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cap. 18 ao 20

18. A Caçada

Eles emergiram um por um da floresta, se aproximando doze metros de uma só vez.
O primeiro homem diminuiu imediatamente, permitindo que o outro homem ficasse na sua frente, se deixando guiar pelo homem alto, de cabelos escuros que deixou bem claro quem era que liderava o bando. A terceira era uma mulher; á distância, tudo que eu conseguia ver dela era que ela tinha um cabelo numa incrível tom de vermelho.
Eles se enfileiraram antes de continuarem se aproximando cuidadosamente da família de Edward, exibindo o respeito natural de uma tropa de predadores quando encontram um grupo maior da sua própria espécie.
Enquanto eles se aproximavam, eu reparei no quanto eles eram diferentes do Cullen.
O caminhar deles parecia de gato, e constantemente isso fazia parecer que eles estavam rastejando. Eles usavam o vestiário normal de qualquer mochileiro: jeans e uma camisa de botão casual, feita de um tecido pesado e á prova de água. No entanto, as roupas estavam desgastadas, pelo uso, e eles estavam descalços. Os dois homens tinham cabelos cuidados,mas o cabelo alaranjado da mulher estava cheio de folhas e sujeira da floresta.
Seus olhos rápidos estudaram o jeito mais educado, urbano de Carlisle, que, acompanhado de Emmett e Jasper, andou cuidadosamente em frente para encontrá-los.
Sem que nenhuma aparente comunicação acontecesse entre eles, eles se puseram numa postura mais usual, ereta.
O homem na frente era facilmente o mais bonito, sua pele tinha um tom de oliva por baixo da palidez de costume, o seu cabelo era de um preto forte. Ele tinha uma estatura média, tinha músculos fortes, é claro, mas não era nada comparado com a força muscular de Emmett. Ele tinha um sorriso fluente, que mostrava uma linha de grande dentes brancos brilhantes.
A mulher tinha um aspecto mais selvagem, os olhos rápidos dela olhavam sem descanso para o homem que estava na frente dela, e para o grupo que estava ao nosso redor, seu cabelo caótico estava voando levemente com a brisa. Sua postura era distintamente felina.

O segundo homem se movia sem parar atrás dele, mais leve que o líder, seus cabelos castanho claro e feições retangulares eram indescritíveis. Seus olhos, no entanto, completamente imóveis, de alguma forma pareciam muito vigilantes.
Seus olhos eram diferentes também. Não eram do dourado ou preto que eu cheguei a esperar, mas de um vermelho profundo que era muito perturbador e sinistro.
O homem de cabelos escuros, ainda sorrindo, deu um passo em direção á Carlisle.
"Nós pensamos ter ouvido um jogo", ele disse numa voz relaxada que tinha um leve sotaque francês. "Eu sou Laurent, estes são Victoria e James". Ele fez gestos para os outros vampiros ao seu lado.
"Eu sou Carlisle. Esta é minha família, Emmett e Jasper, Rosalie, Esme e Alice, Edward e Bella". Ele nos apontou em grupos, deliberadamente não chamando a atenção para indivíduos. Eu senti um choque quando ele disse meu nome.
"Vocês tem espaço para mais alguns jogadores?", Laurent perguntou num tom sociável.
Carlisle imitou o tom amigável dele. "Na verdade, nós já estávamos acabando. Mas certamente estaríamos interessados numa outra hora. Vocês pretendem ficar por muito tempo?"
"Nós estávamos indo para o Norte, na verdade, mas ficamos interessados em ver a vizinhança. Nós não encontramos companheiros há um bom tempo".
"Não, essa região geralmente está vazia, com exceção dos visitantes inesperados, como vocês".
A tensa atmosfera havia lentamente se transformado numa conversa casual; eu concluí que Jasper estava usando seus dons peculiares para controlar a situação.
"Qual é extensão de área onde vocês caçam?",. Laurent inquiriu casualmente.
Carlisle ignorou a intenção por trás da pergunta. "A extensão Olympica aqui, acima e abaixo da Costa, em certas ocasiões. Nós mantemos residência permanente aqui perto.

Há outra residência permanente como a nossa perto de Denali".
Laurent se virou um pouco nos calcanhares.
"Permanente? Como vocês conseguem?". Havia uma honesta curiosidade na voz dele.
"Porque vocês não vão á nossa casa onde podemos conversas confortavelmente?", Carlisle convidou. "É uma história longa".
James e Victoria trocaram olhares surpresos com a menção da palavra "casa", mas Laurent controlou melhor a sua expressão.
"Isso parece muito interessante, e bem vindo", seu sorriso era genial. "Nós estivemos numa caçada em Ontário, e ainda não tivemos a oportunidade de nos limpar apropriadamente". Ele moveu seus olhos apreciando a figura refinada de Carlisle.
"Não se ofendam, mas gostaríamos se vocês refreassem as suas caças nessa área. Nós temos que nos manter fora de suspeita, vocês entendem". Carlisle explicou.
"É claro". Laurent afirmou com a cabeça. "Nós certamente não vamos invadir o seu território. Nós comemos quando viemos de Seattle, mesmo". Ele sorriu. Um arrepio percorreu a minha espinha.
"Nós vamos te mostrar o caminho se vocês quiserem correr conosco- Emmett e Alice, vocês vão com Edward e Bella pegar o Jipe". Ele disse casualmente.
Três coisas pareceram acontecer simultaneamente enquanto Carlisle estava falando. Meu cabelo voou levemente com a brisa, Edward ficou rígido, e o segundo homem, James, virou sua cabeça de repente, me estudando, sua narinas infladas.
Uma rápida rigidez passou entre eles quando James começou a rastejar mais pra perto. Edward mostrou seus dentes, numa posição de defesa, um rosnado de animal brotou da garganta dele.
Não foi nada como os sons de brincadeira que eu ouvi dele esta manhã. Foi o ruído mais ameaçador que já tinha ouvido, e arrepios percorreram todo o meu corpo, desde o meus fios de cabelo até os calcanhares.
"O que é isso?". Laurent perguntou surpreso. Nem Edward nem James relaxaram suas posições agressivas. James se moveu levemente para o lado, e Edward se moveu em resposta.

"Ela está conosco". A repulsa de Carlisle foi pra James. Laurent pareceu sentir meu cheiro com menos força que James, mas agora a consciência desceu no seu rosto.

"Vocês trouxeram um lanche?", ele perguntou com uma expressão incrédula, dando um passo involuntário á frente.

Edward rosnou ainda mais ferozmente, asperamente, seus lábios se curvando sobre seus dentes brilhantes que estavam á amostra. Laurent andou pra trás de novo.

"Eu disse que ela está conosco". Carlisle corrigiu com uma voz dura.

"Mas ela é humana", Laurent protestou. As palavras não eram agressivas, apenas um tanto quanto surpresas.

"Sim", Emmett ficou muito mais visível do lado de Carlisle, seus olhos estavam em James. James lentamente abandonou sua posição, mas seus olhos não saíram de cima de mim, sua narinas ainda infladas. Edward continuou tenso como um leão na minha frente.

Quando Laurent falou, seu tom estava suavizado- tentando afastar a hostilidade repentina. "Aparentemente temos muito a aprender uns sobre os outros".

"Realmente", a voz de Carlisle ainda estava fria.

"Mas nós gostaríamos de aceitar seu convite", seus olhos vacilavam entre Carlisle e eu.

"E é claro que não iremos causar nenhum mal á garota humana. Não iremos invadir seu espaço, como eu disse".

James olhou sem acreditar e agravado para Laurent e trocou outro breve olhar com Victoria, cujos olhos ainda passavam rapidamente de rosto para rosto.

Carlisle mediu a expressão aberta de Laurent antes de falar.

"Nós iremos mostrar o caminho. Jasper, Rosalie, Esme?", ele chamou. Eles se juntaram me bloqueando enquanto se convergiam. Alice estava instantaneamente ao meu lado, Emmett ficou atrás lentamente, seus olhos se travaram quando ele passou por James.

"Vamos, Bella". A voz de Edward era baixa e inexpressiva.

Durante todo esse tempo eu estive colada no lugar, aterrorizada demais pra me mexer.

Edward teve que agarrar meu cotovelo e me puxar levemente pra quebrar o meu transe. Alice e Emmett estavam logo atrás de nós, me escondendo. Eu tropeçava ao lado de Edward, ainda assustada pelo medo. Eu não podia ouvir se o grupo principal já havia ido embora. A impaciência de Edward era quase palpável enquanto andávamos em velocidade humana para a floresta.

Assim que chagamos á floresta, Edward me jogou em suas costas sem parar de andar. Eu me agarrei o mais forte que pude quando ele começou a correr, os outros bem atrás dele. Eu mantive minha cabeça abaixada,mas meus olhos, arregalados de medo, não quiseram fechar. Eles se moviam pela floresta negra como fantasmas. A sensação de alegria que parecia dominar Edward quando ele corria estava completamente ausente. Em seu lugar havia uma fúria que o possuía e fazia ele ir ainda mais rápido. Mesmo eu estando nas costas dele, os outros acabaram ficando pra trás.

Nós chegamos no Jipe num tempo impossivelmente rápido, Edward mal parou e já estava me jogando no banco de trás.

