transbordando desaprovação. "Sobe aí".

Ele me ajudou a subir em suas costas, e começou a correr.

Depois de todo esse tempo, já parecia rotina. Fácil. Evidentemente, isso era uma

daquelas coisas que nunca se esquece, como andar de bicicleta.

Estava muito quieto e escuro enquanto ele corria pela floresta, sua respiração lenta e

uniforme - escuro suficiente pra que as árvores passando por nós voando quase eram

invisíveis, e só a rajada de vento no meu rosto realmente indicava a nossa velocidade. O

vento estava úmido; ele não queimava meus olhos do jeito que o vento na grande praça

fazia, e isso era reconfortante. E por ser noite, também, depois da terrivel claridade.

Assim como na grossa colcha na qual eu brincava de me esconder quando era criança, o

escuro era familiar e protetor.

Eu me lembrei que correr pela floresta costumava me assustar, que eu costumava ter

que fechar meus olhos. Agora isso parecia uma reação boba pra mim. Eu mantive os

meus olhos abertos, meu queixo descansando no ombro dele, minha bochecha no

pescoço dele. A velocidade era divertida. Cem vezes melhor que a moto.

Eu virei meu rosto na direção dele e pressionei meus lábios na pedra fria que era o

pescoço dele.

"Obrigado", ele disse, enquanto as vagas, sombras negras das árvores passavam por nós.

"Isso significa que você decidiu que está acordada?"

Eu sorri. O som era fácil, natural, sem esforço. Parecia

. Eu estava pensando em você, vendo o seu rosto em minha mente, durante cada

segundo em que estive longe. Quando eu te disse que não te queria, aquele foi o tipo

mais negro de blasfêmia".

Eu balancei a minha cabeça enquanto as lágrimas continuavam escapando do canto dos

meus olhos.

"Você não acredita em mim, acredita?", ele sussurrou, o seu rosto mais pálido que o

pálido normal - eu podia ver isso mesmo na luz fraca. "Porque você consegue acreditar

numa mentira, mas não na verdade?"

"Nunca fez sentido você me amar", eu expliquei, minha voz escapando duas vezes.

"Eu sempre soube isso".

Os olhos dele se estreitaram, a mandíbula se apertou.

"Eu vou provar que você está acordada", ele prometeu.

Ele pegou o meu rosto seguramente entre suas mãos de ferro, ignorando minha luta

quando eu tentei desviar o meu rosto.

"Por favor não", eu sussurrei.

Ele parou, seus lábios estavam a meio centímetro dos meus.

"Porque não?", ele quis saber. O hálito dele bateu no meu rosto, fazendo minha cabeça

girar.

"Quando eu acordar" - ele abriu a boca pra protestar, então eu revisei - "Ok, esqueça

essa - quando você se for de novo, já vai ser duro suficiente sem isso também".

Ele se afastou um centímetro, pra olhar pro meu rosto.

"Ontem, quando eu te tocava, você estava tão... hesitante, cuidadosa, e ainda assim era a

mesma. Isso é porque eu estou muito atrasado? Porque eu te machuquei demais? Porque

você

Criar uma Loja online Grátis  -  Criar um Site Grátis Fantástico  -  Criar uma Loja Virtual Grátis  -  Criar um Site Grátis Profissional