"Ponha o cinto nela", ele ordenou á Emmett que entrou ao meu lado.

Alice já estava no banco de frente e Edward já estava ligando o carro. O motor ligou, nós fizemos uma ré, e fizemos uma curva ficando de frente para a estrada.

Edward estava resmungando algo rápido demais pra eu entender, mas parecia uma sucessão de palavras profanas.

A viagem sacudida foi muito pior dessa vez e o escuro só a tornou mais assustadora. Tanto Emmett quanto Alice olhavam pra fora pela janela.

Nós entramos na estrada principal, e apesar da velocidade ter aumentado, eu podia ver muito mais claramente pra onde estávamos indo. Nós estávamos indo pra o Sul, nos distanciando de Forks.

"Onde estamos indo?", eu perguntei.

Ninguém respondeu.ninguém sequer olhou pra mim.

"Droga, Edward! Pra onde você está me levando?"

"Nós temos que te levar pra longe daqui - muito longe - agora". Ele não olhou pra trás, seus olhos estavam na estrada. O velocímetro marcava cento e cinqüenta milhas por hora.

"Vira! Você tem, que me levar pra casa!", eu gritei. Eu lutei contra a estúpida subordinação, tirando o cinto.

"Emmett", Edward disse severamente.

E Emmett segurou minhas mãos com o seu aperto se aço.

"Não! Edward! Não, você não pode fazer isso."

"Eu tenho que fazer, Bella, por favor fique quieta".

"Não fico! Você tem que me levar de volta - Charlie vai chamar o FBI! Eles vão cair em cima da sua família - Carlisle e Esme! Eles terão que fugir, que se esconder pra sempre!"

"Acalme-se, Bella", sua voz continuava fria. "Nós já fizemos isso antes".

"Comigo não! Vocês não estão arruinando tudo pra mim!", eu lutei violentamente, mas foi totalmente fútil.

Alice falou pela primeira vez. "Edward, enconste".

Ele deu uma olhada dura pra ela, e aumentou a velocidade.

"Edward, vamos apenas conversar sobre isso".

"Você não entende", ele rugiu frustrado. Eu nunca havia ouvido a voz dele tão alta, era ensurdecedora dentro do Jipe. O velocímetro baixou para perto de centro e quinze milhas. "Ele é um perseguidor, Alice. Um perseguidor!"

Eu senti Emmett enrijecer ao meu lado, e eu imaginei o porque dessa reação dele á palavra. Parecia que ela significava mais pra eles três do que pra mim; eu queria entender, mas não houve oportunidade para eu perguntar.

"Encoste, Edward", o tom de Alice era razoável, mas com uma ponta de autoridade que eu nunca havia ouvido antes.

O velocímetro passou de cento e vinte.

"Faça isso, Edward".

"Me ouça, Alice. Eu vi a mente dele. Perseguir é a paixão dele, sua obsessão - e ele quer ela, Alice - ela, especificamente. Ele começa sua perseguição hoje".

"Ele não sabe onde -"

Ele interrompeu ela. "Quanto tempo você acha que vai levar pra que ele sinta o cheiro dela naquela cidade? Seu plano já estava traçado antes das palavras saírem da boca de Laurent".

Eu fiquei ofegante sabendo á onde o meu cheiro o levaria. "Charlie! Você não pode deixá-lo lá! Você não pode deixá-lo". Eu tentei sair da apatia.

"Ela está certa." Alice disse.

O carro diminuiu um pouco.

"Vamos apenas olhar para as nossas opções por um momento", Alice persuadiu.

O carro diminuiu de novo, mas notavelmente., e então nós subitamente subimos no acostamento da estrada, parando. Eu voei para a frente, e depois bati com tudo quando voltei para o banco.

"Não temos opções", Edward falou arrastado.

"Eu não vou deixar Charlie", eu gritei.

Ele me ignorou completamente.

"Nós temos que levá-la de volta", Emmett finalmente falou.

"Não". Edward foi absoluto.

"Ele não se compara á nós, Edward. Ele não poderá tocá-la".

"Ele vai esperar".

Emmett sorriu. "Nós também podemos esperar"

"Você não viu- você não entende. Quando ele se compromete com uma perseguição, ele é inabalável. Nós teríamos que matá-lo".

Emmett não pareceu aborrecido pela idéia. "Isso é uma opção".

"E a fêmea. Ela está com ele. Se isso se transformar numa luta, o líder se juntará a eles também".

"Nós somos um número suficiente".

"Há outra opção", Alice disse baixinho.

Edward de virou furioso pra ela, sua voz era um rugido devastador. "Não - há - outra - opção!"

Emmett e eu olhamos pra ele em choque, mas Alice não parecia estar surpresa. O silêncio durou um longo minuto enquanto Edward e Alice se encaravam.

Fui eu quem o quebrou. "Vocês querem ouvir o meu plano?"

"Não", Edward rugiu, Alice olhou pra ele finalmente encolerizada.

"Ouçam", eu implorei. "Vocês me levam de volta".

"Não", ele interrompeu.

Eu olhei pra ele e continuei. "Vocês me levam pra casa. Eu digo ao meu pai que quero voltar pra casa em Phoenix. Eu faço minhas malas. Nós esperamos até que o perseguidor esteja observando, então nós fugimos. Ele vai nos seguir e deixar Charlie em paz. Charlie não vai colocar o FBI na cola da sua família. Aí vocês podem me levar para a droga do lugar que quiserem".

Eles me olharam, atordoados.

"Realmente, não é uma má idéia". A surpresa na voz de Emmett era definitivamente um insulto.

"Pode dar certo - e nó não podemos simplesmente deixar o pai dela desprotegido. Você sabe disso", Alice disse.

Todos olharam para Edward.

"É perigoso demais - eu não quero ele á menos de duzentos metros de distância dela."

Emmett estava super confiante. "Edward, ele não vai passar por nós".

Alice pensou por um momento. "Eu não o vejo atacando. Ele vai tentar esperar até que nós deixemos ela sozinha".

"Não vai demorar muito até que ele se dê conta de que isso não vai acontecer".

"Eu ordeno que você me leve pra casa". Eu tentei parecer firme.

Edward pressionou seus dedos nas têmporas e fechou os olhos.

"Por favor", eu disse numa voz muito mais baixa.

Ele não olhou pra cima. Quando ele falou, sua voz parecia exausta.

"Você vai partir essa noite. Quer os perseguidores vejam ou não. Você diz pra Charlie que não aguenta passar mais nem um minuto em Forks. Conte qualquer história. Eu não me importo com o que ele diga pra você. Você tem quinze minutos. Você me ouviu? Quinze minutos a partir do momento que você entrar em casa".

Ele ligou o motor do Jipe, nós viramos indo de volta pra casa, os pneus cantando.

A agulha do velocímetro começou a subir sem parar.

"Emmett?", eu chamei, apontando para as minhas mãos com o olhar.

"Oh, desculpe". Ele me soltou.

Alguns minutos se passaram em silêncio, só se ouvia o barulho do motor. Então Edward falou de novo.

"É assim que as coisas vão acontecer. Nós vamos para a casa dela, se o perseguidor não estiver lá, eu a levo até a porta. Então ela terá quinze minutos". Ele me olhou pelo espelho retrovisor. "Emmett, você cuida do lado de fora da casa. Alice, você fica na caminhonete. Eu ficarei lá dentro enquanto ela estiver. Depois que ela sair, vocês dois pegam o Jipe e vão dizer a Carlisle".

"Sem essa", Emmett interrompeu. "Eu tô com você".

"Pense bem, Emmett. Eu não sei por quanto tempo ficarei fora".

"Até que a gente saiba até onde isso vai, eu fico com você".

Edward suspirou. "Se o perseguidor estiver lá", ele continuou severamente." Nós dirigimos direto".

"Nós chegaremos lá antes dele", Alice disse confiante.

Edward pareceu aceitar isso. Qualquer que fosse o seu problema com Alice, ele não pareceu duvidar dela agora.

"O que nós vamos fazer com o Jipe?", ela perguntou.

A voz dele tinha um tom duro. "Você vai dirigi-lo até em casa".

"Não, eu não vou", ela disse calmamente.

As palavras profanas impossíveis de escutar recomeçaram.

"Nós não cabemos todos na minha caminhonete", eu sussurrei.

Edward não aparentou me ouvir.

"Eu acho que vocês deviam me deixar ir sozinha", eu falei ainda mais baixo.

Isso ele ouviu.

"Bella, só faça o que eu digo, só dessa vez", ele disse por entre os dentes trincados.

"Ouça, Charlie não é imbecil", eu protestei. "Se você não estiver na cidade amanhã, ele vai suspeitar".

"Isso é irrelevante. Nós iremos proteger ele, e é só isso que importa".

"E quanto á esse perseguidor? Ele viu a forma como você agiu. Ele vai saber que você está comigo, onde quer que você esteja".

Emmett olhou pra mi, insultantemente surpreso de novo. "Edward, escute ela", ele persuadiu. "Eu acho que ela está certa".

"Sim, ela está", Alice concordou.

"Eu não posso fazer isso", a voz de Edward estava gelada.

"Emmet devia ficar também", eu continuei. "Ele definitivamente deu uma boa olhada pra Emmett".

"O que?", Emmett de virou pra mim.

"Você vai pegar ele mais facilmente se ficar", Alice concordou.

Edward olhou pra ela incrédulo. "Você acha que eu devo deixar ela ir sozinha?"

"É claro que não", ela disse. "Eu e Jasper ficamos com ela".

"Eu não posso fazer isso", Edward repetiu, mas dessa vez havia um traço de derrota na voz dele. A lógica estava começando a entrar na cabeça dele.

Eu tentei ser persuasiva. "Fique por uma semana -", eu vi a expressão dele no espelho e emendei. " - Alguns dias. Deixe Charlie ver que você não me sequestrou, então você começa a sua caçada á James. Tenha certeza de que ele está completamente fora da minha cola. Então venha me encontrar. Venha por uma rota alternativa, é claro, então Alice e Jasper poderão voltar pra casa".

Eu podia ver que ele estava começando a considerar a idéia.

"Te encontrar onde?"

"Em Phoenix", é claro.

"Não. Ele vai ouvir que você foi pra lá", ele disse impaciente.

"E você vai fazer parecer que é lá que eu estou, obviamente. Ele sabe que vocês estarão comigo. Ele nunca vai acreditar que vocês vão me levar pra onde dizem que estão me levando".

"Ela é diabólica". Emmett gargalhou.

"E se isso não funcionar?"

"Existem sete milhões de pessoas em Phoenix", eu informei.

"Não é tão difícil encontrar uma lista telefônica".

"Eu não vou pra casa".

"Oh?", ele perguntou, um tom perigoso na voz dele.

"Eu sou velha o suficiente pra ficar sozinha".

"Edward, nós estaremos com ela", Alice lembrou ela.

"O que você vai fazer em Phoenix?", ele perguntou a ela severamente.

"Ficar dentro de casa".

"Eu gosto disso", Emmett estava pensando em cercar James, sem dúvida.

"Cala a boca, Emmett".

"Olha, se nós tentarmos derrotá-lo enquanto ela ainda estiver aqui, existe uma chance muito maior de alguém se machucar - ela vai se machucar, ou você, tentando proteger ela. Agora, se nós pegarmos ele sozinho...". Ele ficou quieto com um sorrisinho no rosto. Eu estava certa.

O Jipe estava andando mais devagar a gora que estávamos na cidade. A despeito da minha fala corajosa, os cabelos dos meus braços estavam de pé. Eu pensei em Charlie, sozinho em casa, e tentei ser corajosa.

"Bella", a voz de Edward estava muito suave. Alice e Emmett olharam pra fora pela janela. "Se você deixar alguma coisa acontecer com você - qualquer coisa - eu vou te responsabilizar completamente. Você me entendeu?"

"Sim", eu engoli seco.

Ele se virou para Alice.

"Jasper vai conseguir lidar com isso?"

"Dê algum crédito á ele, Edward. Ele está indo muito, muito bem, levando tudo em consideração".

"Você vai conseguir lidar com isso?"

E a pequena e graciosa Alice levantou os lábios numa careta horrorosa e deu um rugido gutural que me fez colar no banco acovardada.

Edward sorriu pra ela. "Mas mantenha as suas opiniões pra si mesma". Ele murmurou de repente.

 

19. Despedidas

Charlie estava me esperando acordado. Todas as luzes de casa estavam acesas. Minha mente estava bloqueada e eu estava pensando em uma maneira dele me deixar ir. Isso não ia ser prazeroso.
Edward parou devagar, bem atrás da minha caminhonete. Todos os três estavam extremamente alerta, parecendo varetas de espingarda nos bancos, escutando cada som na floresta, olhando para cada sombra, sentindo cada cheiro, procurando por algo anormal. O motor desligou e eu continuei sentada, imóvel, enquanto eles escutavam.
"Ele não está aqui". Edward disse tenso. "Vamos lá". Emmett se inclinou pra me ajudar com os cintos.
"Não se preocupe, Bella", ele disse com uma voz animada. "Nós vamos cuidar das coisas aqui rapidamente".
Eu senti os meus olhos ficando úmidos quando eu olhei pra Emmett. Eu mal o conhecia, mas assim mesmo, de alguma forma, não saber quando eu o veria de novo depois dessa noite era angustiante. Eu sabia que esse era apenas um gosto fraco das despedidas ás quais eu teria que sobrevirem na próxima hora, e esse pensamento fez as lágrimas começarem a jorrar.
"Alice, Emmett", a voz de Edward era um comando. Eles escorregaram lentamente para a escuridão, desaparecendo instantaneamente. Edward abriu a porta e me segurou pela mão, então me cercou na proteção dos seus braços. Ele caminhou rapidamente até a casa, sempre com os olhos revistando a escuridão.
"Quinze minutos", ele avisou por baixo do fôlego.
"Eu posso fazer isso", eu dei uma fungada. Minhas lágrimas me deram uma inspiração.
Eu parei na varanda e segurei o rosto dele com as minhas mãos. Eu olhei impetuosamente nos olhos dele.
"Eu te amo", eu disse numa voz baixa, intensa. "Eu sempre vou amar você, não importa o que vai acontecer agora".

"Nada vai te acontecer, Bella", ele disse igualmente impetuoso.

"Só siga o plano, está bem? Mantenha Charlie seguro pra mim. Ele não vai gostar muito de mim depois disso, e eu quero ter a chance de me desculpar depois".

"Entre, Bella. Nós temos que nos apressar". A voz dele era urgente.

"Só mais uma coisa", eu disse apaixonadamente. "Não ouça mais nenhuma palavra que eu disser esta noite!". Ele estava se inclinando, então tudo que eu precisei fazer foi me esticar na ponta dos pés e beijar os lábios surpresos, congelados dele com toda a força que pude. Então eu me virei e abri a porta com um chute.

"Vá embora, Edward". Eu gritei com ele, corri pra dentro e bati com a porta na sua cara ainda chocada.

"Bella?", Charlie estava vagando na sala de estar, então já estava de pé.

"Me deixe em paz!". Eu gritei com ele entre lágrimas, que estavam jorrando sem parar agora. Eu subi correndo para o meu quarto, batendo a porta e trancando com a chave.

Eu corri para a cama, me jogando no chão para pegar a minha mala de viagem. Eu levantei rapidamente o meu colchão pra alcançar o estrado e pegar a meia velha onde eu guardava as minhas economias secretas.

Charlie já estava batendo na porta.

"Bella, você está bem? O que está acontecendo?". A voz dele estava assustada.

"Eu não agüento mais", eu gritei. Minha voz falhou no momento certo.

"Ele machucou você?", a voz de Charlie estava beirando a raiva.

"Não!", eu gritei alguns oitavos acima do normal. Eu virei para a minha penteadeira, e Edward já estava lá, silenciosamente tirando braçadas de roupas da gaveta e jogando elas pra mim.

"Ele terminou com você?"

"Não!", eu gritei levemente mais ofegante enquanto jogava as coisas dentro da sacola. Edward estava jogando o conteúdo de outra gaveta pra mim. A mala já estava quase cheia agora.

"O que aconteceu, Bella?", Charlie gritou da porta, começando a bater de novo.

"Eu terminei com ele", eu gritei de volta, sem conseguir fechar o zíper da bolsa. As mãos capazes de Edward afastaram as minhas e fecharam o zíper suavemente. Ele colocou a alça cuidadosamente no meu ombro.

"Eu estarei na caminhonete - vá!", ele sussurou, e me empurrou em direção á porta. Ele desapareceu pela janela.

Eu destranquei a porta e empurrei Charlie com força, lutando com a minha bolsa pesada enquanto descia as escadas.

"O que aconteceu?", ele gritou. Ele estava bem atrás de mim. "Eu pensei que você gostasse dele".

Ele segurou meu cotovelo na cozinha. Ele ainda estava confuso, mas o seu aperto era firme.

Ele me virou pra encará-lo, e eu podia ver pelo rosto dele que ele não tinha nenhuma intenção de me deixar ir. Eu só podia pensar em uma maneira para escapar, e isso envolvia machucá-lo tanto que eu me odiei só de pensar. Mas eu não tinha tempo, e eu tinha que mantê-lo a salvo.

Eu olhei para o meu pai, lágrimas frescas nos olhos pelo que eu estava prestes a fazer.

"Eu gosto dele - esse é o problema. Eu não posso mais fazer isso! Eu não posso mais fincar raízes aqui! Eu não quero acabar presa nessa cidade estúpida, chata, como a mamãe! Eu não vou cometer o mesmo erro idiota que ela cometeu. Eu odeio isso - não posso ficar aqui nem mais um minuto".

As mãos dele largaram meu braço como se eu tivesse o eletrocutado. Eu dei as costas ao seu rosto chocado, ferido, e comecei a andar para a porta.

""Bells, você não pode ir agora. É noite". Ele murmurou atrás de mim.

Eu não me virei. "Eu vou dormir na caminhonete se precisar".

"Espere só mais uma semana", ele implorou, com o rosto ainda chocado. "Renée vai estar de volta até lá".

Isso me pegou completamente despreparada. "O que?"

Charlie continuou ansioso, quase tagarelando de alívio quando eu hesitei. "Ela ligou enquanto você esteve fora. As coisas não estão indo tão bem na Flórida, e se Phil não assinar um contrato até o fim da semana, eles vão voltar para o Arizona. O treinador assistente dos Sidewinders disse que eles podem não ter mais vaga para outro reserva".

Eu balancei minha cabeça, tentando reagrupar os meus pensamentos agora confusos. Cada segundo que se passava colocava Charlie mais em risco.

"Eu tenho uma chave", eu murmurei girando a maçaneta. Ele estava perto de mim, uma das suas mãos se estendeu pra mim, seu rosto confuso. Eu não podia mais perder tempo discutindo com ele. Eu ia ter que machucá-lo mais ainda.

"Me deixe ir Charlie", eu repeti as mesmas palavras da minha mãe quando ela saiu por essa mesma há anos atrás. Eu disse elas com a toda a raiva que consegui, e abri a porta.

" Não seu certo, tá bem? Eu realmente, realmente odeio Forks!"

Minhas palavras cruéis fizeram seu trabalho - Charlie ficou congelado na porta, atordoado, enquanto eu saia noite afora. Eu estava com um medo horrendo do quintal da frente. Eu corri como uma selvagem para a caminhonete, visualizando uma sombra escura atrás de mim. Eu joguei minha bolsa na caçamba e abri a porta. A chave estava esperando na ignição.

"Eu te ligo amanhã", eu gritei, esperando mais que tudo poder explicar tudo nessa hora, mas sabendo que eu jamais poderia. Eu liguei o motor e dei a partida.

Edward segurou minha mão.

"Encoste", ele disse quando Charlie e a casa já haviam desaparecido.

"Eu posso dirigir", eu disse entre as lágrimas que rolavam pelo meu rosto.

Suas longas mãos inesperadamente seguraram minha cintura, e o pé dele empurrou o meu do acelerador. Ele me passou por cima do colo dele, arrancando minhas mãos do volante, e de repente ele estava no banco do motorista. A caminhonete não vacilou nem um centímetro.

"Você não conseguiria encontrar a casa", ele explicou.

Faróis brilharam de repente atrás de nós. Eu olhei pra trás de nós, com os olhos arregalados de horror.

"É só Alice", ele me assegurou. Ele pegou minha mão de novo.

Minha mente estava cheia de imagens de Charlie. "O perseguidor?"

"Ele ouviu o fim da sua performance", ele disso severamente.

"Charlie?", minha voz estava apavorada.

"O perseguidor nos seguiu. Ele está atrás de nós agora mesmo".

Meu corpo ficou gelado.

"Nós podemos despistá-lo?"

"Não", mas ele acelerou enquanto falava. O motor da caminhonete gemeu em protesto.

De repente, o meu plano já não parecia mais tão brilhante.

Eu estava olhando para os faróis de Alice quando a caminhonete balançou e uma sombra escura saltou do lado de fora da janela.

O grito percorreu a minha corrente sanguínea durante uma fração de segundo antes que Edward tapasse minha boca com a mão dele.

"É Emmett".

Ele liberou a minha boca, e passou o braço ao redor da minha cintura.

"Está tudo bem, Bella", ele prometeu. "Você vai ficar a salvo".

Nós corremos pela cidade vazia em direção a auto-estrado que dava para o Norte.

"Eu não havia percebido que você estava tão chateada com a vida numa cidadezinha", ele disse convencionalmente, e eu sabia que ele estava tentando me distrair. "Parecia que você estava se ajustando muito bem - especialmente recentemente. Talvez eu estivesse apenas me adulando por estar fazendo a vida mais interessante pra você".

"Eu não estava sendo boazinha", eu confessei, ignorando a sua tentativa de me divertir, olhando para os meus joelhos. "Foi exatamente aquilo que minha mãe disse quando deixou ele. Eu acho que você pode dizer que eu atingi abaixo da cintura".

"Não se preocupe. Ele vai te perdoar". Ele sorriu um pouco, apesar do sorriso não ter alcançado os olhos dele.

Eu olhei pra ele desesperadamente, ele viu o pânico que havia nos meus olhos.

"Bella, vai ficar tudo bem".

"Mas não vai ficar tudo bem quando eu não estiver com você", eu sussurrei.

"Nós estaremos juntos de novo em alguns dias", ele disse, apertando o seu abraço em mim. "Não se esqueça que isso foi idéia sua".

"Foi a melhor idéia - é claro que foi minha".

Seu sorriso de resposta foi vazio e desapareceu rapidamente.

"Porque isso aconteceu?", eu perguntei, minha voz era inquisitiva. "Porque comigo?"

Ele olhou com os olhos vazios para a estrada. "É minha culpa - eu fui um bobo de ter te exposto daquele jeito". A raiva na voz dele era dirigida pra si mesmo.

"Não foi isso que eu quis dizer", eu insisti. "Eu estava lá, grande coisa. Isso não incomodou os outros dois. Porque que esse James resolveu me matar? Tem, gente em tudo que é lugar, porque eu?"

Ele hesitou, pensando antes de responder.

"Eu dei uma boa olhada na mente dele esta noite", ele começou com uma voz baixa. "Eu não tenho certeza de que havia alguma coisa que eu pudesse fazer pra evitar isso, uma vez que ele viu você. Isso é parcialmente sua culpa". Sua voz estava torta. "Se você não cheirasse tão apavorantemente saborosa, talvez ele não tivesse se incomodado. Mas quando eu te defendi... bem, isso piorou muito as coisas. Ele não esta acostumado a ser contrariado, não importa o quanto o objeto seja sem importância. Ele se vê como um caçador e nada mais. Sua existência foi consumida por perseguições, e um bom desafio é tudo o que ele pede da vida. de repente nós apresentamos a ele um lindo desafio - um grande clã de criaturas poderosas todas inclinadas a proteger um elemento frágil. Você não acreditaria em como ele está eufórico agora. Esse é o jogo favorito dele, e nós fizemos o jogo ficar ainda mais interessante". O tom dele estava cheio de repulsa.

Ele pausou por um momento.

"Mas se eu tivesse esperado, ele teria te matado lá mesmo", ele disse com uma frustração desesperada.

"Eu achei... que não cheirava igual para os outros... como cheiro pra você", eu disse hesitantemente.

"Você não cheira. Mas isso não significa que você também não seja tentadora para eles. Você é tão apelativa para o perseguidor - ou qualquer um deles - do mesmo jeito que você é apelativa pra mim, e isso teria gerado uma briga lá mesmo".

Eu tremi.

"Eu não vejo outra escolha além de matá-lo agora", ele murmurou. "Carlisle não vai gostar".

Eu podia ouvir os pneus passando pela ponte, apesar de não conseguir ver o rio no escuro. Eu sabia que estávamos perto. Eu tinha que perguntar agora.

"Como se pode matar um vampiro?"

Ele olhou pra mim com olhos ilegíveis e com a voz repentinamente áspera. "A única forma de ter certeza é fazê-lo em fragmentos e queimar os pedaços".

"E os outros dois vão lutar com ele?"

"A mulher vai. Eu não tenho certeza sobre Laurent. Eles não têm laços muito fortes- eles só estão juntos por conveniência. Ele ficou com vergonha de James na clareira..."

"Mas James e a mulher - eles vão tentar matar você?", eu perguntei com a voz crua.

"Bella, não ouse perder seu tempo se preocupando comigo. Preocupe-se apenas com a sua própria segurança e - por favor, por favor - tente não ser descuidada".

"Ele ainda está seguindo?"

"Sim. No entanto, ele não vai atacar a casa. Não essa noite".

Ele virou na estrada invisível, Alice seguindo logo atrás.

Nós dirigimos até a casa. As luzes de dentro estavam brilhando, mas elas faziam muito pouco para aliviar a escuridão da floresta. Emmett abriu minha porta antes que a caminhonete estivesse parada; ele me tirou do banco, me agarrou como uma bola no seu peito largo, e me levou correndo pela porta.

Nós entramos na grande sala, Edward e Alice dos nossos lados. Todos eles já estavam lá; eles já estavam de pé com o som da nossa aproximação. Laurent ficou entre eles. Eu podia ouvir leves rugidos saindo da garganta de Emmett quando ele me colocou no chão ao lado de Edward.

"Ele está nos seguindo", Edward anunciou, olhando diretamente pra Laurent.

O rosto de Laurent estava descontente. "Era isso que eu temia".

Alice dançou até o lado de Jasper e cochichou no seu ouvido; seus lábios tremiam com a velocidade do seu discurso silencioso. Eles voaram pelas escadas juntos. Rosalie observou os dois, e então se moveu para o lado de Emmett. Seus lindos olhos eram intensos e - quando se fixaram em mim - furiosos.

"O que ele vai fazer?" Carlisle perguntou á Laurent com um tom arrepiante.

"Eu lamento", ele respondeu. "Eu temia que quando o seu garoto defendeu ela, que isso iria irritá-lo".

"Você pode pará-lo?"

Laurent balançou a cabeça. "Nada pode parar James depois que ele começa".

"Nós vamos pará-lo", Emmett prometeu. Não havia duvida que ele estava falando sério.

"Você não pode pará-lo. Eu nunca vi nada como ele em meus trezentos anos. Ele é absolutamente letal. Foi por isso que eu me juntei ao bando dele".

O bando dele, eu pensei, é claro. O show de liderança não passava disso, um show.

Laurent estava balançando a cabeça. ele olhou pra mim e depois de volta pra Carlisle.

"Vocês têm certeza de que vale a pena?"

O rugido irado de Edward encheu a sala. Laurent deu um passo pra trás.

Carlisle olhou gravemente para Laurent. "Eu temo que você terá que fazer uma escolha".

Laurent compreendeu. Ele pensou por um momento. Seus olhos passaram por todos os rostos, e finalmente varreram a sala clara.

"Eu estou intrigado pelo estilo de vida que vocês criaram aqui. Mas eu não vou me meter nisso. Eu não sou inimigo de nenhum de vocês, mas não vou me colocar contra James. Eu acho que vou para o Norte - visitar aquele clã em Denali". Ele hesitou. "Não subestimem James. Ele tem uma mente brilhante e sensos fora do comum.

Ele está tão confortável no mundo dos humanos quanto vocês parecem estar, e ele não vai permitir que vocês se intrometam... eu lamento pelo que isso causou aqui. Lamento mesmo". Ele fez uma reverência com a cabeça, mas eu vi quando ele lançou outro olhar confuso na minha direção.

"Vá em paz". Foi a resposta formal de Carlisle.

Laurent deu outra olhada á sua volta, e então correu para a porta.

O silêncio durou menos de um segundo.

"Quão perto?", Carlisle perguntou á Edward.

Esme já estava se mexendo; a mão dela tocou um teclado complementar acima de qualquer suspeita, e com um gemido, grandes venezianas de metal começaram a selar as paredes de vidro. Eu fiquei pasma.

"Á cerca de três milhas antes do rio; ele está circulando pra se encontrar com a fêmea".

"Qual é o plano?"

"Nós vamos despistá-lo, e então Alice e Jasper levam ela para o sul".

"E então?"

O tom de Edward era mortal. "Assim que Bella estiver longe, nós vamos caçá-lo".

"Eu acho que não há outra escolha", Carlisle concordou, seu rosto severo.

Edward se virou para Rosalie.

"Leve ela lá pra cima e troquem de roupas". Edward comandou. Ela olhou pra ele com um olhar lívido de descrença.

"Porque eu deveria?", ela falou. "O que ela é pra mim - além de uma ameaça que você escolheu pra soltar entre nós".

Eu dei um passo pra trás pra me proteger do veneno da voz dela.

"Rose...", Emmett murmurou, colocando uma mão no ombro dela. Ela afastou ele.

Mas eu estava observando Edward o tempo todo, conhecendo seu temperamento, preocupada com a reação dele.

Ele me surpreendeu. Ele desviou o olhar de Rosalie como se ela nem tivesse falado, como se ela nem existisse.

"Esme?", ele pediu calmamente.

"É claro", Esme murmurou.

Esme já estava ao meu lado em menos de um pulsar do meu coração, me colocando facilmente em seus braços e me levando pelas escadas antes que eu pudesse ficar chocada.

"O que nós estamos fazendo?", eu perguntei sem fôlego enquanto ela me colocava em um quarto escuro em algum lugar no segundo andar.

"Tentando confundir o cheiro. Não vai funcionar por muito tempo, mas vai ajudar você na saída". Eu podia ouvir as roupas dela caindo no chão.

"Eu não acho que vou caber...", eu hesitei, mas as suas mãos já estavam abruptamente tirando a minha camisa. Eu rapidamente tirei meus jeans sozinha. Ela me passou alguma coisa que parecia como uma camisa. Eu lutei pra colocar os meus braços nos buracos certos. Assim que eu consegui ela me passou sua calça comprida. Eu coloquei elas mas não consegui tirar meus pés; elas eram longas demais. Ela inteligentemente enrolou as bainhas algumas vezes pra que eu pudesse ficar de pé. De alguma forma, ela já estava usando as minhas roupas. Ela me puxou de volta para as escadas, onde Alice estava esperando, uma pequena maleta de couro estava na mão dela. Cada uma delas agarrou um dos meus cotovelos e me carregaram enquanto voavam escadas abaixo.

Parecia que tudo já havia sido resolvido lá embaixo durante a nossa ausência. Edward e Emmett estavam prontos pra partir, Emmett carregava uma mala que parecia ser pesada sobre seu ombro. Carlisle estava passando algo pequeno para Esme. Ele se virou e passou a mesma coisa para Alice - era um pequeno celular prateado.

"Esme e Rosalie vão pegar a sua caminhonete, Bella", ele disse enquanto passava por mim. Eu balancei a cabeça, olhando cautelosamente para Rosalie. Ela estava olhando para Carlisle com uma expressão ressentida.

"Alice, Jasper - levem a Mercedes. Vocês vão precisar dos vidros escuros no Sul".

Eles também balançaram a cabeça.

"Nós vamos com o Jipe".

Eu estava surpresa de ver que Carlisle pretendia ir com Edward. Eu me dei conta, com uma pontada de medo, que eles haviam planejado a festa da caçada.

"Alice", Carlisle perguntou. "Eles vão morder a isca?"

Todo mundo olhou pra Alice quando ela fechou os olhos e ficou incrivelmente rígida.

Finalmente ela abriu os olhos. "Ele vai seguir vocês. A mulher vai seguir a caminhonete. Nós seremos capazes de partir depois disso". A voz dela era resoluta.

"Vamos lá", Carlisle começou a andar em direção á cozinha.

Mas Edward foi para o meu lado na hora. Ele me agarrou com o seu aperto de aço, me puxando contra ele. Ele pareceu não se dar de que a família dele estava olhando quando ele puxou meu rosto ao encontro do seu, fazendo meus pés saírem do chão. Pelo mais breve segundo, seus lábio estavam gelados e duros contra os meus. Então acabou. Ele me colocou no chão, ainda segurando meu rosto, seus olhos gloriosos queimando nos meus.

Seus olhos ficaram vazios, curiosamente mortos quando ele se virou me dando as costas.

E eles foram embora.

Nós ficamos lá, os outros olhando em outras direções enquanto lágrimas silenciosas rolavam pelo meu rosto.

O momento de silêncio permaneceu, e então o telefone de Esme vibrou na mão dela. Ele voou para o seu ouvido.

"Agora", ela disse. Rosalie foi saindo pela porta sem outro olhar em minha direção,mas Esme tocou minha bochecha enquanto passava por mim.

"Fique segura". O sussurro dela continuou no ar enquanto elas saiam pela porta. Eu ouvi minha caminhonete começar a funcionar ruidosamente, e então ir embora.

Jasper e Alice esperaram. O telefone de Alice já parecia estar em sua ouvido antes mesmo de vibrar.

"Edward disse que a mulher está na cola de Esme. Eu vou pegar o carro". Ela sumiu por dentro das sombras por onde Edward havia saído.

Jasper e eu olhamos um para o outro. Ele ficou na entrada longe de mim... sendo cuidadoso.
"Você está errada, sabe". Ele disse baixinho.
"O que?", eu me engasguei.
"Eu posso sentir como você se sente no momento - e você vale a pena".
"Não valho não", eu murmurei. "Se algo acontecer á eles, terá sido por nada".
"Você está errada", ele repetiu, sorrindo carinhosamente pra mim.
Eu não ouvi nada, mas do nada Alice entrou na sala pela porta da frente com os braços abertos pra mim.
"Posso?", ela perguntou.
"Você é a primeira a pedir permissão", eu dei um sorriso torto.
Ela me levantou nos seus braços esguios tão facilmente quanto Emmett, se curvando protetoramente sobre mim, e então nós voamos pela porta, deixando as luzes brilhantes pra trás.

 

20. Impaciência

Quando eu acordei eu estava confusa. Meus pensamentos estavam nebulosos, ainda confusos com sonhos e pesadelos; demorou mais tempo do que devia até que eu lembrasse de onde eu estava.
Esse quarto era insípido demais pra pertencer á outro lugar que não um hotel. Os abajures de cabeceira, aparafusados ás mesas, eram uma pista muito clara, assim como as longas cortinas que combinavam com os forros de cama, e as paredes cobertas com uma tinta genérica aguada.
Eu tentei lembrar de como havia chegado aqui, mas primeiro não me veio nada.
Eu lembrava do carro preto brilhante, os vidros das janelas eram mais escuros do que os de uma limusine. O motor era quase silencioso, apesar de estarmos correndo na pista escura com o dobro da velocidade permitida por lei.
E eu me lembrava de Alice estar sentada á meu lado no banco de couro preto. De alguma forma, ao longo da noite minha cabeça acabou descansando no seu pescoço de granito. Minha aproximação não pareceu incomodá-la nem um pouco, e a sua pele fria, dura, era estranhamente reconfortante para mim. A frente da sua leve camisa de algodão estava fria, encharcada com as lágrimas que jorravam dos meus olhos, até que eles, vermelhos e doloridos, ficaram secos.
O sono já havia desaparecido; meus olhos doloridos continuaram abertos apesar de a noite já ter finalmente acabado e de o sol já ter aparecido em algum pico na Califórnia. A luz cinza fraca, aparecendo no céu sem nuvens, machucou meus olhos. Mas eu não conseguia fechá-los; quando eu fechava, as imagens que apareciam vividas demais, como slides atrás das minhas pálpebras eram insuportáveis. A expressão devastada de Charlie - o rosno gutural de Edward, com os dentes á amostra - o olhar ressentido de Rosalie - o estudo nos olhos do perseguidor - os olhos mortos de Edward quando ele me beijou pela última vez... eu não agüentava vê-los. Então eu lutei contra o meu cansaço enquanto o sol aparecia mais alto no céu.

Eu ainda estava acordada quando passamos por uma pequena montanha através do sol, que agora estava atrás de nós, refletido nos telhados do Vale do Sol. Eu não tinha emoções suficientes sobrando para ficar surpresa por termos feito uma viagem de três dias em um. Eu olhei sem inexpressivamente para a expansão na minha frente. Phoenix- as palmeiras, o creosoto inferior, as faixas de pedestres na horizontal no meio da rua, os campos de golfe enfileirados e os splashes de azul turquesa nas piscinas, todos submergiam numa leve névoa baixa, serras de pedra que não eram grandes o suficiente para serem chamadas de montanhas. As sombras das palmeiras se inclinavam sobre a rodovia - definidas, mais pontudas do que eu lembrava, mais pálidas do que elas deviam ser. Nada podia se esconder nessas sombras. A estrada clara, aberta, parecia benigna o suficiente. Mas eu não me sentia aliviada, não me sentia nem um pouco bem vinda ao lar.

"Qual é o caminho para o aeroporto, Bella?", Jasper perguntou, e eu vacilei, apresar da sua voz ser suave e sem alarmes. Esse foi o primeiro som, além do barulho do carro, a quebrar o longo silêncio da noite.

"Fique na 1-10", eu respondi automaticamente. "Nós vamos passar bem na frente".

Meu cérebro trabalhava muito devagar pela névoa da falta do sono.

"Nós vamos para algum lugar de avião?", eu perguntei á Alice.

"Não, mas é melhor ficar por perto, na dúvida".

Eu me lembro do início da curva ao redor do Sky Harbor Internacional... mas não lembro do final dela. Eu acho que foi aí que eu cai no sono.

Contudo, agora que eu tento me lembrar, eu tenho uma vaga impressão de ter saído do carro - o sol estava se pondo no horizonte - meu braço caiu sobre o ombro de Alice e ela firmou seu braço na minha cintura, me carregando enquanto eu tropeçava nas sombras mornas, secas.

Eu não me lembrava desse quarto.

Eu olhei para o relógio digital na cabeceira da cama. Os números vermelhos diziam que eram três horas, mas eles não indicavam se era de noite ou de dia. Nem um pouco de luz escapava pela cortina fina, mas o quarto estava claro por causa da luz do abajur.

Eu me levantei rigidamente e me arrastei até a janela, puxando as cortinas.

Estava escuro lá fora. Três da manhã então.meu quarto ficava de frente para um lado deserto da estrada e para o novo estacionamento do aeroporto. Era levemente confortante poder distinguir tempo e espaço.

Eu olhei para mim mesma. Eu ainda estava usando as roupas de Esme, e elas não me caiam nem um pouco bem. Eu olhei ao redor para o quarto, feliz por encontrar a minha bolsa de viagem numa penteadeira baixa. Eu estava indo pegar as minhas roupas quando uma batidinha de leve na porta me fez pular.

"Posso entrar?", Alice perguntou.

Eu respirei fundo. "Claro".

Ela entrou e olhou pra mim cuidadosamente. "Parece que você poderia dormir um pouco mais", ela disse.

Eu só balancei a cabeça.

Ela se moveu até as cortinas e fechou elas seguramente antes de se virar pra mim.

"Vamos precisar ficar aqui dentro", ela disse pra mim.

"Tudo bem", minha voz estava rouca; ela estalou.

"Sede?", ela perguntou.

Eu levantei os ombros. "Eu estou bem. E você?"

"Nada que não possa ser arranjado", ela sorriu. "Eu pedi comida pra você, está na sala da frente. Edward me lembrou de que você tem que comer mais frequentemente que nós".

Eu fiquei mais alerta instantaneamente. " Ele ligou?"

"Não", ela falou, e observou meu rosto cair. "Isso foi antes de irmos embora".

Ela pegou minha mão cuidadosamente e me levou até a sala de estar da suíte do hotel. Eu podia ouvir leves ruídos de vozes vindos da televisão. Jasper estava sentado no canto da mesa, seus olhos assistiam as notícias sem nenhuma ponta de interesse.

Eu sentei no chão perto da mesa de café, onde a badeja de comida estava esperando, e comecei a pegar as coisas sem me dar conta do que estava comendo.

Alice se sentou no braço do sofá e começou a olhar para a TV de um jeito vazio que nem Jasper.

Eu comi devagar, olhando pra ela, me virando de vez em quando pra olhar rapidamente pra Jasper. Eu comecei a perceber que eles estavam rígidos demais. Eles nunca tiravam os olhos da tela, apesar de os comerciais já terem começado agora. Eu empurrei a bandeja para o lado, meu estômago estava abruptamente inquieto. Alice olhou pra mim.

"Qual é problema, Alice?", eu perguntei.

"Não há nada errado". Seus olhos eram grandes e honestos... e eu não acreditava neles.

"O que nós fazemos agora?"

"Nós esperamos Carlisle ligar".

"E ele já devia ter ligado?". Eu podia ver que estava chegando perto. Seus olhos flutuaram para o telefone em cima da sua bolsa preta de couro e de volta pra mim.

"O que isso significa?". Minha voz termia e eu lutei para controlá-la. "Que ele não ligou ainda?"

"Isso só significa que eles ainda não têm nada para nos dizer".

Mas a voz dela estava uniforme demais, e o ar ficou mais difícil de respirar.

Jasper estava de repente ao lado de Alice, mais perto de mim do que o normal.

"Bella", ele disse numa voz suspeitosamente confortante. "Você não tem nada com o que se preocupar. Você está completamente segura aqui".

"Eu sei disso".

"Então porque você está assustada?", ele perguntou confuso. Ele deve ter sentido a tenacidade das minhas emoções, mas ele não conseguia ler as razões por trás delas.

"Você ouviu o que Laurent disse", minha voz era só um sussurro, mas eu tinha certeza de que eles conseguia me ouvir. "Ele disse que James era letal.

E se alguma coisa der errado, e eles se separarem? E se alguma coisa acontecer com algum deles, Carlisle, Emmett... Edward...", eu engoli seco. "E se a fêmea machucar Esme...", minha voz havia ficado mais alta, uma ponta de histeria estava começando a aparecer nela. "Como eu poderia viver comigo mesma sabendo que é minha culpa? Nenhum de vocês devia estar se arriscando por mim- "

"Bella, Bella, pare", ele me interrompeu, as palavras dele vertiam tão rapidamente que era difícil compreendê-las. "Você está se preocupando com as coisas erradas, Bella. Confie em mim - nenhum de nós corre risco. Você já tem coisas de mais com as quais se estressar; não adicione isso tudo á preocupações desnecessárias. Me ouça!", ele ordenou quando eu desviei o olhar. "Nossa família é forte. Nosso único medo é perder você".

"Mas porque vocês deveriam -"

Dessa vez foi Alice que interrompeu , tocando minha bochecha com seus dedos frios. "Já faz um século que Edward está sozinho. Agora ele encontrou você. Você não consegue ver as diferenças que nós vemos, nós que temos estado com ele há tanto tempo. Você acha que algum de nós vai querer olhar nos olhos dele pelos próximos cem anos se ele perder você?"

Minha sensação de culpa foi diminuindo enquanto eu olhava para os seus olhos escuros. Mas mesmo com a calma se espalhando pelo meu corpo, eu não conseguia confiar nos meus sentimentos com Jasper lá.

Foi um dia muito longo.

Nós ficamos no quarto. Alice ligou para a recepção e pediu que cancelassem o nosso serviço de camareiras por enquanto. As janelas continuaram fechadas e a TV ligada, apesar de ninguém estar assistindo. O telefone prateado em cima da bolsa de Alice parecia ficar maior enquanto as horas passavam.

Minhas babás conseguiam agüentar o suspense melhor que eu. Enquanto eu me preocupava e andava pra lá e pra cá, eles só ficavam cada vez mais imóveis, aquelas duas estátuas cujos olhos me seguiam imperceptivelmente enquanto eu me movia. Eu me ocupei em memorizar o quarto; as listras padronizadas do sofá, bronze, pêssego, creme, dourado escuro, e então bronze de novo. As vezes eu olhava para as pinturas abstratas, ocasionalmente achando desenhos nas formas, como eu encontrava os desenhos nas nuvens quando eu era criança. Eu encontrei uma mão azul, uma mulher penteando o cabelo, um gato se estirando. Mas quando o círculo vermelho se transformou num olho me encarando, eu desviei o olhar.

Enquanto a tarde passava, eu voltei para a cama, simplesmente pra ter algo pra fazer. Eu esperava que estando sozinha no quarto, eu poderia me entregar aos terríveis medos que pairavam na minha consciência, impossibilitados de se libertarem por causa da supervisão cuidadosa de Jasper.

Mas Alice me seguiu casualmente, como se por coincidência ela tivesse se cansado da sala ao mesmo tempo que eu. Eu estava começando a imaginar exatamente que tipo de instruções Edward havia dado á ela. Eu me estirei na cama, e ela sentou, com as pernas cruzadas, perto de mim. No início eu ignorei ela, repentinamente cansada o suficiente para dormir. Mas depois de alguns minutos, o pânico que estava se escondendo na presença de Jasper começou a aparecer. Nessa hora eu desisti da idéia de dormir rapidamente, me curvando numa pequena bola, abraçando minhas pernas com os braços.

"Alice?", eu perguntei.

"Sim?"

Eu mantive minha voz muito calma. "O que você acha que eles estão fazendo?"

"Carlisle pretendia levar o perseguidor tão longe para o Norte quanto fosse possível, esperar que ele se aproximasse, e então encurralar ele. Esme e Rosalie deviam ir para o oeste enquanto a fêmea ainda estivesse atrás delas. Se ela fosse embora, elas deveriam voltar pra Forks pra tomar conta do seu pai. Então eu imagino que se eles não podem ligar eles estão indo bem. Significa que o perseguidor está muito perto e eles não querem que ele os ouça".

"E Esme?"

"Eu acho que ela já deve ter voltado pra Forks. Ela não vai ligar se houver alguma chance de que a fêmea ouça. Eu espero que eles todos estejam apenas sendo cuidadosos".

"Você acha que eles estão a salvo, mesmo?"

"Bella, quantas vezes teremos que te dizer que não há perigo pra nós?"

"Contudo, você me contaria a verdade?"

"Sim. Eu sempre vou te contar a verdade". A voz dela era intensa.

Eu pensei por um momento, e decidi que ela estava sendo sincera.

"Então me diga... como é que você se tornou uma vampira?"

Minha pergunta pegou ela fora de guarda. Ela ficou quieta. Eu me virei pra olhar pra ela, e a expressão dela parecia ambivalente.

"Edward não quer que eu te diga", ela disse firmemente, mas eu senti que ela não concordava com isso.

"Isso não é justo. Eu acho que tenho o direito de saber".

"Eu sei".

Eu olhei pra ela esperando.

Ela suspirou. "Ele vai ficar extremamente zangado".

"Isso não é da conta dele. Isso é entre eu e você. Alice, como amiga, eu estou te implorando". E nós éramos amigas agora, de alguma forma - e ela já devia saber que seria assim desde o início.

Ela olhou pra mim com seus olhos esplêndidos, inteligentes... escolhendo.

"Eu vou te contar o lado mecânico da coisa", ela disse finalmente. "mas nem eu mesma me lembro do que aconteceu, e eu nunca fiz isso ou vi sendo feito, então fique consciente de que só posso te contar o que eu sei na teoria".

Eu esperei.

"Como predadores, nós temos um excesso de armas em nosso arsenal físico - muito, muito mais do que aquilo que realmente necessitamos. A força, a velocidade, os sentidos aguçados, sem mencionar aqueles como Edward, Jasper e eu, que temos sentidos extras também. E então, como uma flor carnívora, nós somos atraentes para a nossa presa".

Eu estava muito rígida, me lembrando do quão sugestivamente Edward havia me explicado esse mesmo conceito na clareira.

Ela sorriu um sorriso largo, nefasto. "Nós temos outra arma um tanto quanto supérflua. Nós também somos venenosos", ela disse, seus dentes brilhando. "O veneno não mata - é meramente incapacitante. Ele se espalha lentamente, se espalhando na corrente sanguínea, pra que, uma vez mordida, a presa sente dor física demais para escapar. Um tanto quanto supérfluo, como eu disse. Se nós estivermos tão perto, a presa não vai escapar. É claro que sempre existem exceções. Carlisle, por exemplo".

"Então... o veneno é deixado lá pra se espalhar...", eu murmurei.

"Levam alguns dias para a transformação estar completa, dependendo de quanto veneno há na corrente sanguínea, de quão devagar o veneno entra no coração. Enquanto o coração continua batendo, o veneno se espalha, curando, mudando o corpo enquanto passa por ele. Eventualmente o coração para, e a conversão chega ao fim. Mas durante todo o tempo, durante cada minuto, a vítima estará desejando estar morta".

Eu tremi.

"Não é muito prazeroso, você vê".

"Edward disse que era uma coisa muito difícil de fazer...eu não entendi muito bem".

"Nós também somos como tubarões, de certa forma. Quando nós experimentamos o sangue, ou mesmo se tivermos apenas sentido o cheiro dele, se torna muito difícil não se alimentar dele. As vezes é impossível. Então veja, morder alguém de verdade, experimentar do sangue, isso começaria o frenesi. É difícil para os dois lados - a luxúria pelo sangue de uma lado, a dor horrível do outro."

"Porque você acha que não lembra?"

"Eu não sei. Pra todos os outros, a dor da transformação é a memória mais forte da vida humana. Eu não me lembro de como é ser humana".

Sua voz estava severa.

Nós ficamos em silêncio, cada uma envolvida em seus próprios pensamentos.

Os segundos se passaram, e eu quase esqueci da presença dela, de tão envolvida que estava nos meus pensamentos.

Então, sem aviso, Alice saltou da cama, pousando levemente nos seus pés. Minha cabeça deu um pulo e eu encarei ela, alarmada.

"Algo mudou". A voz dela estava alarmada, e ela não estava mais falando comigo.

Ela alcançou a porta ao mesmo tempo que Jasper. Ele obviamente estava ouvindo a nossa conversa e ouviu a exclamação súbita. Ele colocou as mãos nos ombros dela e a guiou de volta para a cama, sentando ela na beirada.

"O que você vê?", ele perguntou atentamente, olhando dentro dos olhos dela. Os olhos estavam focados em alguma coisa que estava muito longe. Eu sentei perto dela, me inclinando para entender sua voz rápida e baixa.

"Eu vejo um quarto. É longo, e tem espelhos me todo lugar. O chão é de madeira. Ele está nesse quarto, e ele está esperando. Há dourado... uma faixa dourada por entre os espelhos".

"Onde é o quarto?"

"Eu não sei. Está faltando alguma coisa - outra decisão que ainda não foi tomada".

"Quanto tempo?"

"Em breve. Ele estará na sala dos espelhos hoje, ou talvez amanhã. Isso depende. Ele está esperando por alguma coisa. E ele está no escuro agora".

A voz de Jasper estava calma, metódica, enquanto ele interrogava ela cheio de prática.

"O que ele está fazendo?"

"Ele está assistindo Tv... não, ele está passando uma fita de vídeo, no escuro, em outro lugar".

"Você consegue ver onde é?"

"Não, é escuro demais".

"Eu não sei. Pra todos os outros, a dor da transformação é a memória mais forte da vida humana. Eu não me lembro de como é ser humana".

Sua voz estava severa.

Nós ficamos em silêncio, cada uma envolvida em seus próprios pensamentos.

Os segundos se passaram, e eu quase esqueci da presença dela, de tão envolvida que estava nos meus pensamentos.

Então, sem aviso, Alice saltou da cama, pousando levemente nos seus pés. Minha cabeça deu um pulo e eu encarei ela, alarmada.

"Algo mudou". A voz dela estava alarmada, e ela não estava mais falando comigo.

Ela alcançou a porta ao mesmo tempo que Jasper. Ele obviamente estava ouvindo a nossa conversa e ouviu a exclamação súbita. Ele colocou as mãos nos ombros dela e a guiou de volta para a cama, sentando ela na beirada.

"O que você vê?", ele perguntou atentamente, olhando dentro dos olhos dela. Os olhos estavam focados em alguma coisa que estava muito longe. Eu sentei perto dela, me inclinando para entender sua voz rápida e baixa.

"Eu vejo um quarto. É longo, e tem espelhos me todo lugar. O chão é de madeira. Ele está nesse quarto, e ele está esperando. Há dourado... uma faixa dourada por entre os espelhos".

"Onde é o quarto?"

"Eu não sei. Está faltando alguma coisa - outra decisão que ainda não foi tomada".

"Quanto tempo?"

"Em breve. Ele estará na sala dos espelhos hoje, ou talvez amanhã. Isso depende. Ele está esperando por alguma coisa. E ele está no escuro agora".

A voz de Jasper estava calma, metódica, enquanto ele interrogava ela cheio de prática.

"O que ele está fazendo?"

"Ele está assistindo Tv... não, ele está passando uma fita de vídeo, no escuro, em outro lugar".

"Você consegue ver onde é?"

"Não, é escuro demais".

"E o quarto dos espelhos, o que mais há lá?"

"Só os espelhos, e o dourado. É uma faixa, ao redor da sala. E há uma mesa preta com um grande som e uma TV. Ele está tocando um videocassete lá, mas ele não está assistindo como faz na sala escura. Nessa sala ele só espera". Os olhos dela vaguearam, e então se focaram no rosto de Jasper.

"Não há mais nada?"

Ela balançou a cabeça. Eles olharam um para o outro, imóveis.

"O que isso significa?", eu perguntei.

Nenhum deles respondeu por um momento, e então Jasper olhou pra mim.

"Significa que os planos do perseguidor mudaram. Ele tomou uma decisão que vaio guiá-lo ao quarto dos espelhos, e ao quarto escuro".

"Mas nós não sabemos onde esses quartos são?"

"Não".

"Mas nós sabemos que ele não estará nas montanhas á Norte de Washington, sendo caçado. Ele vai enganá-los". A voz de Alice estava vazia.

"Devemos ligar?", eu perguntei. Eles trocaram um olhar sério, indecisos.

E então o telefone tocou.

Alice já estava do outro lado da sala antes que eu pudesse levantar minha cabeça pra olhar.

Ela apertou um botão e colocou o telefone no ouvido dela, mas ela não foi a primeira a falar.

"Carlisle", ela respirou. Ela não pareceu surpresa ou aliviada, como eu estava.

"Sim", ela disse, olhando pra mim. Ela escutou por um momento.

"Eu acabei de vê-lo", ela descreveu de novo a visão que tinha acabado de ter. "O que quer que tenha colocado ele naquele avião... está levando ele para aquelas salas". Ela parou. "Sim", Alice disse para o telefone, e então falou comigo. "Bella?"

Ela segurou o telefone na minha direção. Eu corri pra ele.

"Alô", eu respirei.

"Bella", Edward disse.

"Oh, Edward! Eu estava tão preocupada".

"Bella", ele suspirou frustrado. "Eu te disse pra não se preocupar com nada a não ser você mesma". Era tão incrivelmente bom poder ouvir a voz dele. Eu senti a nuvem de desespero enfraquecer e ir embora enquanto ele falava.

"Onde vocês estão?"

"Nós estamos em Vancouver. Bella, me desculpe - nós o perdemos. Ele parece estar suspeitando de nós - ele está sendo cuidadoso o suficiente pra não ficar a uma distância que possamos ouvir os pensamentos dele. Mas agora ele foi embora - parece que ele entrou num avião. Nós achamos que ele voltou pra Forks pra recomeçar tudo". Eu podia ouvir Alice conversando com Jasper atrás de mim, as palavras rápidas dela saíam acompanhadas de um zumbido.

"Eu sei. Alice disse que ele havia escapado".

"Contudo, você não precisa se preocupar. Ele não encontrará nada que o leve a você. Você só tem que esperar aí até que nós o encontremos de novo".

"Eu vou ficar bem. Esme está com Charlie?"

"Sim- a fêmea esteve na cidade. Ela esteve na casa, mas só enquanto Charlie estava no trabalho. Ela não se aproximou dele, então não tenha medo. Ele está a salvo com Esme e Rosalie tomando conta".

"O que ela está fazendo?"

"Possivelmente tentando encontrar uma pista. Ela vasculhou a cidade inteira durante a noite. Rosalie encontrou ela no aeroporto, em todas as estradas ao redor, na escola... ela está vasculhando, Bella, mas não há nada para encontrar".

"E você tem certeza que Charlie está a salvo?"

"Sim, Esme não vai perder ele de vista. E nós estaremos lá em breve. Se o perseguidor chegar perto de Forks, nós pegamos ele".

"Eu sinto sua falta", eu sussurrei.

"Eu sei, Bella. Acredite em mim, eu sei. É como se você tivesse levado metade de mim com você".

"Então, venha pegá-la", eu desafiei.

"Breve, assim que eu puder. Mas eu vou te deixar a salvo primeiro". A voz dele estava dura.

"Eu te amo", eu lembrei ele.

"Será que você poderia acreditar que, a despeito de tudo em que eu te envolvi, eu te amo também?"

"Sim, na verdade, eu posso".

"Eu vou te buscar logo".

"Eu estarei esperando".

Assim que o telefone ficou mudo, a nuvem de depressão começou a pairar sobre mim de novo.

Eu me virei pra entregar o celular pra Alice, e encontrei Jasper inclinado sobre a mesa, onde Alice estava fazendo desenhos num papel com o emblema do hotel. Eu me inclinei no sofá, olhando por cima dos ombros dela.

Ela desenhou uma sala: longa, retangular, com uma sessão quadrada, mais fina lá no final.

As placas de madeira estavam expostas na longitudinal em todo o chão da sala. Nas paredes, as linhas denotavam o espaço de um espelho para o outro. E então, atravessando os espelhos, acima da altura cintura, uma longa faixa. A faixa que Alice dizia ser dourada.

"É um estúdio de Balé", eu disse, repentinamente reconhecendo as formas familiares.

Eles olharam pra mim, surpresos.

"Você conhece essa sala?". A voz de Jasper parecia calma, mas havia algo por baixo dela que eu não podia identificar. Alice abaixou a cabeça para o seu trabalho, agora sua mão voava sobre o papel, o formato da saída de emergência no fundo da sala, o som e a TV numa mesa baixa que ficava no canto da frente da sala.

"Parece com um lugar que eu costumava freqüentar para ter aulas de dança - quando eu tinha oito ou nove anos. O formato é o mesmo".

Eu toquei o papel no local onde a parte quadrada aparecia, estreitando a parte de trás da sala. "É aqui que eram os banheiros - as portas passavam pela outra sala de dança. Mas o som ficava aqui" - eu apontei o canto esquerdo - "Era mais velho e não havia uma TV. Havia uma janela na sala de espera - você podia ver a sala nessa posição se você olhasse por ela".

Alice e Jasper estavam olhando pra mim.

"Você tem certeza de que é a mesma sala?" Jasper perguntou, ainda calmo.

"Não, nem um pouco - eu creio que todos os estúdios de dança sejam parecidos - os espelhos, as barras". Eu tracei as barras nos espelhos com o dedo.

"É só que o formato me pareceu familiar". Eu toquei a porta, que ficava exatamente no lugar onde eu lembrava.

"Você teria algum motivo pra ir lá agora?" Alice perguntou, me tirando do devaneio.

"Não, fazem quase dez anos que eu não vou lá. Eu era uma dançarina horrível - eles sempre me colocavam no fundo dos recitais", eu admiti.

"Então não tem jeito disso estar ligado á você?", Alice perguntou atentamente.

"Não, eu nem acho que o dono seja o mesmo. Eu estou certa de que é algum outro estúdio de dança, em outro lugar".

"Onde era o estúdio que você freqüentava?", Jasper perguntou numa voz casual.

"Era na esquina da casa da minha mãe. Eu costumava ir andando pra lá depois da escola...", eu disse, minha voz fugindo. Eu não perdi o olhar que eles trocaram.

"Aqui em Phoenix, então?", a voz dele ainda estava casual.

"Sim", eu sussurrei. "Rua cinqüenta e oito com Cactus".

Nós todos sentamos em silêncio, olhando para o desenho.

"Alice, o telefone é seguro?"

"Sim", ela me assegurou. "O número vai ser localizado em Washigton".

"Então eu posso usá-lo para ligar para a minha mãe".

"Eu pensei que ela estivesse na Flórida".

"Ela está - mas ela vai voltar pra casa em breve, e ela não pode voltar pra casa enquanto..." Minha voz tremeu. Eu estava pensando no que Edward havia dito, sobre a fêmea ter estado na casa de Charlie, na escola, onde meus documentos estariam.

"Como é que você vai encontrá-la?"

"Eles não têm números permanentes exceto em casa - ela tem que checar as mensagens regularmente".

"Jasper?", Alice perguntou.

Ele pensou. "Eu acho que não pode fazer mal nenhum - mas tome o cuidado de não dizer onde está, é claro".

Eu peguei o telefone ansiosamente e disquei o número familiar. Ele tocou quatro vezes, e então eu ouvi a voz a voz suave da minha mãe me dizendo pra deixar uma mensagem.

"Mãe", eu falei depois do bipe. "sou eu. Escute, eu preciso que você faça uma coisa. É importante. Assim que você escutar essa mensagem, me ligue neste número". Alice já estava a meu lado, escrevendo o número pra mim em cima do desenho dela. Eu o li cuidadosamente, duas vezes. "Por favor, não vá a lugar nenhum antes que eu tenha falado com você. Não se preocupe, eu estou bem, mas eu preciso falar com você imediatamente, não importa a hora que você receber esta ligação, está bem? Eu te amo, mãe, tchau". Eu fechei meus olhos e rezei com todas as minhas forças pra que ela recebesse a mensagem antes de ir pra casa.

Eu sentei no sofá, batucando no prato que continha as frutas, antecipando a longa noite.

Eu pensei em ligar pra Charlie, mas eu não sabia se ele estaria em casa agora ou não. Eu me concentrei no jornal, assistindo histórias sobre a Flórida ou sobre o treinamento de Primavera - greves, ou furacões ou algum ataque terrorista - qualquer coisa que pudesse fazer eles voltarem mais cedo pra casa.

Imortalidade deve garantir paciência infinita. Nem Jasper nem Alice pareciam sentir a necessidade de alguma coisa pra fazer. Por algum tempo, Alice desenhou os traços da sala escura que ela havia visto, tudo o que ela podia ver pela leve luz da TV. Mas quando ela terminou, ela simplesmente ficou olhando para o vazio das paredes, com seus olhos eternos. Jasper, também, parecia não ter nenhuma necessidade de se mover, ou de dar uma olhadinha pelas cortinas, eu sair correndo pela porta, como eu queria.

Eu devo ter pego no sono no sofá, esperando o telefone tocar de novo. O toque frio de Alice me acordou brevemente enquanto ela me carregava para a cama, mas eu já estava inconsciente antes de encostar no travesseiro.

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